Adoção de filhotes: confira os principais cuidados que se deve ter

02/03/2022
Fonte: Vida de bicho

Fonte: Vida de bicho

Além da cruza e gestação de uma fêmea adulta, um tutor pode dar boas-vindas a um filhote em casa por meio da adoção. Diferente de quando o pet nasce em um ambiente seguro e amoroso, com animais resgatados da rua é preciso ter muito cuidado e paciência.

Isso porque o tutor e mesmo os abrigos e ONGs de adoção desconhecem o histórico daquele bicho, cujo período abandonado pode ter sido muito hostil. De acordo com a médica-veterinária Eliana de Farias, especialista em neonatologia, a maioria dos animais resgatados já sofreu, apanhou ou foi amedrontado.

– Nesses casos, observamos reações de medo ou agressividade frente a movimentos bruscos, gritos e vozes altas. Além disso, a fome e a escassez de abrigo podem deixar os animais agressivos com seu pote de comida ou com a caminha. Todos estes traumas devem ser tratados com seriedade e ter o acompanhamento de um médico-veterinário comportamentalista – explica.

 

É preciso refletir antes de adotar

Paula Belleza é voluntária na ONG Vira-Lata é Dez desde 2019 e já viu muitos animais serem adotados. Segundo ela, os filhotes são geralmente menos traumatizados que adultos, já que estes podem ter vivenciado mais tempo nas ruas.

– Mesmo assim, alguns traumas podem acontecer. Alguns apanharam e vivem com medo do objeto ou de pessoas semelhantes a quem o agrediu. Outros têm medo da água, porque ficaram expostos à chuva. São diversas as situações. O importante é que, como eles ainda são pequenos, é possível acabar com esses traumas através de adestramento e amor – diz.

Portanto, o leitor que deseja adotar um filhote deve antes refletir sobre o que esta nova relação implicaria, pois a adaptação do animal em casa pode demandar muita atenção e paciência. Pesquise sobre o bicho que vai chegar, planeje os gastos com alimentação, vacina, castração, hotéis ou pet sitter, suporte médico, pet shops, etc. Ademais, considere que a situação é nova tanto para o tutor quanto para o bicho e ele pode estranhar tudo no começo.

– Nem sempre as pessoas estão dispostas a respeitar o limite de um animal traumatizado ou não estão dispostas a lidar com todas as peripécias e com a sujeira de um filhote. Se conversassem mais com um veterinário antes de concretizar a compra ou a adoção para entender o que devem esperar e como devem se preparar, teríamos mais casos de sucesso e menos abandonos ou devoluções – defende a Dra. Eliana.

O ideal é que os futuros tutores conversem também com os organizadores da ONG ou abrigo para explicar o seu contexto de vida, rotina e expectativa quanto ao animal. Além disso, é muito importante comentar com a equipe caso haja outros bichos presentes na casa.

– Assim, conseguimos pensar em animais com mais chances de adaptação à sua realidade. Você também pode fazer um pré-encontro do animal que já possui e o seu futuro pet para eles se conhecerem, de preferência em um ambiente aberto, onde nenhum tenha dominância. Chegando em casa, é indicado que a aproximação aconteça aos poucos, sem forçar. Caso sinta necessidade, um adestrador poderá dar dicas para essa fase – diz Paula.



 

Adotei um filhote. E agora?

Além do adestramento sugerido pela voluntária, é importante que o bicho passe por uma consulta médica para encontrar possíveis problemas de saúde não identificados anteriormente.

– Normalmente, eles precisam de um bom banho, vermífugos e alimento. Assim que possível, o animal deve ser avaliado por um médico veterinário-para exames e prescrição de cuidados extras. Caso o animal já demonstre alguma doença ou tenha algum ferimento, é necessário levá-lo imediatamente ao especialista – indica a Dra. Eliana.

Ela explica ainda que a vacinação nunca deve ocorrer no primeiro momento. É preciso garantir que o animal não tenha nenhuma doença latente antes da vacina. Caso o animal apresente uma enfermidade “adormecida” e seja vacinado no momento errado, poderá desenvolver sinais mais graves.

O fundador do abrigo Casa do Vira-Lata, Gabriel Chaves, defende que é importante realizar uma bateria de exames assim que o bicho for adotado.

– Nas ruas, ele foi negligenciado e, na ONG, ficou pouco tempo. Então é bacana fazer hemogramas, exames de sangue e também se atentar se há algum carocinho no corpo dele, sempre tocar e apertar todas as partes do bichinho para conhecê-lo bem. Caso perceba qualquer coisa diferente, corra para um veterinário de confiança para uma consulta – diz.

 

Comportamentos

O filhote adotado pode demorar meses para se adaptar completamente à nova casa e à rotina. É tudo muito novo e ele levará um tempo até mostrar como se comporta e como constrói relações com pessoas, objetos e situações.

– Existem animais, principalmente adultos, que podem ser mais territorialistas, o que os leva a ter reações agressivas em relação a comida ou novo tutor. Já os filhotes vão demandar muita atenção de toda a família – afirma Paula.

Para Gabriel, qualquer adaptação é difícil.

– Por mais que o animal tenha um perfil de estar à vontade, nos primeiros dias ele fica mais acanhado. Gatos têm uma adaptação mais demorada, então adotantes de felinos precisam ter mais paciência e compreensão – diz. – Pode ser que o animal não queira fazer as necessidades dentro de casa, apenas fora ou em lugares errados, por exemplo. No abrigo, os bichos disputam atenção com outros animais, e, por isso, ao ser adotado e chegar em casa, ele pode ficar entediado ou se sentir abandonado quando sozinho. Ele pode roer ou estragar algum móvel ou objeto, chamando atenção porque ficou só – explica Gabriel.

Uma dica dada por Gabriel para estes casos é fazer testes. Se o tutor tem costume de sair de casa para trabalhar, por exemplo, vale sair um dia e esperar no corredor do apartamento, observando se o animal faz algum barulho estranho.

– Depois, entre em casa como se nada tivesse acontecido para o pet entender que você sai, mas volta. É melhor agir assim do que precisar sair e, quando chegar em casa, ter alguma surpresa, como vaso quebrado, planta destruída, móvel comido, sofá rasgado etc. – diz.

 

Convívio com outros animais

No caso de ambientes em que já existam outros animais, a Dra. Eliana indica fazer uma apresentação gradual entre eles, mantendo uma área de segurança para evitar brigas.

– Use petiscos como reforço positivo quando os animais estiverem juntos. Isso pode ajudar a tornar a adaptação mais tranquila – comenta.

A orientação por parte de veterinários comportamentalistas ou adestradores também é válida nestes casos.

– Busque ajuda assim que os primeiros problemas surgirem para que o profissional possa dar as orientações corretas e o comportamento não piore – sugere Paula.

Os coelhos podem conviver com outros animais, mas é preciso ter cuidado para evitar acidentes.

– Em geral, evite deixá-lo junto a cães sem supervisão. Outro fator importante é que o coelho pode ser portador da bactéria Bordetella bronchiseptica, inofensiva à sua saúde, mas que pode adoecer o porquinho-da-índia – explica a médica-veterinária Telma Strauss, especialista em animais silvestres.


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