Proposta do Governo do Estado vai na contramão do que desejam escolas

12/08/2020
Aulas presenciais estão suspensas desde março

Aulas presenciais estão suspensas desde março

Na manhã de terça-feira, dia 11, o Governo do Estado apresentou sugestão de cronograma de volta das aulas presenciais dos 2,8 milhões de alunos gaúchos das redes pública e privada. As datas sugeridas são: 31 de agosto Educação Infantil; 14 de setembro Ensino Superior; 21 de setembro Ensinos Médio e Técnico; 28 de setembro Ensino Fundamental – anos finais (6º ao 9º ano); e 8 de outubro Ensino Fundamental – anos iniciais (1º ao 5 ano). Ainda conforme o governo, o retorno seria permitido apenas em municípios com bandeira amarela e laranja. 
Presidente da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (FAMURS), Maneco Hassen participou da reunião onde foi divulgado o cronograma e prontamente levantou a discussão sobre o cumprimento dos protocolos sanitários, afirmando ainda que a decisão de retomar ou não as aulas desta forma está condicionada, também, a avaliação dos municípios. 
A proposta vai na contramão do que indicou a pesquisa desenvolvida pelo próprio governo, no mês de julho, com secretarias municipais, conselhos, sindicatos e entidades sociais, onde a maioria optou pela retomada do ensino presencial em cinco etapas: ensinos Médio e Técnico, depois os anos finais do Fundamental (do 6° ao 9° ano), logo após os anos iniciais (do 1° ao 5° ano), depois o Ensino Superior e por fim a Educação Infantil. Conforme dados da Secretaria Estadual de Educação, essa proposta recebeu 679 votos (89,5%), de um total de 759.
Dois Irmãos e Morro Reuter estão entre os municípios que sugeriram que o retorno das aulas presenciais ocorresse a partir dos anos finais do Ensino Fundamental. “Essa apresentação do cronograma foi surpresa para mim, como secretária de Educação. Respondemos ao questionário que nos foi enviado e a posição da Secretaria de Educação de Dois Irmãos era para iniciar a nível de ensino fundamental, pelas séries finais, ou seja, 8º e 9º ano. A Educação Infantil, para mim, deve ser a última a retornar, assim como os anos iniciais”, disse a Secretária de Educação, Denise Maria Maldaner, destacando que as escolas do município seguem com aulas remotas, visando, única e exclusivamente, a saúde dos estudantes. Conforme Denise, a decisão sobre o retorno das aulas presenciais deve ser tomada com cautela. “Essa não será uma decisão tomada de uma hora para outra”, garante a educadora, destacando que as famílias também serão consultadas. 
Secretária de Educação em Morro Reuter, Juliana Zimmer reforça que a sugestão do município, que conta com 580 alunos na rede municipal, é de que as aulas presenciais sejam retomadas a partir das séries finais. “Acreditamos que os alunos maiores conseguem seguir os protocolos sanitários com mais segurança que os menores”, diz Juliana, destacando que o objetivo principal da administração é prezar pela vida dos alunos.   
Além do cronograma não atender ao desejo da maioria, Juliana afirma que a retomada das aulas deve ser informada com antecedência aos municípios. “Em 15 dias, é difícil organizar todos os espaços. Então, nosso pedido também é que isso nos seja avisado com antecedência. Claro que estamos trabalhando para orientar os nossos servidores e para adequar os espaços, mas este tempo é muito pouco para retomar as atividades”, completa.


Educação Infantil
A Fundação Assistencial de Dois Irmãos (FADI), que atende crianças de 0 a 3 nas unidades educativas e de 5 a 11 no Turno Inverso, também vive a expectativa do retorno das atividades presenciais, mas reconhece que esta decisão não é tão simples assim. “Nossa maior vontade é retornar todas as atividades, contemplar a vontade dos pais no nosso retorno, enfim, de ser tudo como era antes. Mas, em contrapartida, sabemos que os protocolos são rígidos e que muitos quesitos, como distanciamento, uso de máscaras, uso dos brinquedos, nada compartilhado, tornam nosso retorno muito triste para este convívio diário de vínculo e cuidado com os pequenos”, destacou a diretora Cassia Schmitz Mandaner. 
Na Escola de Educação Infantil Bruxinha Faceira e o Contraturno Escolar Bruxinha Faceira, de Dois Irmãos, que atendem, respectivamente, crianças de 0 a 6 e de 4 a 12 anos de idade, educadores também estão ansiosos para o retorno das atividades presenciais, porém, a diretora e coordenadora Anelise Klauck ressalta que isso está condicionado à liberação por parte dos órgãos competentes. “Estamos ansiosos pelo retorno, porém, isso só irá ocorrer no momento em que os órgãos responsáveis, de saúde e educação, afirmarem que é possível isso acontecer”, destaca Ane, afirmando que a retomada das atividades também será discutida com as famílias. Segundo Ane, o Plano de Contingência da escola também já foi finalizado e será apresentado aos pais em encontros virtuais que ocorrerão nos próximos dias. 


“Se chegarmos à conclusão de que não vai voltar, 

será uma perda gigantesca”, diz secretário Faisal
A proposta do Governo do Estado causou uma onda de críticas entre sindicatos ligados à educação e infectologistas, além de ter surpreendido gestores municipais. Para o secretário de Educação, Faisal Karam, a discussão, ainda que em forma de sugestão e inicial, era necessária. “Não podemos ficar mais cinco meses esperando uma vacina ou alternativa com segurança plena”, disse Karam, em entrevista ao programa de rádio Gaúcha Atualidade, nesta quarta-feira (12).
A alternativa de retomada não enfrenta apenas resistência de setores da sociedade, mas também uma falta de normativa acima dos Estados, reclama Karam. “Não houve tempo de planejar. Não houve uma forma coletiva entre todas as secretarias do país e nem uma normativa do governo federal de apoio ao retorno presencial. Os Estados, de uma maneira geral, buscam uma alternativa de retomada. São 150 dias de afastamento da questão pedagógica de aluno e escola”, observou. 
Outros locais no mundo, como Israel, tentaram retomar as aulas durante a pandemia e tiveram de voltar atrás. “A gente acompanha (esses casos) pelo monitoramento do grupo de crises. Há discussões diárias sobre isso. Não é uma discussão impositiva. Se chegarmos a conclusão de que não vai voltar este ano, para nós da educação será uma perda gigantesca. O que eu lamento é que não haja uma diretriz no Ministério da Educação e a responsabilidade com a educação e com a saúde”.


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