Por Alan Caldas – Editor
Nós, gaúchos, temos o privilégio de ter bem próximos três países. E isso permite em poucas horas se estar no Uruguai e Argentina, ou ali no Paraguai. Na Europa é igual. Em poucas horas se chega aos diversos países que os professores de geografia nos mostravam no mapa.
Buenas. Pois estamos em Viena, na Áustria. E no domingo, 23 de abril de 2023, era um solaço aqui em Viena. Primavera variando entre 9° e 20° centígrados.
– Vamos a Bratislava – perguntou a Angela.
– Bratislava?
– Sim. Bratislava. Capital da Eslováquia. Vamos lá?
Roupa. Tênis. Mochila. Água. Pé na estrada. Lá vamos nós à Eslováquia. Alguém sabe onde é?
Estamos num apartamento em Innere Stadt, o centro de Viena. Ao nosso lado tem a Igreja de Santo Estevão. Tão grande que o sino pesa 21 mil quilos. Imagina as badaladas. Passamos sem olhar muito para ela e fomos à Hauptbahnhoff, a estação central de trens de Viena. Dá para ir de ônibus para a Eslováquia. Ou de barco, pelo poético rio Danúbio. Mas nós optamos por trem. No guichê eletrônico, passagem para 2 até Bratislava a 22 euros. Trem na plataforma 4. Embarque. Máquina em movimento e, 60 minutos depois, lá estávamos nós.
Consegue acreditar? Sessenta minutos e nós em Bratislava, capital da Eslováquia. Da estação até o Centro Histórico de Bratislava fomos de ônibus, por 90 centavos de euro. Mas não precisava. São só 3 quilômetros. O Centro é bonito. E exótico. As propagandas são em eslovaco. Se entende nada. Tem calçadões e praças superlotadas de turistas falando línguas de todas as nacionalidades imagináveis. O Centro Histórico se conhece em poucas horas. E se resume mais ou menos em:
– Castelo de Bratislava,
– Ponte UFO,
– Catedral de São Martinho,
– Praça Hlavné,
– Estátua Cumil (O Observador),
– Portão de São Miguel,
– Praça Hviezdoslavovi,
– Igreja Azul e
– Castelo de Devín.
Fora isso é aproveitar restaurantes, cafés, cervejaria e longas filas nas sorveterias. O povo é extremamente gentil. Estatura baixa. Pele não muito clara. Olhos variados. Têm um “quê” de “ciganos”. Muito amáveis todos os eslovacos. E a razão é simples, pois 1 bilhão e 300 milhões de euros chegam a eles todo ano graças ao turismo. Então eles tratam bem quem lhes visita.
A economia da Eslováquia tem boa produção de aço, plásticos, materiais de construção, fertilizantes, produtos alimentares, bebidas e tecido. Mas 1 bilhão e 300 milhões de euros que vêm do turismo nenhum dos 5 milhões de eslovacos é bobo se desprezar.
Almoçamos no restaurante “Meine Großmutter” (Minha Avó). Servem uma quentíssima sopa de repolho com páprica picante. E um delicioso “Schweineknie”, que é o joelho de porco que comemos em Dois Irmãos. Cerveja para o Herr. Vinho para a Frau. E, depois, para “baixar a comida” mais passeios.
Na volta e para conhecer as ruas, num dobra esquina aqui, sobe ladeira ali, atravessa galeria lá, fomos caminhando os 3 km até a estação de trem de Bratislava. Por sorte a Angela tem localização de GPS no cérebro. É incrível. É um dom dela. Nunca se perde. E vou na carona. Passagem. Embarque. E uma hora depois estamos de volta a Hauptbahnhoff de Viena. Mais 3 quilômetros e... casa.
No total, 8 horas. Saída às 12h. Volta às 20h30.
Não é incrível isso? Tão longe. Tão perto. Parece o Admirável Mundo Novo.
Curiosidade histórica:
DE ONDE VEIO A ESLOVÁQUIA?
Após a primeira Guerra Mundial, em 1918, acaba o Império Áustro-Húngaro e surgem países que para poder ser um país se obrigavam a unir culturas diferentes. Entre esses estava a Tchecoslováquia, que surgiu da união de dois povos que pouco tinham a ver um com o outro: os tchecos e os eslovacos. Era bom para ambos, ser país. Mas eles não se entendiam nem na língua. O tcheco é um idioma. O eslovaco é outro. Mas viraram um país, a Tchecoslováquia. Tudo bem, mas... confusão à vista!
A Tchecoslováquia surgiu como país capitalista. E ficou assim até o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945. Naquela época o país tinha sido invadida por Hitler e os nazistas passaram a botinar o povo tcheco e eslovaco. Então eles pediram ajuda para Stalin, chefão da Rússia. Stalin mandou o Exército Vermelho ir lá e colocou os nazistas para fora, libertando a Tchecoslováquia. No fim da guerra, o mapa geopolítico da Europa foi reescrito e a Tchecoslováquia imediatamente virou socialista. Ficou sob influência soviética até que, em 1988, a Igreja Católica liderou um movimento que ficou conhecido como Manifestação das Velas.
Em uma noite, na cidade de Bratislava, algo perto de 10 mil católicos foram às ruas empunhando velas e desafiaram o comunismo, pedindo democracia. A União Soviética veria o início do seu fim em 1988, na queda do Muro de Berlin. Nada teve a ver com a Tchecoslováquia. Porém, em decorrência daquela Manifestação das Velas, surgiria a Revolução de Veludo. Liderada por Vlaclav Ravel, líder de um tipo de resistência pacífica, esse movimento deu início ao fim da Tchecoslováquia. Através de manifestações sem luta nem sangue (por isso “de veludo”) acabaria pacificamente a Tchecoslováquia e surgiriam em janeiro de 1993 dois novos países:
– A República Tcheca, com 10 milhões de habitantes e cuja capital é Praga, e
– A Eslováquia, país que tem 5 milhões de habitantes e cuja capital é Bratislava. Que visitamos no domingo, rapidamente, por estar a uma hora de trem de Viena, na Áustria.