Um pedacinho do paraíso chamado Picada Verão

27/05/2022
Textos e fotos por Leonardo Boufleur

Textos e fotos por Leonardo Boufleur

Localizada a 60 km de Porto Alegre, a localidade de Picada Verão, em Sapiranga, nada lembra o movimento, as cores e os sons da vida urbana tão próxima. Lá, entre tantos costumes e dinâmicas peculiares de uma vida interiorana, se preserva fortemente o dialeto “Hunsrück”, mantendo as raízes da cultura alemã, dando ao local, carinhosamente, o nome de Sommer Schneis.

Closs, Engelmann, Schuck, Strassburguer, Müller, Scherer e Schneider são sobrenomes de famílias que há muitas décadas vieram ao Brasil durante o movimento imigratório e fizeram da Picada Verão seu novo lar.

O distrito, que faz divisa com o município de Dois Irmãos, além de seu grande acervo histórico sobre a colonização, através das residências, igrejas e lápides no cemitério, remanescentes à época da colonização, é importante também devido a seu valor turístico/ecológico. Na Picada Verão, há nove campings, sítios e reservas ecológicas que movimentam a economia aos finais de semana, proporcionando aos visitantes contato com a natureza.

Picada Verão tem um grande potencial econômico, bastante explorado por meio do comércio dos antigos armazéns e da agricultura que era muito forte nos idos anos 70.

Uma das moradoras, Leoni Auler Scherer, 72 anos, apoiada sobre a enxada, conta com um sorriso no rosto as boas lembranças da vida que teve na localidade, que é um verdadeiro paraíso em meio à natureza. “Aqui casei, criei meus filhos e tirei o sustento da minha família”, disse.

Ela também recorda que, entre as décadas de 1970 a 2000, os bailes de Kerb e linguiça traziam pessoas de várias regiões para a Picada Verão. “O Kerb começava no sábado e se estendia até segunda ou até terça-feira. As casas ficavam cheias de visitas que vinham de todas as partes para comemorar a data. A essência do Kerb naquela época era a religião e a família. As comidas típicas de Kerb eram preparadas praticamente todas em casa, como cuca, linguiça, spritzbier (bebida gaseificada de limão, gengibre e açúcar), rabanete, repolho, pepino, salada de batata, assado de porco e doces em conserva. Também tinha que deixar pronto o pasto para os cavalos das visitas. Dava muito trabalho, mas são momentos inesquecíveis”, conta ela.

 

Nasci na Picada Verão e vou morrer aqui!

A vizinha de Leoni, Loiva Scherer Biehl, 83 anos, também recorda dos saudosos tempos da localidade Picada Verão. “Aqui pertencemos à localidade de Sapiranga, mas o sentimento de pertencimento era para o município de Dois Irmãos, onde tínhamos muitos amigos e íamos a pé nos bailes”.

Loiva conta que casou jovem e na época eram muito pobres. “Adquirimos uma área de terras e cultivamos de tudo um pouco, mas o principal era batata, que era comercializada na Ceasa”.

“Ah, saudade dos Kerb de antigamente da Picada Verão, quando se recebia a visita de familiares e amigos e se celebrava a data por três dias. Com a pandemia, a comemoração ficou comprometida, mas também nos dias de hoje é apenas um dia de celebração que representa um marco de união comunitária”, recorda Loiva.

A Picada Verão sempre foi uma comunidade financeiramente desenvolvida e próspera. “Temos uma igreja, salões comunitários, tínhamos uma escola na localidade. Os moradores da localidade também auxiliaram o Poder Público no período da emancipação de Sapiranga quando pertencia a São Leopoldo”, conta ela.

Loiva conclui que nasceu na Picada Verão e vai morrer lá! “Aqui sempre fui muito feliz”.

 

Mora em Dois Irmãos, mas guarda a Picada Verão no coração

Ursula Strassburger Sander, 73 anos, lembra com muito apreço a localidade de Picada Verão, onde nasceu e passou a sua infância. Mesmo tendo ido morar em Dois Irmãos, após se casar, Ursula visita com frequência a sua terra natal, seus familiares e amigos.

“Recordo-me que quando jovem vínhamos nos bailes em Dois Irmãos, trajeto todo a pé, e na época parecia que não tinha maldade no mundo, vínhamos sem medo”, conta ela.

O que marcou ela também, é que foi eleita Rainha do Clube Cultural Esportivo Vila Rosa, aos 15 anos de idade. “Foi uma grande honra pra mim. Apesar de ser de outra cidade, vinha muito para Dois Irmãos e me sentia em casa aqui também”.

Picada Verão é uma localidade humilde, mas de um coração enorme, sempre receptiva e pronta para acolher a todos os visitantes. Seus balneários, reservas ecológicas e restaurantes encantam a todos.


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