Fotógrafo flagra andorinhas tomando ‘banho de chuva’ no Pantanal após período de incêndios

02/10/2019
Fonte: G1

Fonte: G1

“Acho que elas estavam precisando disso”, diz o fotógrafo da vida selvagem, André Bittar, de 27 anos. Ele falou sobre o encantamento que sentiu ao registrar 23 andorinhas tomando ‘banho de chuva’ na manhã desta quarta-feira (2), em uma pousada localizada em Miranda, no Pantanal sul-mato-grossense. 
Ao todo, foram 72 cliques até ele chegar à imagem, em que os pássaros sobrevoam e aproveitam uma cerca e no lugar ‘se deliciam’ com a chuva, a segunda após um período de estiagem e combate a incêndios na região. “Naquele momento algo mágico começou a acontecer. Parece que é um lance entre elas, uma brincadeira”, contou Bittar, que esperou 50 minutos para fazer o clique. Na ocasião, ele diz que colocou uma toalha para não molhar a máquina fotográfica e observou o momento em que várias andorinhas chegaram à pousada, algo difícil de acontecer, segundo o profissional.
Com oito anos de experiência na área, o fotógrafo conta que fica muito feliz ao presenciar uma transformação diária na natureza. “Acho que é uma foto que conta muito. Este é o meu primeiro ano com um trabalho autoral e pretendo ter um documentário registrando a vida selvagem no Pantanal, além de um livro com as minhas imagens. No caso desta fotografia, não é só estética, mas uma imagem com informação para falar desse momento difícil que o Pantanal passou, com tantos focos de incêndio. Eu também vejo as flores pela manhã e, durante a tarde, o verde é ainda mais verde”, contou.


Tamanduá e arara
Após mais de um mês de estiagem, a chuva chegou ao Pantanal no último dia 25 e acabou com muitos focos de incêndio na região de Miranda. Bittar conta ainda que chegou à pousada há uma semana. O local é vizinho da fazenda Caiman, que teve 35 mil hectares destruídos por incêndios. “É a segunda chuva que presencio aqui depois daquela secura. Na primeira, foram 40 milímetros e agora a quantidade foi o suficiente para abastecer o Pantanal inteiro, em grande escala. Hoje, por exemplo, acho que vai chover o dia inteiro. Ela [chuva] veio para aliviar a seca e é incrível de ver a abundância aqui após a chuva”, disse.
Além das 50 andorinhas do campo como são conhecidas e que possuem o nome científico Progne Tapera, o fotógrafo ainda registrou outras espécies, mostrando animais como um tamanduá e uma arara, animal que inclusive está tatuado no corpo dele e o remete a memórias afetivas, algo que o fez até ganhar o apelido de “André Canindé” dos amigos.
“O casal de arara azul que eu registrei, por exemplo. Antes eu tinha um trabalho de imersão em Campo Grande mas, neste ano, decidi viver da fotografia autoral. Quando cheguei, sempre vi esse casal de araras rondando por aqui e parando na mesma palmeira. Foram colocados alguns ninhos artificiais para reprodução deles e sentei por ali. Fiquei aguardando meia hora enquanto elas estavam paparicando, se beijando e consegui. Essa foto foi uma surpresa”, ressaltou.


36 dias sem chuva na região
A região do Pantanal sul-mato-grossense ficou cerca de 36 dias sem chuva, o que contribuiu para o aumento de focos de incêndios, segundo o meteorologista Natálio Abraão. No dia 11 de setembro, o governo de Mato Grosso do Sul decretou, por 180 dias, situação de emergência em razão do grande número de queimadas no estado, principalmente na região do Pantanal.
Na época, vários registros foram feitos de animais tentando fugir de incêndios. Um empresário de Campo Grande gravou um vídeo onde um grupo de macaquinhos foi flagrado tentando escapar das chamas às margens da BR-262, em Corumbá, região do Pantanal sul-mato-grossense. Cerca de 30 animais atravessaram a rodovia em busca de um local seguro e longe do fogo.


Focos de incêndios no Brasil
Os focos de queimadas na Amazônia caíram no mês de setembro, mas apresentaram alta em outros biomas do país: Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal. Na Caatinga, o registro é quase o mesmo em relação ao ano passado. No acumulado do ano, todos os biomas, exceto a Caatinga, registram alta no número de focos de queimadas. Os dados são do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).




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