Editor Alan Caldas (De Fethiye - Turquia)
A estrada é de tirar o fôlego. Em cada curva (e são milhares) vê-se paisagens deslumbrantes na costa azul-turquesa desta incrível Turquia. Acima da estrada, nas montanhas, nos acompanha ora uma aridez profunda ora florestas exuberantes, com verdes pinhais e belvederes que ficam gravados na memória.
As falésias de cores cinza, ocre e verde, pelas quais serpenteia o asfalto, aqui e ali de vez em quando mergulham nesse mar com tantos tons de azul que nem se encontra a palavra certa para lhe dar um nome. Em muitas curvas, vê-se lá embaixo no mar Mediterrâneo pequeninas praias de enseada que parecem sair de um conto de fadas. Ilhas se levantam lá no Mar. E há calma, paz e beleza por todos os lados. Não tem como descrever item por item disso. Me desculpo. Essa estrada é um quadro de tão imensa beleza, esculpido na natureza que é impossível descrevê-la. O Criador a desenhou, é claro. E quem pariu Mateus que embale. Não me arrisco. Ele que defina.
A cidade de Fethiye é também o ponto de partida da famosa caminhada da Via Lícia. É a trilha de 500 km que aficionados percorrem daqui até Antalya, passando por povoados em que vivia na antiguidade o povo Lício. Deste porto de Fethiye partem diariamente barcos para conhecer entre outros o “Butterfly Valley”. É uma praia deserta com um canyon protegido por um penhasco de quase 2 mil metros de altura.
Por aqui está também a famosa e culturalmente assustadora cidade fantasma de Kayaköy. Ela é o símbolo do intercâmbio populacional forçado entre Turquia e Grécia, ocorrido em 1923, no final da Guerra Greco-Turca. A Turquia expulsou os gregos católicos naquela guerra e foi assim que se tornou República. Ali em Kayaköy moravam os católicos. E, ao final dos confrontos, eles foram desalojados e enviados à força para a Grécia. Suas casas ficaram. E o local, hoje ainda desabitado, em 100 anos tornou-se uma ruína assustadora. É uma real cidade fantasma.
Viajamos ao acaso. Vamos onde o karma nos leva. E aqui em Fethiye, da sacada de onde estamos agora, ontem avistamos umas portas com colunas cravadas lá longe na montanha.
– O que é aquilo? – perguntou a Angela.
E fomos conferir. Ao chegar, uma surpresa: não são monumentos. São túmulos. Portas de entrada das tumbas onde enterravam na antiguidade o povo Lício. Um cemitério inteiro em buracos cavados nas pedras da montanha. Não um. Dezenas, pois estão por muitas das montanhas.
Fethiye é uma cidade mercantil. É um centro agrícola na orla desta baía que abriga um grande porto. Ela ocupa hoje o lugar que na antiguidade era a cidade de Telmesso, na época de Alexandre, o Grande. É banhada pelo Mediterrâneo e tem um porto imenso de onde centenas de barcos turísticos levam no alto do verão dois milhões de turistas para as 12 ilhas desta geografia.
Ontem, a 30 graus de calor, fomos conhecer a famosa Lagoon Beach, na vizinha Ölüdeniz. Não há descrição para tanta beleza. Nem fotos lhe fazem justiça. Tem de vir ver. É a junção do mar azulíssimo com uma lagoa, ambos de água transparente e quente, repleto de pedrinhas de seixo polidas pelo tempo. Não por acaso que foi escolhida a praia mais bonita do mundo.
Na estrutura, bares, restaurantes, lojas e pequeninas mesquitas para se agradecer a Deus no costume muçulmano. É linda. Acima dela, voam os paragliders levando homens que invejam pássaros e que saltam da mais alta montanha de Oludeniz. Ali está a pista de decolagem que tem o maior desnível de toda a Europa. É um cenário de sonho essa Lagoon Beach. Só vendo. No caminho para Fethiye uma surpresa para os cristãos: Patara.
Patara é a cidade do verdadeiro Papai Noel. É a cidade de Nicolau de Bari, o bispo católico que de tão caridoso se tornou santo, o São Nicolau. Foi esse homem que por tamanha bondade para com os necessitados acabou gerando a lenda do bondoso Noel e Natal, hoje comemorado ao redor do mundo no dia do nascimento de Jesus Cristo.
Como idealizador e um dos 3 criadores do Natal dos Anjos em Dois Irmãos (junto com o prefeito Renato Dexheimer e o presidente da CDL Flávio Vier) não há como não me emocionar ao saber disso.