Por Alan Caldas (Editor)
A vida tem 3 momentos de suprema importância: o dia em que se nasce. O dia em que se descobre por que se nasceu. E o dia em que se morre.
O biografado de hoje é José Luiz Schaumloeffel, que desde 1969 trabalha com serviço funeral.
Nesse trabalho ele passou os últimos 54 anos auxiliando Dois Irmãos e região no importantíssimo serviço de levar para a última morada aquelas pessoas que se despediram desta vida.
Luiz tem 75 anos de idade e sua história de vida é linda e vitoriosa.
Ele nasceu no dia 10 de abril de 1948, em Santa Maria do Herval. Era filho de Cyrillo Schaumloeffel, o diretor de obras da prefeitura na localidade. E de Hilda Schaumloeffel, uma respeitada professora. Luiz teve 4 irmãos: Jacob Silvio, Herta, Luciano Emílio e Ana Maria.
O Luiz entrou na escola aos 7 anos e cursou o Primário em Santa Maria do Herval. Aí fez Admissão ao Ginásio em Salvador do Sul, no colégio dos padres, e veio morar em Dois Irmãos. Cursou o Ginásio na Escola Estadual 10 de Setembro. E foi para o Técnico em Contabilidade, em Sapiranga, concluindo o 2º Grau. Mas seguiu morando em Dois Irmãos.
Em Dois Irmãos o Luiz precisava se sustentar. Aos 16 anos foi trabalhar no restaurante e hotel de Breno Zarth, junto ao prédio do posto Wendling. Era garçom e atendia o bar. Dormia no próprio hotel. E, na parte da noite, cursava o Ginásio na 10 de Setembro.
Gostava do emprego, mas queria algo diferente. Em 1964 foi trabalhar na Indústria de Calçados Wirth. Entrou na produção, fazendo serviços gerais. E foi passando por diversos setores até chegar no escritório. Ali passou a ajudar o Contador, Paulinho Stoffel, e trabalhava ao lado de Ricardo Wirth, que na época já era diretor da empresa. O trabalho era bom, lembra o Luiz. Mas algo lhe dizia que não era exatamente ali o seu destino. E a história andou.
Após 4 anos nos Calçados Wirth o Luiz foi convidado pelo gerente do Unibanco, João Arnildo Mallmann, para ir trabalhar com eles. Luiz se demitiu e foi para o Unibanco. Entrou como Contínuo, atendendo clientes e entregando correspondências.
Nesse período ele morava na pensão do professor Arno Nienow, local que hoje é um prédio histórico recentemente restaurado na Avenida São Miguel. Suas refeições eram no restaurante do senhor Staudt. Luiz era jovem, e era simpático e prestativo. Fez muitos amigos nos 2 anos em que trabalhou como bancário. E recorda que até chegou a pensar em construir uma carreira no banco. Mas algo lhe dizia que ainda não era ali o seu destino profissional.
Um dia ele soube que a Funerária Backes estava contratando. E se apresentou para fazer meio turno. Era o ano de 1969, e o Luiz começou a trabalhar na empresa de coroas e serviços fúnebres da senhora Petronia Backes. Ele ainda não sabia. Mas sua história como empresário começava ali.
Nos meses seguintes Luiz começou a seguir seu destino. Saiu do banco. E se dedicou com exclusividade e determinação a esse serviço. Aprendeu tudo que podia. E até atendeu por 6 meses uma filial que a Funerária Backes colocou em Novo Hamburgo, mas que não prosperou.
Luiz ficou na empresa até 1983. E quando percebeu que já estava suficientemente experiente, ele pensou, pensou, pensou e decidiu abrir sua própria empresa de atendimento funeral. Por fim, ele tomou a decisão. E no dia 20 de julho de 1983 surgia em Dois Irmãos a Funerária Schaumloeffel. Na época não havia salas para alugar no município. Mas isso não foi empecilho para ele. E cheio de esperança e vontade de crescer, o Luiz instalou a funerária em uma sala nos fundos da sua própria casa.
Seu primeiro enterro, recorda o Luiz, foi no dia 21 de julho, exatamente 1 dia após a abertura da empresa. E foi de uma pessoa em Santa Maria do Herval, a sua terra natal.
No primeiro mês a Schaumloeffel realizou 6 enterros. Já era bom. Mas no segundo mês o Luiz realizou muitos mais. E com muito trabalho e dedicação o Luiz foi se tornando indispensável quando algum familiar de alguém falecia tanto em Dois Irmãos quanto em Morro Reuter e Santa Maria do Herval.
Na época em que abriu a Funerária Schaumloeffel o Luiz já estava casado. Ele havia conhecido a esposa, dona Nelsi Arnold, quando ainda trabalhava na Wirth. Ele tinha 19 anos. Ela 16, e era uma moça muito bonita, ele lembra, sorrindo.
Luiz e Nelsi casaram no dia 26 de julho de 1975, no Cartório e na Igreja de Santa Maria do Herval. Tiveram 3 filhos: Maciel, que é advogado; Ticiana, que é economista e trabalha no Banco do Brasil; e Felipe, que é administrador de empresa e atualmente é o executivo da Funerária Schaumloeffel.
A família cresceu. O filho Maciel lhe deu o neto Caio. E a filha Ticiana, os netos Bento e Otto.
Luiz e dona Nelsi viveram por 43 anos uma vida familiar intensa e linda. Porém em 2018 ela adoeceu. E logo faleceu. Luiz nunca mais foi o mesmo. A casa ficou imensa. E solitária.
O Luiz sempre foi um pai atencioso, e com a partida da dona Nelsi ele se apegou ainda mais aos filhos. Sofreu muito, diz ele, e ficou meio perdido no início, confessa, pois haviam tido 43 anos de bom convívio. Doeu, diz ele. Doeu muito. Mas a vida tinha de seguir. E seguiu.
Luiz é reconhecidamente um cidadão correto e comunitário em Dois Irmãos. Ele sempre se envolveu na solução de problemas que afligiam a cidade. E nesse caminho ele presidiu o Consepro por 10 anos. E presidiu a Comunidade Católica. Ele também presidiu o CPM da Escola 10 de Setembro. E integrou, ainda, as diretorias da Sociedade Atiradores e da Santa Cecília. E também participou da política partidária como candidato a vice numa chapa encabeçada pelo lendário prefeito Romeo Benício Wolf.
Hoje, aos 75 anos, o Luiz diz ter boa saúde. Sofre de diabetes, mas sempre a mantém sob controle. Um problema na visão o levou a dirigir menos. E bebida, agora, é só refrigerante. Ele tem 1,78 de altura. Pesa 83 quilos. Calça 40. E não descuida do preparo físico: faz 5 quilômetros de caminhada por dia, 5 dias por semana. Tem pressão de guri: 12 por 8. E apenas reclama da labirintite, que vem administrando nos últimos anos.
Durante a vida o Luiz fez algumas viagens. Foi a Manaus. Foi ao Rio Grande do Norte. E lembra com grande alegria da viagem que fez a Maceió, terra que ele gostou muito. Na juventude o Luiz jogava bola. Alto e forte, ele era zagueiro. E defendeu o time do Herval em vários embates futebolísticos. Com o tempo ele parou nos campos e passou a se divertir jogando Schafkopf com os amigos. Hoje joga pôquer nos fins de semana com os amigos do centro comunitário do Travessão Rübenich.
Sua comida é o churrasco. Mas não cozinha coisa alguma. “Queimo até o arroz”, brinca ele, sorrindo. Dorme muito, atualmente. E dorme bem. Mas pouco tempo atrás ele dormia pouquíssimo. Eram 3 ou 4 horas, se muito, pois o trabalho exigia sua presença constantemente. Chegou a ficar 3 dias acordado, devido ao excesso de trabalho. E nesses dias sofreu um acidente na descida de Morro Reuter, felizmente sem danos maiores.
Agora, com o magnífico apoio do filho Felipe na empresa, sua vida profissional ficou mais calma. Felipe não só continua a empresa, mas ele a melhora tecnicamente. Ele fez diversos cursos de formação na área e modernizou o atendimento e a oferta de produtos. É o braço direito do pai.
Isso facilitou a vida do Luiz, esse dois-irmonense respeitado e prestativo que nos últimos 54 anos tem estado com cada um de nós na hora mais dramática das nossas vidas.