Por Alan Caldas – Editor
Mauri Valmir Reis é conhecido pelas lojas de roupas e calçados, mas é fundador de cervejaria e de empresa de Sistemas de Softwares. A biografia dele é impressionante.
Mauri é gaúcho. Seus pais, Romeo e Neli Maria Reis, eram agricultores em Palmitinho. E Mauri nasceu no hospital de Itapiranga, em Santa Catarina, porque ali nasciam os que moravam do outro lado do rio Uruguai, em Palmitinho, no Rio Grande do Sul. Além de Mauri, a família teve duas filhas, a Roseli e a Lusimeri.
Quando Mauri estava com 7 anos os pais mudaram para Itapiranga e o matricularam na Escola São Vicente. Ele cursou até a 7ª série e então a família se mudou para Dois Irmãos. Aqui Mauri se matriculou na Escola Estadual 10 de Setembro, onde concluiu a 8ª série, e foi para o 2º grau na escola estadual (que hoje é a Affonso Wolf) que na época era junto ao prédio do Colégio Imaculada Conceição. Concluiu em 1987.
Nesse ano, Mauri tentou ingressar na Aeronáutica. Desde criança queria isso. Em Itapiranga havia o Frigorífico Safrita que tinha um avião. E o menino Mauri via aquele avião passando baixo e pensava em pilotar um avião. Então em 1987 se inscreveu na Escola de Especialistas da Aeronáutica, no Colégio Rosário, em Porto Alegre. Prestou exame no Estádio Beira-Rio, numa disputa de 300 candidatos por vaga. E não passou. Desistiu da carreira, mas anos depois fez curso de piloto privado no aeroclube de São Leopoldo e conseguiu o brevê. Não para profissão. Mas para satisfazer o desejo de pilotar avião.
Mauri começou a trabalhar cedo. Aos 10 anos ele morava em Itapiranga e foi vender jornal. Pegava a lancha que atravessa o Rio Uruguai e buscava em Palmitinho o jornal Folha da Tarde, que vendia para os moradores locais.
Também aos 10 anos se empregou num estúdio de fotografia, onde ajudava a tirar, revelar e entregar fotos, além de auxiliar no serviço de banco. Também trabalhou numa sorveteria, por meio ano, e no escritório de um posto de gasolina, por 3 meses.
E então os pais vieram para Dois Irmãos, em 1984. Estava com 14 anos de idade. Se empregou no Calçados Henrich, na produção. Quando terminou o 2º grau se matriculou no Senai, em Novo Hamburgo, e fez o curso de Técnico em Calçado sob patrocínio dos Calçados Catleia, de Campo Bom. Saiu da Henrich. E, ao formar-se, foi fazer estágio no Catleia, mas lá o queriam apenas na modelagem e Mauri queria aprender o sistema todo. Voltou para o Calçados Henrich, já, agora, com conhecimento técnico amplo do que seja fazer um sapato.
Seis meses depois surgiu a oportunidade de trabalhar nos Calçados Better, em Goiânia. Era novembro de 1989 e Mauri se demitiu da Henrich, para assumir em fevereiro na outra empresa. Mas aí o destino o encontrou.
A mãe dele, dona Neli, havia se tornado costureira e fazia roupa sob medida. Mauri insistia para ela fazer roupas em escala, no método industrial. Então nesse novembro Mauri resolveu fazer bermudas e vender na fábrica. Comprou uma e abriu, para ver como era. “Usei o método chinês”, brinca ele. Então foi na loja Cavasoto, em Novo Hamburgo, e comprou alguns metros de veludo cotelê. A mãe o ajudou a fazer o corte e ele mesmo costurou as bermudas. Falou com umas amigas na fábrica e propôs uma comissão para cada bermuda que vendessem. O verão foi de ótimas vendas. A ida para Goiânia nunca aconteceu. E começou assim a história de todas essas lojas que o Mauri tem hoje junto com sua família.
Findo o verão, Mauri passou a fazer moletons e jaquetas de veludo. Mas faltava mão de obra especializada e ele precisava fazer algo mais. Sabia fazer sapato. No inverno de 1990 começou a fazer chinelo, tipo os da West Coast. E durante uma feira no pavilhão onde hoje é o Global, um cliente fez o pedido de 150 chinelos. Mauri não acreditou. E quando o cliente voltou, dias depois, ele nem tinha começado a produzir. Aí o cliente fez o pagamento antecipado e perguntou: “será que assim você faz?”.
O Calçados e Confecções Reis se estabeleceu na rua Santo Agostinho, 47, no bairro industrial. E chegou a ter 50 empregados. Durou até o ano 2000, quando foi assumido pelos Calçados Biamim.
Em 1992 e paralelo à produção de calçados, Mauri começou uma pequena loja, num prédio da família Nienow. O local tinha 47m². E Mauri tinha tão poucos produtos que só precisava de 20m². Colocou uma cortina no meio e recheou com produtos da fábrica, mais as bermudas, jaquetas e umas roupas que a mãe fazia. A irmã Luzimeri e uma funcionária atendiam ali. E surgia assim a respeitadíssima rede que hoje tem 20 lojas em 5 municípios aqui da região, divididas em 5 lojas Hering, 5 lojas de confecções e 10 lojas de calçados. E mais de 150 pessoas trabalham nesse empreendimento iniciado por Mauri Reis.
Em 2004 Mauri se uniu a um amigo, Cleiton, que entendia de informática. Criaram a empresa Macle Sistemas de Softwares e passaram a desenvolver e vender Sistemas de Gestão para lojas de varejo. A empresa está em Estância Velha e mais de 20 pessoas trabalham nela.
Em 2010 Mauri se uniu com o cunhado Miguel Engelmann e abriram a Cervejaria Hunsrück, em Dois Irmãos. A empresa logo criou produtos que, hoje, por onde quer que concorra ganha prêmios pela alta qualidade.
Mauri conheceu a esposa Vera Lúcia Kuhn em Estância Velha. Foi num domingo em que tinha ido comer cheeseburger no HP Lanches. A ligação foi imediata. Ela falava das mesmas ideias que ele. Os assuntos eram cabeça a cabeça. Liam o livro na mesma página. Foram morar juntos logo a seguir e, posteriormente, casaram no Civil, em Dois Irmãos. Tiveram dois filhos. Nicole Reis, hoje com 24 anos e que trabalha na Kinei Confecções. E Mauri Vanderlei Júnior, de 20 anos, que assumiu o posto de sócio na Cervejaria Hunsrück, substituindo o pai.
Mauri e Vera viajam muito, às vezes em família, algumas só os dois. Sempre lógico e racional, Mauri acredita que as viagens não só quebram rotinas como mostram outras visões aos que viajam. Andaram por dezenas de países, sozinhos e em grupos.
Até 2018 Mauri pescava. Hoje corre. Faz 12 quilômetros todo dia. E já participou da São Silvestre, em São Paulo, no circuito de 15 quilômetros. Tem 1,83m. Pesa 83 quilos. E calça 42. Não come por emoção. Seu prato favorito é brócolis, cenoura e salmão, e só ingere o que faz bem ao corpo. Não tem doenças. Sua bebida é cerveja. Dorme 6 horas por dia. Não fuma. Nos últimos anos tem lido bastante, mas todos na área de administração.
Iniciou a faculdade de Administração e de Direito, na Feevale, mas não concluiu. Em dezembro de 2023 se formará em Ontopsicologia, um curso de 5 anos que lhe levou a viajar para Santa Maria uma vez por mês, nos últimos anos, ficando lá de quinta a domingo em estudo de imersão. Adora tecnologia. Seu primeiro contato com redes neurais foi em 2004. Se distrai fazendo aplicações na Bolsa de Valores, que controla pelo celular. Já presidiu a CDL de Dois Irmãos e em âmbito estadual presidiu a Rede Mundi.
Acredita que todos temos um projeto da nossa própria natureza. E que o Universo conspira a nosso favor, quando seguimos esse projeto que nasceu conosco. Não é homem da linha de frente. Prefere a retaguarda, dando espaço para talentos e incentivando pessoas. Acredita que Dois Irmãos tem grande potencial, desde que a administração deixe as coisas acontecerem.