Vereadores entendem que o Kerb precisa ser repensado

08/10/2019
Festa atraiu público estimado em 145 mil pessoas, segundo a prefeitura

Festa atraiu público estimado em 145 mil pessoas, segundo a prefeitura

O Kerb de São Miguel dominou a pauta da sessão desta segunda-feira (7), na Câmara de Vereadores de Dois Irmãos. A maior festa popular da cidade atraiu um público estimado em 145 mil pessoas durante os quatro dias do evento (26 a 29 de setembro), de acordo com levantamento divulgado pela prefeitura. Na última semana, como era a quinta segunda-feira do mês, não houve sessão.
Não há como negar que o Kerb foi um sucesso de público, mas alguns pontos precisam ser melhorados e geraram reclamações de moradores e comerciantes. Principalmente nas noites de sábado e domingo, era comum ver pessoas urinando a céu aberto, junto a fachadas de residências, lojas e até na grade do Hospital São José. Joracir Filipin (PT) foi o primeiro a tocar no assunto em tribuna. “Recebi muita reclamação de que este ano o Kerb acabou se desviando um pouco da sua tradição. Muitos me disseram que não adianta ter um grande público se não tiver um público qualificado, na altura que a cidade precisa. É o momento para analisar a questão do Kerb e repensar em conjunto com a administração municipal, os vereadores, a comunidade e os grupos o que nós queremos, de fato, para a nossa cidade”, comentou.
O presidente Sérgio Fink (MDB) concordou com Filipin. “Precisamos repensar o nosso Kerb. O que se vê, ultimamente, está fugindo da tradição. Infelizmente, o que estamos vendo é uma coisa que não agrega. É muito funk – não sou contra quem gosta, mas acho que fica fora da nossa realidade; é muito sertanejo universitário... Nós precisamos reunir os grupos festivos, pois a gente entende que eles são importantes, mas não podem ser determinantes no evento. O Kerb é da cidade de Dois Irmãos, é da nossa gente, é da nossa história”, observou, sugerindo chamar o secretário de Turismo, Edson Maicá Severo, para discutir o assunto. “As pessoas estão indignadas pelo que se viu no fim de semana do Kerb. O respeito com a população daqui desapareceu. Acredito que não podemos continuar desta forma. Ou nós disciplinamos (o evento) ou realmente ele vai desandar a nossa cidade”, acrescentou Sérgio.  


Centro não é local apropriado
Paulo Fritzen (PT) contou que esteve no hospital no fim de semana do Kerb, ajudando uma família a resolver um problema de atendimento. “O nosso Kerb está fugindo da realidade do que deveria ser. É muita ‘esculhambação’, descaso e falta de respeito. Realmente temos que nos reunir com a prefeita e o vice-prefeito. Eu, particularmente, não sou a favor de fazer o Kerb no Centro. Quem está internado no hospital não aguenta. Estive lá dentro, andei em todo hospital, conversei com todo mundo, e aquela barulheira ‘bombando’ lá fora. Várias pessoas que estavam internadas se queixaram, dizendo: ‘Nós não conseguimos dormir, não conseguimos descansar, estamos ficando mais doentes aqui dentro’. Temos que analisar onde podemos fazer o Kerb e planejar muito bem, pois tem várias obras no município que não foram bem planejadas”, declarou o vereador. 
Léo Büttenbender (PSB) também entende que o Centro não é o local apropriado para a festa. “Muita gente também me procurou. É muita coisa ruim rolando no meio, não tem como evitar tudo. Em primeiro lugar, não deveria estar acontecendo no Centro. Se os grupos festivos quiserem continuar, podem. A questão é todos os visitantes se aglomerarem e tumultuarem, de certa forma, o Centro de Dois Irmãos. Se alguém tem filho e ele tiver uma convulsão, por exemplo, tem que levar ao hospital. E por onde vai passar? O Centro não é o lugar ideal para as festividades do Kerb. Para isso, é preciso pensar em outro projeto, na aquisição de uma área de terra e, aos poucos, começar a construção de um espaço para esse tipo de evento”, afirmou Léo. 


Mudança precisa ser discutida
Paulinho Gehrke (PP) relatou que, assim como seus colegas, foi procurado por dezenas de pessoas. “Temos que conversar com todos, não para terminar com a festa, mas sim para ajustar e rever algumas situações e atitudes. Com certeza, a cada ano que passa vai aumentar o número de pessoas e visitantes”, comentou. Para Paulino Renz (PDT), a prefeitura deveria distribuir caixas de som pelas avenidas São Miguel e 25 de Julho, tocando apenas música de Kerb, com o objetivo de respeitar a tradição. “Todos nós tivemos reclamações. Foi muito mal organizado este Kerb; estava mais parecido com o Rock in Rio”, disse o pedetista, referindo-se às músicas.
Elony Nyland (MDB) ponderou que não há como mudar tudo de um ano para outro. “Eu, particularmente, não recebi reclamações sobre o Kerb, mas sei que realmente ali é complicado por causa do hospital. Isso não é de hoje, já vem de 30, 40 anos, e até agora ninguém resolveu o problema. Também não é de hoje para amanhã que vão resolver. É difícil mudar de lugar de um dia para outro se não tem lugar na cidade. Temos que reunir os nove vereadores, a prefeita, vice-prefeito, secretários e os grupos para tentar achar uma solução”, declarou. 
Por fim, Joracir Filipin voltou à tribuna e sugeriu à Câmara propor o debate, chamando autoridades, grupos, igrejas e movimentos sociais. “Não é questão de ter 300 mil pessoas na cidade; temos que ter um Kerb de qualidade, que represente as famílias, que represente a integração do nosso povo”, concluiu.


(Foto: Octacílio Freitas Dias)


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