Por Alan Caldas – Editor
Ancara, hoje capital da Turquia, foi fundada no ano de 1200 e passou por diferentes impérios. Quando a Guerra da Independência Turca contra os gregos chegou ao fim em 1923, acabou o Império e surgiu a atual Turquia.
O fundador da República Turca, o mais querido líder deles, Mustafá Kemal Atatürk, trocou a capital do país de Istambul para cá. E iniciou a radical revolução de costumes. Adotou a escrita ocidental. Criou a educação pública e universal, não apenas a islâmica. Tirou poder do Califa. Estabeleceu liberdade feminina, com direitos iguais. Mustafa colocou a Turquia no patamar que ela ocupa hoje. Ele é comparado aqui com os gigantes da história. É tipo Mao Tsé Tung, na China. Ou Lenin, na Rússia. Tipo Abraão Lincoln, nos EUA, ou Napoleão Bonaparte, na França. É amado. Respeitado. Lembrado. Idolatrado.
Na época em que se tornou capital Ancara era pequena. Hoje ela tem 5 milhões de habitantes. Seis no entorno. E sua arquitetura tem profundos contrastes no estilo construtivo, onde se vê muita engenharia antiga ombreando obras futuristas. É de impressionar. Localizada na Anatólia Central, Ancara é a região mais seca da Turquia. A temperatura média anual é de 15°C. Agora, por exemplo, estão na Primavera. Devia estar quente. Mas quê. Domingo fez 6°C. Segunda estava 3°C. É a Primavera mais fria da minha vida.
Andar por Ancara é facílimo. O transporte público funciona muito bem. Trens modernos. Ônibus novos. Metrô magnífico. Patins para locação. Tem Uber. E tem táxi. Aliás, para chamar táxi basta você apertar o botão de um equipamentozinho que fica preso nos postes (veja na foto) e já vem um táxi. Não tínhamos visto isso. E funciona. Parece mágica. Desconhecíamos.
Ancara tem dezenas de opções ao turista. Algumas delas:
– O Anitkabir, o Mausoléu de Ataturk.
– A Torre Atakule, de onde se vê toda a cidade.
– Muitos museus. E destaque e uáááu para o das Civilizações da Anatólia.
– A linda Kocatepe, que é a maior mesquita de Ancara e tem decoração em folhas de ouro.
– A Avenida Ataturk, a mais importante da cidade.
Calçadões. Galerias de lojas. Shopping centers. Praças magníficas. Restaurantes por tudo. Muitos cafés. Lojas de bolos lindamente decorados. Muitas, mas muitas mesmo, lojas de noivas, com vestidos lindos e finíssimo. Por aqui o matrimônio é cultuado e extremamente respeitado.
Há um respeito impressionante entre homens e mulheres. Por exemplo: Se um homem está num banco do ônibus e uma mulher chega, senta ao lado e diz “pode sentar noutro banco?”, o homem prontamente levanta e troca de lugar. Não se questiona o pedido.
Quem viaja quer conhecer. E ontem fomos visitar a impressionante Biblioteca da Presidência. Em turco, ela é chamada de Millet Kutuphanesi. É a maior da Turquia. Tem quatro milhões de livros. Tem 120 milhões de edições eletrônicas, em 134 idiomas. O prédio, de tamanho assustador, acomoda confortavelmente 5.500 pessoas SENTADAS. O entorno tem área de 125 mil m². E uma mesquita. Tem também um finíssimo prédio para exposições. Tudo construído ricamente. Os alunos que estão para fazer vestibular, têm ali gratuitamente uma área especial, com equipamentos eletrônicos modernos e professores de apoio. No domingo, estava lotada desses alunos. Tudo num silêncio. Numa concentração. Num respeito. Um incrível interesse pelo saber. É lindo de ver.
Num segundo e igualmente enorme prédio da Biblioteca Presidencial está a exposição “Chute e Gol”. É a exposição da História do Futebol Turco. Foi organizada como parte da comemoração do Centenário da República, que completa 100 anos no dia 24 de julho deste 2023. Nela se vê a história do futebol mundial. A história da bola. Os primeiros times. As camisetas ao longo dos tempos. Os estatutos das equipes e fotografias de competições. É a história do Futebol Turco. E o nosso Pelé, o “excepcional”, está ali também. Objetos mostram conquistas da Seleção Turca. Troféus nacionais. Internacionais. Bem como os “meio-troféus”, algo interessante na história do futebol. E, por fim, a réplica de um campo de futebol.
Na Turquia todos jantam cedo, às 18 horas. E, assim, no final da tarde nosso dia chegou ao fim num restaurante típico turco. Comida em quantidade e sabor inacreditável. Iniciando com uma "sopa" de iogurte natural com pedaços de pepino. Mais batata frita com ketchup e queijo derretido. Um prato de salada, com folhas, beterraba, milho e cenoura em fios. Tudo regado por um molho de sabor incrível, que pareceu redução de romã no mel. Depois, num dos pratos principais, carne de cordeiro em formato de croquete com grãos, pimentão, cebola crua, muita salsa e bastante pão turco. Tempero desconhecido, mas ótimo. No outro prato, asinhas de frango grelhadas e com diversos acompanhamentos, na mesma base. Na sobremesa, sorvete de leite e um bolinho chamado de “irmik helvası”, que até agora tento descobrir o que é e não consigo. Para arrematar, chá a vontade servido num copinho tipicamente turco.
O preço? 42 reais por pessoa.
Voltamos a pé do restaurante. Ao final, o medidor de caminhada indicava os 10 quilômetros percorridos durante o dia.
Quem viaja, anda. Eeeeita que anda!