Um idioma como herança cultural – Conheça a família com quatro gerações que falam a Língua Hunsrik

16/11/2021
Rafaella, Roberta, Sueli e Edith

Rafaella, Roberta, Sueli e Edith

Edith Strassburger com 86 anos, Sueli Strassburger Stoffel com 61, Roberta Stoffel Callai com 39 e Rafaella Stoffel Callai com 9, formam quatro gerações de mulheres que falam o idioma Hunsrik na cidade de Dois Irmãos, mantendo viva a origem dos imigrantes e sua ancestralidade.

Edith Strassburger se comunica majoritariamente pelo Hunsrik, mas compreende e fala algumas palavras em português. Quando ela era mais jovem e aluna do professor Arno Nienow, a maioria das pessoas de Dois Irmãos tinha o Hunsrik como sua língua principal. Nessa época, foi expressamente proibido falar o Hunsrik nas escolas e na rua. “Eles sempre falavam que esses que iam falar em alemão iam ficar presos”, disse a bisavó Edith, relembrando uma ameaça feita a ela quando era apenas uma criança.

Isso aconteceu em decorrência da Segunda Guerra Mundial, na qual os idiomas italiano, alemão e japonês foram proibidos no país, porque essas eram as línguas dos países que faziam parte do Eixo, adversário do Brasil na guerra. Por isso, ela teve que aprender o português na escola, mas em casa o Hunsrik era a única forma de comunicação. Foi através da bisavó Edith Strassburger que as três gerações seguintes mantiveram a tradição e a cultura dos antepassados por meio do idioma, apesar das duras restrições aplicadas durante o período da Segunda Guerra. 

Para Sueli, Roberta e Rafaella, a forma que aprenderam o Hunsrik foi a mesma: passando tempo com os familiares e praticando em casa. A avó Sueli conta que o primeiro idioma que ela aprendeu foi o Hunsrik. “Nós falávamos em casa sempre o alemão, depois que eu comecei a ir à aula veio automaticamente o português. No começo foi bem difícil porque a gente só falava em alemão.”

A mãe Roberta explica que até os quatro anos só sabia falar Hunsrik e depois que foi para a escola aprendeu o português e foi perdendo a fluência no idioma germânico. Já a bisneta de Edith, Rafaella Stoffel Callai, de apenas 9 anos, já sabe rezar em Hunsrik, entende quando a vó conversa com ela e fala algumas palavras avulsas. “Para nós, é importante que se mantenha essa cultura do idioma”, comenta a avó Sueli.

Todas elas frisam que é necessário resgatar as origens para que não se perca essa cultura das famílias de Dois Irmãos. Para Roberta, uma coisa que pode ser feita é estimular o contato maior das crianças com as gerações anteriores que ainda falam o idioma, e que se fale mais frequentemente em casa.

 

(Por Giordanna Benkenstein Vallejos)


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