Encontro na Câmara expõe a dura realidade da violência doméstica

27/08/2021
Na Câmara: Eduardo Pithan, Nilton Tavares, Cristine Groth e Ângela Dumerque

Na Câmara: Eduardo Pithan, Nilton Tavares, Cristine Groth e Ângela Dumerque

Uma importante palestra sobre violência contra a mulher foi realizada na última terça-feira (24) na Câmara de Vereadores de Dois Irmãos, dentro da programação do Agosto Lilás. O encontro foi promovido através de uma parceria entre Coordenadoria da Mulher, Conselho dos Direitos da Mulher de Dois Irmãos e Poder Legislativo.

O vereador Nilton Tavares (PP) comandou o debate em nome do presidente da casa, Elony Nyland (MDB). A manifestação inicial coube ao psicólogo Eduardo Ottonelli Pithan, que abordou o tema “Violência contra a mulher. Decorrências na família. Chega de não meter a colher”, trazendo dados estatísticos e explanações sobre o tipos de violência.

– Avançamos muito tecnologicamente, intelectualmente, mas moralmente não evoluímos muito. Os pais e esposos, que têm o dever de proteção e de amor, seja com as filhas, seja com as esposas; se valem justamente desses compromissos para sucumbir e ainda falham vigorosamente em pleno 2021. Tudo por uma questão de controle, de manter privilégios indevidos e muitas vezes para se sentirem seguros dentro deste contexto familiar – observou o palestrante.

Segundo Eduardo, pesquisa realizada pelo jornal Folha de S.Paulo – com base até 2018 – mostra que no Brasil ocorrem 12 assassinatos de mulheres e 135 estupros por dia. A Delegacia de Polícia Civil de Dois Irmãos, conforme apurado pela redação do JDI, registrou 88 casos de violência doméstica de janeiro a julho (76 em Dois Irmãos, 11 em Morro Reuter e 1 em Santa Maria do Herval). Do total de vítimas, 72 solicitaram medida protetiva.

– Fui comandante da BM por seis anos, e sempre tive o pensamento de que a questão da violência doméstica em Dois Irmãos é algo que não está no nível de civilidade que o município representa – comentou o vereador Tavares.

 

O drama das vítimas

Ivete Rambo, da Coordenadoria da Mulher, conhece de perto a realidade dois-irmonense. Desde 2017, mais de 100 mulheres receberam acompanhamento da entidade.

– Os números (da violência doméstica no município) são relevantes, pois a gente sabe que muitos casos não aparecem, estão nos bastidores. São pessoas que estão vulneráveis a qualquer situação. Tivemos o caso de uma senhora de 50 anos que foi vítima de violência por 30 anos, e que só conseguiu romper o vínculo quando o homem disse para ela: “Vou botar fogo na casa e te queimar dentro” – relatou Ivete.

 

Aumento de casos na pandemia

O debate teve a participação da juíza Ângela Roberta Paps Dumerque, que comandou a Comarca de Dois Irmãos por 13 anos e hoje atua em Novo Hamburgo. Ela falou, entre outras coisas, sobre a relação entre violência doméstica e uso excessivo de bebida alcoólica, o sentimento de propriedade que muitos homens ainda têm sobre as mulheres e o aumento de casos em meio à pandemia de Covid-19.

– No período que estamos vivendo agora, de pandemia, poderia se pensar que seria um momento muito calmo no que se refere à violência doméstica, afinal as pessoas estão em casa e teriam tudo para ter uma intensificação dos relacionamentos. Mas o que se observou, no mapa da violência, é que diminuíram os homicídios que ocorrem na rua, enquanto que os delitos que ocorrem dentro de casa aumentaram vertiginosamente, seja entre o casal, os casos de estupro ou de violência contra a criança. Isso porque as pessoas confinadas ficaram sem defesa, sem possibilidade de denunciar – declarou a magistrada.

 

Campanha Agosto Lilás

O encontro de terça foi transmitido ao vivo pelo editor Alan Caldas, através da página do Jornal Dois Irmãos no Facebook, e segue disponível na página para visualização. Também estiveram presentes: Adriane de Lima Marques, do Conselho dos Direitos da Mulher; o secretário de Desenvolvimento Social e Habitação, Léo Büttenbender; as vereadoras Cristine Groth (PT) e Celina Christovão (MDB); e os vereadores Darlei Kaufmann (PSB) e Ederson Bueno (MDB).

A Campanha Agosto Lilás marca o mês de conscientização e combate à violência contra a mulher. Foi criada como parte da luta representada pela Lei Maria da Penha, sancionada em 7 de agosto de 2006, para combater e inibir os casos de violência doméstica no Brasil.


 

TIPOS DE VIOLÊNCIA

A Lei Maria da Penha define cinco formas de agressão como violência doméstica e familiar:

– Violência Psicológica: Humilhação, constrangimento, perseguição, chantagem ou outras atitudes que afetem a saúde mental e a autoestima da vítima.

– Violência Física: socos, tapas, chutes, e demais agressões que causem danos ao corpo da vítima.

– Violência Sexual: atos ou tentativas de relação sexual fisicamente forçadas ou sob coação, mesmo dentro do casamento.

– Violência Moral: qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.

– Violência Patrimonial: retenção, subtração ou destruição de objetos, documentos, instrumentos de trabalho e recursos econômicos.

 

ONDE BUSCAR AJUDA

Brigada Militar: 190

Central do Atendimento a Mulher: 180

Delegacia de Polícia: (51) 3564-1190 / 98543-7318

CREAS: (51) 3564-8876

Coordenadoria da Mulher: (51) 3564-8875

Unidade Básica de Saúde (UBSs)

Defensoria Pública: (51) 3564-3250


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