Ezequiel e Aniele praticando Krav Magá
Praticamente toda mulher já enfrentou uma situação de violência, seja ela psicológica ou física. Ser do sexo feminino na nossa sociedade, infelizmente implica em um risco constante, oculto nas atividades simples do cotidiano. Muitas vezes, elas buscam socorro em familiares próximos ou na polícia, mas nem sempre a ajuda chega a tempo. Dessa forma, o projeto “Mulheres que lutam” visa ensinar as mulheres a serem as heroínas delas mesmas, por meio da prática de defesa pessoal.
A defesa pessoal é ensinada com a luta Krav Magá, de forma totalmente gratuita, todas as segundas-feiras, às 19h na Praça CEU, no Loteamento Picada 48, em Dois Irmãos. A aula tem duração média de uma hora e o instrutor é o policial militar Ezequiel E Silva Soares, que conhece bem a realidade e consegue passar na aula simulações de situações comuns de perigo, dando os instrumentos de técnica, resistência e de mentalidade para as mulheres se defenderem.
Além de ensinar técnicas de defesa pessoal, a aula é uma excelente atividade aeróbica e aumenta a socialização entre as participantes, criando um grupo de amizade e de apoio mútuo. Também é uma atividade sem custo para participar, pois o projeto é gratuito e as roupas que recomendam usar são as de rotina, até mesmo calças jeans. O motivo disso é porque a ideia é ensinar a defesa simulando ao máximo o dia a dia. No momento da necessidade, geralmente as mulheres não vão estar vestidas com quimono ou roupa de academia, por exemplo.
A esposa de Ezequiel, Alana Caroline da Silva Soares, também é idealizadora do “Mulheres que lutam” e acadêmica de Psicologia. Por isso, durante as aulas, ocorrem momentos terapêuticos, por meio da escuta e do enfrentamento de medos ou traumas. Outra iniciativa que pode vir a surgir em breve é o espaço kids, no qual os filhos das participantes terão uma sala com brinquedos e cuidadora, enquanto as mães estão na aula de Krav Magá.
Onde encontrar
Podem participar mulheres de Dois Irmãos e região. Para participar do grupo ou apoiar o projeto, entre em contato pelos telefones: Alana (51) 99532-1614 e Ezequiel (51) 99657-3095. Siga o projeto nas redes Facebook e Instagram: @mulheresquelutamdi.
ENTREVISTA
Em entrevista ao Jornal Dois Irmãos, Aniele Francine Riczliski e Débora Fonseca Rosa, que participam do “Mulheres que lutam”, contam sobre a experiência.
Por que você decidiu fazer Krav Magá?
Débora – Comecei por querer fazer um exercício físico. Antes tentei ir à academia, mas eu me senti mais à vontade aqui, por ser um ambiente que abraça mais a gente. Isso foi uma das coisas que me fez ficar. As pessoas, o próprio treinador, o pessoal respeita muito, não é como ir a uma academia e mexer com máquinas. Ao chegar aqui, recebo o sorriso de alguém, o cumprimento de alguém.
Você vivenciou alguma situação de violência?
Aniele – Eu passei por muitas situações e acabava ficando com memórias traumáticas bloqueadas. A memória mais recente que tive foi uma agressão. Na última aula o Ezequiel foi fazer um movimento idêntico àquilo que eu sofri. Com isso, consegui destravar completamente aquela memória e parece que girou uma chave em mim, de ver que realmente tudo o que eu estou fazendo é muito mais importante que eu imaginava.
Vocês sentiram alguma mudança depois que entraram no projeto “Mulheres que lutam”?
Aniele – Aprendi que é sobre a confiança em si mesma, da mulher afirmar que ela é forte, que ela pode se defender, que ela tem direito disso. A parte social para mim foi muito importante, foi o primeiro lugar em três anos que eu consegui começar a conviver. Também fiquei muito mais alerta nos lugares públicos. Em um ambiente fechado eu sempre analiso o lugar, as portas de saída. Fora a parte física, que melhorou muito.
Débora – Eu melhorei não só no condicionamento físico, mas também fiquei muito confiante. Sabemos que é impossível saber tudo, mas vamos estar prontas, com esse pensamento que pode acontecer e que podemos nos defender; é uma preparação mental e física para qualquer situação que possamos viver.
(Por Giordanna Benkenstein Vallejos)
