Editor Alan Caldas (De Tel Aviv - Israel)
Israel tem 9 milhões de habitantes e Tel Aviv, que é sua capital, foi de fato o primeiro município judeu moderno construído em Israel. O nome Tel Aviv em hebraico significa “a colina da primavera”. Foi fundada em 1909 e após a Segunda Guerra Mundial muitos judeus que viviam pelo mundo vieram para cá.
A cidade cresceu rápido e agora tem 480 mil habitantes. Tel Aviv é dinâmica. É agitada. E é totalmente diferente de Jerusalém. É impossível não comparar. Jerusalém é a fé rígida e lá se vê milhares de jovens vestidos ao estilo deles, com calça preta, camisa branca, chapéu e trancinhas nos cabelos, e lá o quipá cobre todas as cabeças masculinas. Em Jerusalém todas as mulheres judias têm a cabeça coberta por aquele lenço tipicamente enrolado para cima. Lá em Jerusalém estão milhares de homens árabes e mulheres de hijab, no estilo de vestir muçulmano. E estão, também, milhares de cristãos.
Assim, Jerusalém é a fé.
É a Torá, a bíblia judaica.
É o Alcorão, a bíblia muçulmana.
E é a bíblia cristã.
Em Jerusalém está a mesquita de Al-Aqsa. É o local sagrado dos muçulmanos e de onde o profeta Maomé ascendeu ao céu. Em Jerusalém está o Muro das Lamentações. É o local sagrado dos judeus porque é parte do templo construído pelo Rei David. Em Jerusalém está o Santo Sepulcro de Jesus Cristo. Jerusalém é a Terra Santa. É o âmago, a essência das religiões muçulmana, católica e israelita. E lá as pessoas vivem como a fé manda.
Já aqui em Tel Aviv muito pouco disso se vê. Existe o judaísmo, mas você não se sente vivendo na história, como se sente em Jerusalém. A distância física entre Jerusalém e Israel é de apenas 66 quilômetros. Coisa de nada. Mas culturalmente é uma distância abissal. Tel Aviv é dinâmica. É jovial. É moderna. É alegre. É esfuziante. Sua noite é agitadíssima. Tem música e festa nos bares e restaurantes. E no tocante a roupas Tel Aviv é igual a qualquer outra cidade ocidental. É tipo assim, tudo a mostra. Inclusive se diz e orgulha de ser “gay friendly”, o que seria totalmente inconcebível em Jerusalém.
A vida coletiva aqui na capital de Israel é agitada. Seu mar é o Mediterrâneo e tem um calçadão magnífico. Praias são 13, estendidas em 15 quilômetros de orla. Praia de água quente, diga-se, e a areia é clara e fininha. A orla é lotada de jovens praticando jogos. Vôlei de praia. Futevôlei. Frescobol. Vôlei. Gamão. Frisbee. Tem grupos se exercitando. Famílias passeando. Gente correndo. Patinetes indo e vindo o tempo todo. Tem centenas de bares e cafeterias com cerveja e vinho. E muitos restaurantes servindo: Shawarma (o “Xis-tudo” de Israel... kkk), Shakshuka, ‘Msabahha (à base de hummus) e Falafel.
Na praia as roupas são como no Brasil: biquínis curtíssimos, maiôs, (alguns) fio dental e sungas nos homens. Observei que sob o ponto de vista do biotipo o povo judeu não tem uma característica típica. “Por que será?”, eu me perguntei. E a única resposta que encontrei é que os judeus estiveram desterrados desde muito tempo. Se espalharam pelo mundo. E, em razão disso, hoje você vê judeu de todos os aspectos físicos. Tem loiro. Tem moreno. Tem pardo. E vi judeus negros, inclusive usando quipá e trancinhas no cabelo.
Na questão econômica, aqui em Tel Aviv tem judeu bem de vida e judeu mal de vida. Vi alguns solicitando esmola. E, para minha surpresa, vestiam o traje típico judaico, com chapéu e trancinhas. Isso foi mais surpreendente que tudo.
Seguindo pelo calçadão da praia você chega em Jaffa. É a Tel Aviv antiga. Era um porto no passado e hoje é bairro turístico. As construções ao estilo Bauhaus em Tel Aviv são motivo de turismo e lhe renderam o título de Patrimônio Cultural da Humanidade. Tel Aviv tem dois museus. Um deles com belos originais de Rembrandt, Renoir, Kandinsky e outros.
E sobre Israel é isso: a praia e seu calçadão. Jaffa, as construções Bauhaus. E os dois museus. É bom? É. Mas é só isso. E é caríssimo. Jerusalém é bem mais atraente, embora também caríssimo.
LEGENDAS DAS FOTOS (pela ordem na galeria)
1. Acima e abaixo, a orla de Tel Aviv, banhada pelo Mar Mediterrâneo, com sua água quente e areia clara e fina.
2. Na foto não se consegue captar o efeito, mas esse prédio tem pequenos espelhos na sacada e com o sol da tarde eles brilham, dando impressão de que são bolas de um pinheirinho. Muito incrível. Parabéns ao arquiteto!
3. O estilo Bauhaus foi trazido pelos judeus que migraram da Europa após as perseguições e ergueram, em Tel Aviv, a engenharia de construção que conheciam. Hoje são tantos prédios desses recuperados e em recuperação, que a cidade foi considerada Patrimônio da Humanidade.
4. Jaffa é a Tel Aviv antiga. Hoje é um bairro turístico. Uma olhar no passado urbano de Israel.
5. Acima e abaixo um momento na City Beach, uma das 13 praias de Tel Aviv.
6. Sequência de fotos do movimento no litoral de Tel Aviv. Os patinetes seguem sendo um modo rápido e barato de transporte.
7. Um homem pede esmola
8. Lá atrás está o Muro das Lamentações
9. Antes de entrar e tocar no muro é preciso lavar as mãos aqui
10. O Muro das Lamentações originalmente era um muro de contenção que sustentava o templo aqui construído pelo Rei Davi.
11. No Muro das Lamentações, a exigência é que se cubra a cabeça com o quipá, esse chapeuzinho
12. Mulheres são ficam obrigadas a ficar em separado. Elas não entram na área do Muro junto com os homens.
13. O Muro é repleto de fiéis israelitas o tempo todo.
14. O Alcorão, o livro sagrado dos Muçulmanos.
15. Essa é a mesquita de Al-Aqsa. Fica praticamente ao lado do Muro das Lamentações e da Igreja do Santo Sepulcro. Nela, segundo a fé muçulmana, o profeta Maomé ascendeu ao Céu. Este é o lugar mais sagrado dos Muçulmanos, depois de Meca.
16. E vai anoitecendo. O sol desce no horizonte do mar Mediterrâneo, que banha Tel Aviv com sua água quentinha nesta época de temperaturas altas aqui em Israel.
17. O Santo Sepulcro de Jesus Salvador, que fica igualmente ao lado do Muro das Lamentações e da mesquita de Al-Aqsa. Tudo isso faz Jerusalém ser TOTALMENTE diferente de Tel Aviv, que fica a apenas 66 quilômetros.