Quando ninguém fazia, ela fez!

19/05/2020
Por Alan Caldas – Editor

Por Alan Caldas – Editor

Dona Malvina Rossa (foto acima) é moradora do bairro Travessão São Luis, em Dois Irmãos. Ela integra um grupo de Costureiras do Brasil. Pessoa de grande trabalho social na comunidade, dona Malvina foi, provavelmente, uma das primeiras aqui no Estado a costurar máscaras para proteção do Covid-19. Ia entrevista-la, mas, ao invés de entrevista-la, pedi que ela de próprio punho escrevesse a razão pela qual começou a fazer isso. O relato ficou incrível. Leia:
 

– Bom, sobre meu incentivo de uso de máscaras, minha preocupação sobre a doença já vem desde janeiro. Tenho uma amiga muito querida que mora na Itália e venho acompanhando o sofrimento do povo italiano desde lá. E essa minha amiga me dizia que no Brasil ia ser pior que lá, se o governo brasileiro não agisse logo com controle de entradas e saídas do país, pois o pessoal estava viajando pra tudo que é lado. Fiquei assustada, mas não quis acreditar. Se dizia que não chegaria ao Brasil. 
Ela me falava sobre o uso da máscara até dentro de casa, para um proteger ao outro. Perguntei a ela se isso não era ruim. Ela dizia “é horrível, mas temos que proteger quem a gente ama”.
Daí, no dia 18 de março, quando deu o isolamento social, me dei conta de que o que ela falava era verdade. Então, senti a necessidade de ajudar de alguma forma, pois sou catequista a 20 e poucos anos sempre ensinando as crianças a ajudar o próximo.
Fiquei sabendo que na Herval estavam costurando máscaras. Liguei para eles, para ajudar, e me falaram que não precisava, que já tinham uma equipe. Liguei para a Denise Maldaner, a secretária da Educação, e perguntei se precisava de alguma ajuda, que eu estava à disposição. Mas ela disse que no momento ainda não precisavam, mas, se precisasse, iria me chamar.
Daí a noite não consegui dormir. Chamei minha amiga no Messenger e conversando com ela me surgiu a ideia de fazer máscaras. Logo de manhã entrei no grupo de costureiras. Estou num grupo de costureiras de todo o Brasil. E perguntei sobre a ideia de fazer máscaras. Então uma costureira do grupo, não lembro de onde, também gostou da ideia e começou a fazer também. Isso foi no dia 18 de março. Foi o dia em que comecei a fazer as primeiras máscaras. Acho que no Rio Grande do Sul eu fui a primeira a fazer para esse fim. 
Ajudei com todos os tecidos e elásticos que tinha. Meu objetivo era fazer para idosos e gestantes que precisavam ir a médicos. Depois, fiz uma por família, para irem a mercado, pois a ordem era uma pessoa por família ir a mercado e farmácia e o resto ficar em casa. 
No começo fui muito criticada. Perguntaram “qual seria meu objetivo”. Também ouvi que iria “matar em vez de ajudar”. Mas, fechei os ouvidos aos comentários ignorantes e fui embora com a minha missão.
Com ajuda de doações de material consegui doar mais que 800 máscaras. Algumas troquei por alimentos, que doei para Liga. 
Dias depois o ministro da Saúde incentivou o uso. Daí, em menos de uma semana terminou meu material. Então tive que comprar. Aí comecei a comprar e também cobrar a máscara, sempre falando para o pessoal que é muito importante se proteger e proteger o próximo.
Me atualizo uma vez por semana, com um encontro no grupo de costureiras, onde a gente troca ideias. Também me preocupo muito com as crianças com alguma deficiência. Já estou fazendo pra criança com autismo, que têm uma regra toda atrás do quebra-cabeça colorido. Também fiz para surdo, com a frente transparente, que ajuda na leitura labial. Fiz muita tal mãe e tal filha ou filho, e com isso consegui que muita criança usasse. Fiz também uma especial para gestantes, pois elas adoram comer toda hora. E assim estou indo. Sempre incentivando todos a usarem.
Todos sabem que não é muito confortável. Mas vamos nos acostumar. Peço que todos usem. Com certeza isso não é politicagem. A Covid-19 está em todo o mundo, não só no Brasil. Quem acha que não vai pegar, que não precisa, por favor, pense na saúde do próximo. É bem fácil se conscientizar no uso. É só pensar como seria viver sem um outro ser humano vivo, somente você. Será que você iria sobreviver? #usemascara
 


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