A profissão de engraxate pelas lentes do fotógrafo Octacílio Freitas Dias

22/04/2019
Octacílio segura fotografia que tirou na década de 60

Octacílio segura fotografia que tirou na década de 60

Inseridos em uma sociedade capitalista, somos convidados, a todo o momento, a sermos inventivos para garantir a nossa subsistência. Conforme os anos passam, algumas profissões tornam-se mais comuns do que outras; e algumas começam a ser abandonadas. A profissão de engraxate, devido à falta de clientes para a sua realização, é um excelente exemplo.  
No século passado, no período em que imperavam os sapatos de couro, jovens na faixa etária de 10 e 14 anos buscavam o sustento próprio e dos seus por meio de um serviço simples como a limpeza e polimento dos sapatos. Claro, sabe-se que os adultos também realizavam o serviço, no entanto não constituíam a maioria. Relata-se que a profissão, no Brasil, teria surgido no ano de 1877 com a chegada dos imigrantes italianos nas grandes metrópoles. Conta-se que, na busca pela sobrevivência, muitos dos filhos desses imigrantes recém-chegados buscavam auxiliar a renda familiar por meio desse trabalho modesto. 
Otacílio Freitas Dias, que trabalhou como fotógrafo de grandes jornais de Porto Alegre como Correio do Povo e Última Hora, conta que, no período em que lá viveu, o número de engraxates que havia na capital era gigantesco. “Eram jovens que vinham das periferias até o Centro pegando os bondinhos da época. Eles se estabeleciam em barbearias, bancas de revistas e na saída de algumas empresas para realizar esse ofício. Na Praça da Alfândega, por exemplo, havia muitos”, recorda. 
No entanto, como tudo que é simples, há sempre espaço para criatividade e desenvolvimento. Otacílio conta que a clientela era disputada e que adolescentes buscavam conquistá-la por técnicas totalmente inusitadas. “Por mais que fosse um trabalho simples, havia aqueles que desenvolviam suas caixas de engraxate de tal forma que fosse possível tocar um sambinha enquanto realizavam o serviço. Alguns conseguiam fazer o sambinha pelo simples barulho que soava no atrito da flanelinha com o sapato”, relata.  
Hoje, a profissão encontra-se em extinção, reservada a pontos muito específicos como barbearias. Com a substituição do sapato de couro pelo tênis, a clientela sumiu. Onde estão os jovens de 10 a 14 anos? Na escola, espera-se. Nada garante que a nossa própria profissão também comece a perder espaço na sociedade, ou comece a tomar novas formas. Há de se aceitar a máxima de Camões: “Todo o mundo é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades”.


SAIBA MAIS
Para engraxar sapatos não há mistério. Basta ter em mãos escova de sapatos, graxa na cor do sapato e uma flanela. Primeiramente, deve-se realizar a limpeza com a escova de sapatos para remover toda a poeira e passar a graxa. Após isso, basta esfregar com a escova toda a graxa para aquecê-la. Por fim, passar a flanela para realizar o polimento.



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