Fonte: GaúchaZH
Nesta segunda-feira (2), em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, o médico Drauzio Varella definiu como “exagerada” e “desproporcional” a cobertura da imprensa sobre o coronavírus. Atualmente, já são dois casos confirmados no Brasil e 87.137 no mundo – o Rio Grande do Sul apresenta 27 casos suspeitos.
— Lógico que a informação é importante, mas é preciso relativizar. O papel da imprensa é olhar o que está acontecendo nos outros países. Quantas pessoas morreram? Que idade tinham? Ninguém fala que a maioria das pessoas ficaram um dia com o nariz escorrendo, com febre e acabou. Depois, tocaram a vida normalmente — apontou Varella.
Conforme o médico, em geral o coronavírus tem gerado sintomas que não diferem de gripes comuns. Quando analisados os dados do sistema de saúde chinês, é possível constatar que não existem vítimas com menos de 10 anos e apenas dois a cada mil pacientes com até 40 anos vêm a óbito. A mortalidade cresce em indivíduos acima dos 80 anos, como toda gripe comum, de acordo com o médico.
— Essas viroses por vias aéreas são impossíveis de deter. As epidemias de gripe nos ensinaram que a sala de espera de pronto atendimentos é o lugar ideal para pegar gripe. Não tem sentido a gente criar uma correria como aconteceu na gripe suína. Isso desorganiza o sistema de saúde — acrescenta Drauzio.
SUS
Ao longo da conversa no programa, Varella defendeu com veemência o Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo ele, o Brasil foi o único país do mundo com mais de 100 milhões de habitantes que “ousou” em oferecer saúde gratuita para todos e campanhas de vacinação gratuitas. Fez menção também ao sistema de transplante de órgãos e o programa de estratégia de saúde da família serem referências mundiais.
— O que falta é dinheiro e política de organização. Nos últimos 10 anos, tivemos 13 ministros da saúde. A média de permanência é de 10 meses. O que você faz em 10 meses? — criticou.
Sobre a falta de médicos no país, Varella foi enfático: o problema é a má distribuição. Ele criticou a abertura indiscriminada de diversas faculdades de Medicina ao redor do Brasil, ponderando que a maioria dos profissionais não permanece em cidades menores e com pouca estrutura.
— O que é muito triste no Brasil é ver que continuamos cometendo os mesmos erros.
FAKE NEWS
A internet tem se mostrado um campo fértil à proliferação de desinformação sobre o coronavírus. No caso mais recente, uma igreja em Porto Alegre está sendo investigada por oferecer um suposto óleo que imuniza contra a doença.
— Isso é charlatanismo e interesse financeiro. Essas pessoas tinham que responder criminalmente. Eu mesmo sou vítima disso o tempo inteiro. Aparecem diversas propagandas de remédios com o meu nome — desabafou.