Estudos da Universidade Feevale buscam detectar drogas e pesticidas no esgoto

23/06/2021
Fonte: Feevale

Fonte: Feevale

A análise do esgoto das cidades pode ser uma ferramenta útil de monitoramento tanto ambiental quanto epidemiológico. Na Universidade Feevale, pesquisadoras do Programa de Pós-graduação em Qualidade Ambiental, orientadas pelo professor Rafael Linden, desenvolvem estudos utilizando a análise de esgoto para estimar o consumo de drogas e o risco toxicológico causado por pesticidas. Estas pesquisas podem ser úteis para direcionar ações de políticas públicas, como nas áreas de saúde e fiscalização.

 

Droga mais encontrada é o princípio ativo da maconha

Roberta Hahn defendeu, neste ano, a tese de doutorado Desenvolvimento e validação de estratégias analíticas para estimar o consumo de drogas através da análise de esgoto. Foram coletadas amostras de uma estação de tratamento de esgoto de Novo Hamburgo, as quais foram submetidas a análises nos laboratórios da Universidade.

Dentre os compostos testados, foi estimado o consumo de quatro drogas ilícitas, sendo o maior consumo per capita para o THC (tetra-hidrocanabinol, substância ativa da maconha), que representou 414 mg dia para cada mil habitantes. Em seguido veio a cocaína (46 mg dia/1.000 hab), ecstasy (5,7 mg dia/1.000 hab) e anfetamina (1,1 mg dia/1.000 hab).  “As estimativas se referem à substância pura, e a quantidade real de droga pura em uma dose de consumo não é facilmente determinada, uma vez que drogas de abuso podem ser ingeridas em quantidades que variam amplamente entre diferentes grupos de consumidores. Além disso, a pureza dos produtos de rua flutua de forma imprevisível com o tempo e em diferentes locais”, explica Roberta.

 De acordo com a pesquisadora, se forem comparados esses resultados com os de outras cidades, pode-se observar um consumo de cocaína maior que na cidade de Adana, mas muito inferior a locais como Lugano, Londres e Brasília, por exemplo. “Para anfetamina, temos resultados parecidos com Lugano. Já com relação ao ecstasy, temos resultados concordantes com Londres e Milão, mas mais de 10 vezes menor que comparado com Adana. O consumo de THC encontrado neste estudo é o maior entre as drogas avaliadas, como reportado pelas outras cidades; mesmo assim, chega a ser de 6 a 18 vezes menor que essas outras cidades”, avalia Roberta.

 A pesquisadora ressalta que, por meio de uma estratégia de baixo custo, podem ser obtidos dados de consumo e sazonalidade que complementam os dados epidemiológicos clássicos (epidemiológicos, sociológicos e criminológicos). Portanto, a abordagem na análise no esgoto é importante a fim de obter dados objetivos, de baixo custo, rápidos, confiáveis e comparáveis. “Desta forma, a avaliação precisa e oportuna do consumo de drogas é necessária para manter e melhorar a qualidade dos cuidados com a saúde, além de poder direcionar esforços na área de segurança pública. A epidemiologia baseada no esgoto é uma ferramenta útil para detectar o uso de drogas ilícitas por uma população em tempo real, permitindo ações eficazes de saúde e fiscalização”, completa Roberta.

 

Estudo pioneiro no Brasil procura por pesticidas no esgoto

Está na fase inicial em laboratório um estudo pioneiro no Brasil que vai detectar a exposição da população aos pesticidas através da análise do esgoto. A tese de doutorado da acadêmica Lilian Lizot, Determinação de biomarcadores de exposição a pesticidas piretróides através de epidemiologia baseada em esgoto, cuja qualificação foi neste ano, já finalizou todas as coletas em uma estação de tratamento de esgoto em Novo Hamburgo. As amostras, agora, estão sendo analisadas no Laboratório de Análises Clínicas e Toxicológicas da Instituição.

Embora o estudo esteja no início, a pesquisadora já pode afirmar que, em todas as coletas, foram detectados níveis dos biomarcadores de exposição a inseticidas piretróides (inseticidas comuns de uso doméstico e no plantio). “Embora ainda não possamos dizer se os riscos são altos ou baixos, uma vez que uma série de outros testes precisam ser realizados no laboratório, podemos dizer que sim, a população atendida pela ETE está exposta a alguma quantidade de inseticidas piretróides”, afirma Lilian. A doutoranda explica que, se forem confirmados resultados de alto risco nas amostras, cabe a realização de medidas de instrução quanto ao correto uso de inseticidas em casa, a correta higienização dos alimentos e, ainda, o monitoramento no plantio e no armazenamento de alimentos, para evitar o uso abusivo de pesticidas nesses locais.


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