Bicho da chuva. Para quem nunca viu nem sabe o que é, ei-lo aqui:
Ele é cantado na música “Bicho da chuva”, de Ênio Medeiros, que diz assim:
Os bicho-preto vem subindo na coxilha, anunciando vento frio e temporal, vem caminhando uns em cima dos outros, ladeira acima fugindo do banhadal...
Só quem entende a previsão dos home antigo e observa o jeito dos animais, espera agosto com a tulha cheia de bóia, batata doce, linguiça nos varais...
Meu poncho velho que me abriga do rigor e eu vou contando pra esses jovens de caderno, que nunca viram uma lagoa virar vidro, nem bicho-preto anunciar o rigor do inverno.
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CIENTIFICAMENTE ISSO É
A Perreyia flavipes, também conhecida popularmente como:
Bicho-da-chuva,
Bicho-mata-porco e
Carestia.
É um inseto da América do Sul altamente tóxico para animais domésticos, como bovinos, ovinos, suínos e coelhos. Ele provoca intoxicação hepática aguda, se os bichos o comem. E essa intoxicação leva ao óbito.
A flavipes prefere locais úmidos, escuros e entre pastagens. Essas características condizem com a época em que esses insetos aparecem: sempre de maio a julho em algumas regiões gaúchas, como Campos de Cima da Serra (Vacaria, Bom Jesus e outras) e na Campanha (Bagé e arredores). Aparece na cidade, também, mas parece ter “gosto” mesmo é pelas coxilhas.
Para quem vive no campo, o nome “científico” da flavipes é “BICHO DA CHUVA”. E não tem piá que não “se pele de medo” dessa coisa feia se retorcendo pelo campo.
Sua presença no campo é aterrorizante. Além de muuuuito feio, essas criaturas prenunciam a chegada do frio gaúcho, com o seu vento que assobia (o gelado Minuano) e os temporais de inverno cuspindo raios que correrão pelo aramado dos campos.
Se tem uma imagem que todo guri gaúcho quer esquecer, é a de remexer no pasto do gado e encontrar lá esse monte de coisa feia junto, se remexendo assustadoramente como a anunciar um mau olhado, um quebranto ou uma bruxaria “mandada”.