Conheça mais sobre a Usina de Reciclagem de Dois Irmãos

10/06/2021
Fábio e Roberto, da cooperativa

Fábio e Roberto, da cooperativa

Ao entrar pelos portões da Usina de Reciclagem, fui recebida calorosamente pelos cooperados que trabalhavam em um ambiente limpo e ordenado. A organização do resíduo era em pilhas por cor e tipo de material. Os cooperados tinham um fluxo de trabalho rápido e em sincronia. Os processos iam muito além de separar o material, com grandes máquinas e diversas fases para fazer o beneficiamento de plásticos para a indústria. 

Todos que tive a oportunidade de conversar demonstravam orgulho e alegria pelo trabalho que é reconhecido a nível nacional. Esse trabalho, além de proporcionar benefícios econômicos para as famílias de 38 cooperados, é um exemplo de projeto ambiental.  Em Dois Irmãos, de 1995 a 2020, foram reciclados mais de 12,6 mil toneladas de papel, o que poupou o corte de 253 mil árvores, que seriam capazes de encher 276 estádios de futebol.

Segundo o cooperado Fábio Rodrigo Bamberg, Dois Irmãos tem a coleta seletiva onde passam dois caminhões: um caminhão carrega o lixo seco e outro o lixo orgânico. O lixo seco entra todo na usina, já o lixo orgânico vai para a sessão de transbordo. Cada morador da cidade produz em torno de 600 gramas per capita de lixo; em média 20% de todo lixo produzido em Dois Irmãos é reciclado. Parece ser pouco, mas a média nacional é de aproximadamente 7%.

Na atualidade os cooperados não fazem apenas a coleta e a separação do resíduo, mas também o processo de beneficiamento, para a indústria que fabrica materiais como bombonas e cabides. “No futuro, temos o sonho de fazer um produto final”, conta Roberto Araújo da Silveira, atual presidente da cooperativa. Outra pretensão é conseguirem painéis de energia solar, já que a usina demanda um alto custo de energia elétrica para funcionar. 

 

Trabalho de referência

Com orgulho, Roberto relata que muitas pessoas vêm para Dois Irmãos de lugares como São Paulo, Bahia, Argentina e Estados Unidos com a finalidade de conhecer a cooperativa, já que ela virou uma referência. Em relação às atividades do trabalho, ele acrescenta: “Quando comecei a trabalhar aqui, há 14 anos, a gente não tinha retroescavadeira, nem empilhadeira. Estou com a minha coluna detonada de tanto fazer exercício. Naquela época a gente tinha que virar um fardo de 200 quilos entre duas pessoas para carregar nos caminhões. Hoje eu sofro as sequelas do que eu já trabalhei.” Atualmente, a usina tem máquinas que foram doadas por projetos e financiadas pela prefeitura, o que possibilita um melhor desempenho e conforto para os trabalhadores da usina.

Roberto conta que o material que mais aparece no lixo de Dois Irmãos é o papel. Seja ele branco, misto ou jornal. Ele explica que aumentou o número de lixo eletrônico, e que esse tipo de resíduo é um dos que mais poluem o meio ambiente. Em relação a melhor forma de colocar os resíduos na lixeira, ele ensina que quanto mais inteiro o papel estiver melhor para a reciclagem, por isso é interessante evitar amassar muito ou picá-lo em pedaços pequenos. O principal é não misturar de forma alguma o papel com o lixo orgânico, pois uma vez que isso acontece ele fica inutilizável.



 

Descarte correto de materiais e produtos

Sobre o vidro, Roberto ensina a melhor forma de descarte. “Vidro a gente pede para que as pessoas peguem uma garrafa pet, façam um corte e coloquem os vidros dentro. Porque quando chega aqui a gente não vai estar se cortando. Muitas pessoas tem o costume de pegar o jornal e enrolar o vidro. Esse jornal como o caminhão compacta, ele pode rasgar e acaba perdendo todo aquele vidro. Colocando na garrafa pet a gente vai aproveitar 100% daquele material e reduz o risco do pessoal se machucar com os cacos.”

O óleo de cozinha também precisa de uma atenção especial. Se derramado na pia, pode contaminar milhares de litros de água.  Roberto indica que coloquem em uma garrafa pet e não nas de vidro, porque quando o caminhão prensa pode estourar e se perde todo o óleo, que pode ser utilizado para fazer sabão, por exemplo.

 

Mais de 1.000 visitantes por ano

Todo esse conhecimento é ensinado para os mais de 1.000 visitantes que a Usina de Reciclagem recebe ao ano. Devido a pandemia, as visitas foram reduzidas, mas o trabalho de educação ambiental em parceria com as escolas é um dos motivos dos índices de separação elevado nas residências e do sucesso da cooperativa.

Todo esse esforço coletivo se traduz na valorização da usina pela população e em prêmios. Em 2018, Dois Irmãos foi um dos vencedores do Prêmio Nacional Educação Ambiental em Ação, promovida pela Revista Educação Ambiental em Ação. Já no ano de 2004, o município recebeu mais um reconhecimento pela coleta seletiva do Sindicato dos Auditores de Finanças Públicas do RS (SINDAF), através da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (FAMURS).

 

 

O que os cooperados pensam sobre a Usina de Reciclagem?

 

Vera Lucia de Oliveira

“Trabalho aqui há seis anos. Gosto de trabalhar, me sinto em casa, é a minha segunda família aqui. Tem quatro mulheres que trabalham na reciclagem. A gente trabalha bem, cada um sabe da sua tarefa. Todos tentam ajudar um ao outro para que a coisa ande. Eu acho que a gente ainda faz pouco pelo meio ambiente, mas é uma grande parte que nosso desempenho aqui realiza. A gente já recolheu tantos materiais que estariam contaminando a natureza.”

 

Roberto Araújo da Silveira

“Aqui ninguém ganha mais do que ninguém. Eu sou o atual presidente da cooperativa e ganho a mesma coisa que um gari que trabalha na rua coletando, do que um que só separa na esteira; isso é um diferencial. Eu gosto disso porque todo mundo trabalha e tem que dar o máximo, mas no final do mês todo mundo é recompensado por isso.”

 

Fábio Rodrigo Bamberg

 “Trabalho na cooperativa há 15 anos. Para mim, a prefeitura é essencial, dando o apoio e o repasse. Tem muitas prefeituras que não tem repasse e nem coletam o lixo, e a cooperativa não vai para frente; acontece muita entrada e saída de pessoal e vira uma bagunça. Como temos o apoio através desse rapasse financeiro, da coleta e da classificação, não tem por que não dar certo. Temos um salário digno, e por isso não temos entra e sai de pessoal. Tem pessoas que trabalham há muitos anos aqui.”

 

 

(Reportagem de Giordanna Benkenstein Vallejos)


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