Fonte: g1 RS / Fotos: Gabriel Zaparolli/Divulgação
Uma pesquisa inédita do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mediu a incidência da queda de raios no Brasil durante o verão de 2022. O Rio Grande do Sul registrou 1,02 milhão de ocorrências. Considerando a extensão territorial do Estado, foram 3,61 raios a cada km².
– O Rio Grande do Sul é muito atingido por sistemas de tempestades grandes, que se formam na Argentina e no Uruguai – explica o coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT), Osmar Pinto Junior.
Um dos exemplos dessa condição, explica o especialista, é o raio que atingiu a divisa do RS com Santa Catarina em junho de 2020. Com 709 km de extensão, a descarga elétrica foi a maior já registrada no mundo, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM). A média nacional é de 2,5 raios por km². A relação entre o número de raios e a área de cada estado coloca SC na liderança do ranking nacional, com pouco mais de cinco raios por km². Sergipe e Alagoas, dois dos menores estados do país em território, têm as menores incidências de raios por km² (0,24 e 0,40, respectivamente).
Em todo o Brasil, foram 21,4 milhões de raios no verão: 8,8 milhões em janeiro, 8,2 milhões em fevereiro e 4,4 milhões em março. O número é 11% menor ao observado em 2021. No Rio Grande do Sul, as estações com maior incidência de raios são primavera e verão. O especialista ainda calcula um aumento de 20% a 30% nas ocorrências de raios no estado até o fim do século 21.
Cai duas vezes no mesmo lugar?
Os raios, segundo o professor Osmar Pinto Júnior, são formados a partir do atrito entre partículas de gelo em nuvens de tempestade. Se um raio pode cair mais de três vezes por km², ele também pode cair duas vezes no mesmo lugar. O coordenador do ELAT/Inpe cita o exemplo de um cartão-postal brasileiro para desmistificar a ideia.
– A prova de que a expressão não é verdade é o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro. Ele é atingido, em média, por cinco a seis raios no ano. Vai ser interessante nós acompanharmos também a incidência de raios no Cristo de Encantado, que eu vi que é mais alto que o Cristo do Rio – comenta, bem humorado, o professor Osmar Pinto Júnior.