Por Alan Caldas (Editor)
Ontem foi lindo de ver as senhoras organizando o local onde, na sexta-feira, 29, ocorrerá o 12º Almoço de Kerb das Miguelinas. O cartão é 75 reais. Mas é um banquete. Vale cada centavo. É o único momento possível de ainda se olhar para trás na história e sentir como eram os Kerbs de antigamente. É imperdível. Mesmo. I-m-p-e-r-d-í-v-e-l. Comida ótima. Sobremesa espetacular. Spritzbier de qualidade. Música. Famílias reunidas. Alegria. Paz. Respeito. É tudo de bom.
O Almoço de Kerb das Miguelinas é um olhar no passado. É uma visão cultural lá de 1829, quando os alemães repletos de fé, esperança e uma força de trabalho inquebrantável atravessaram o mar e vieram aqui fundar esta cidade de Dois Irmãos que amamos.
Esse almoço é como uma reunião familiar coletiva, muitas famílias se transformando em uma só família, a Família Dois Irmãos, onde com alegria se come, bebe, sorri, reza, revê amigos e se faz novas amizades.
O Almoço de Kerb das Miguelinas precisa ser apoiado, incentivado e incensado. Ele nos põe de frente com a cultura da qual surgiu toda esta região germânica. É um momento único em Dois Irmãos, porque nele se vê e revive a antiga e saudável tradição do Kerb em família.
Os tempos mudaram. E mudaram porque as pessoas mudaram. Porque os costumes mudaram. Porque os padres e os fiéis mudaram.
Mas, o que fazer? Vamos nos adaptando e tentando ser feliz nesse ambiente de tantas diversidades culturais que vão surgindo entre nós. Então, quando temos algo como esse Almoço das Miguelinas, não podemos perder. Temos de colaborar. Participar. Incentivar. Dizer “muito obrigado” para essas senhoras. Elogiar o que elas fazem pela cultura e por nós. E nos dar conta de que momentos como esse almoço são, talvez, o último resquício daquela cultura de comunidade da qual todos sentimos saudade.
Fiquei aqui pensando:
– Quem são as Miguelinas?
Puxei os arquivos da memória e recordei que elas faziam parte do antigo Clube de Mães, aquele grupo que apoiava os eventos do Colégio Imaculada Conceição. Foi aquele Clube de Mães, eu recordo, que no dia 4 de junho de 2000 organizou a Festa de Comemoração dos 100 Anos do Imaculada.
Por razões que não recordo, o grupo migrou da escola para a Igreja, em 22 de abril de 2008. E, se não me falha a memória, foi o padre Paulo Bervian, o Pároco aqui na época e hoje Pároco de Ivoti, que as acolheu para serviço voluntário na Igreja. Elas se tornaram, então, uma forma de a Igreja realizar promoções que ajudariam no caixa da instituição.
Em 2009 aquele Clube de Mães organizou um primeiro almoço. Elaborou tudo exatamente como era nos almoços de Kerb de antigamente. Deu um público pequeno, 50 pessoas ou pouco mais. Mas elas não desistiram.
Um ano depois, chegou a Dois Irmãos o padre Dirceu Ritter. E o Dirceu era empolgado com os assuntos culturais. Era, também, um administrador. E entendia de semiótica, o Dirceu. E o Clube de Mães passou então a chamar-se de As Miguelinas. Uma homenagem ao arcanjo São Miguel. E foi assim que, com apoio irrestrito do Pároco, As Miguelinas se empolgaram também, e elaboraram em junho o evento de Sopas, Bolinhos & Vinhos. Depois, fizeram o Almoço das Miguelinas, em setembro. E criaram, com grande respeito da comunidade empresarial, que doou brindes, um Bingo Paroquial, em novembro. Sempre com sucesso. E jamais se envolvendo com dinheiro, pois tudo que elas faziam era sempre administrado pela Secretaria da Paróquia.
Além disso, reunidas sempre às quintas-feiras, a Pastoral de Serviços, como o padre Dirceu as chamou, teve e tem diversas atividades em prol da Igreja. Lembro, por exemplo, que quando a nova residência paroquial foi inaugurada, foram as Miguelinas que “vestiram a casa”, costurando todas as roupas de cama, banho e cozinha necessárias ao novo lar.
O trabalho das Miguelinas, que são todas mulheres acima de 55 anos, é sempre apoiado pelos Miguelinos, os esposos delas, homens que nas promoções as auxiliam par-e-passo, imbuídos da mesma fé e disposição delas, que é fazer sempre o melhor pela e para a Igreja.
Dois Irmãos tem diversas pastorais e pessoas trabalhando em prol da fé e da Comunidade Católica. Todos fazem isso por amor a Cristo. E por respeito à comunidade. E sentimento de comunidade foi o que sempre sustentou o alicerce da nossa cidade de Dois Irmãos.
Não perco esses almoços. Adoro ir lá. Eles me lembram a Dois Irmãos de pessoas adoráveis que encontrei quando chegamos aqui, lá no distante 1983. E essa recordação vale ouro. Como ouro vale todo esse grupo de trabalhadoras divinas, chamadas de As Miguelinas.
INTEGRANTES
Rosane Rohr
Terezinha Reichert
Ceci Reckziegel
Livena Giehl
Deodata Cardoso
Cláudia Maria Weber Guth
Irmã Lúcia Mallmann
Irmã Lucilla Thiele
Inês Werle
Noêmia Seibel
Semilda Lauermann
Edite Reckziegel
Maria Postai
Otília Stoffel
Maria Leoni Dapper Fröhlich
Leonilce Manfrin Binotto