Vereador diz que gestão foi péssima e que houve omissão por parte da prefeitura
O vereador Joracir Filipin (PT) apresentou nesta terça-feira (4) o relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou a gestão do Instituto de Saúde e Educação Vida (ISEV) no Hospital São José, em Dois Irmãos. Foram quase cinco meses de trabalho e 4,3 mil páginas de material colhido e analisado.
O relatório apresentado por Filipin tem 68 páginas e foi aprovado ontem dentro da comissão. Ele, como relator, e Paulo Fritzen (PT), como vice-presidente, votaram a favor. Elony Nyland (MDB), como presidente, votou contra. Agora, o documento deve ser votado pelo plenário da Câmara em uma das próximas sessões.
Inicialmente, Filipin lembrou que a base governista tentou derrubar a CPI várias vezes, mas que a justiça deu ganho de causa pela continuidade do trabalho. “Esse é o papel mais importante do vereador, o de fiscalizar e cobrar as ações com dinheiro público. Espero que os vereadores cumpram seu papel e votem o relatório”, comentou. Para o relator, o ISEV foi responsável por uma “péssima gestão”, mesmo tendo recebido “R$ 44 milhões da prefeitura e do Governo do Estado” no período em que esteve no hospital (2014-2018). “Da parte do município, houve omissão na hora de fiscalizar o contrato. Por isso, entendemos que o caso deve ser levado ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas”, afirmou.
No relatório, Filipin faz uma série de apontamentos sobre problemas verificados durante a gestão do ISEV, da falta de medicamentos à suspensão de exames e cirurgias por falta de pagamento aos médicos. “Laudos de exames às vezes levavam sete meses para sair porque não pagavam a empresa”, contou. “Além disso, o que deu pra perceber nas prestações de contas, é que eles não tinham uma conta específica de Dois Irmãos; o recurso se misturava ao de outros municípios”, acrescentou o parlamentar.
NOVA EMERGÊNCIA
A obra da nova Emergência 24h, que está sendo construída do lado do hospital, também mereceu investigação. De início, a proposta era o ISEV construir o prédio a partir dos recursos recebidos do Governo do Estado. O custo previsto era de R$ 700 mil, mas a obra acabou parando por falta de verba. De acordo com Filipin, o gasto informado foi de R$ 492 mil. “Deste valor, temos comprovação de R$ 160 mil; o resto não dá para identificar na prestação de contas”, afirmou, questionando o remanejo de recursos. “Como um repasse do Estado para atendimento ao cidadão pode ser transformado em tijolo e cimento? Algumas pessoas podem ter ficado sem atendimento por um desvio de função”, declarou.
O relator ainda falou sobre a empresa responsável pelo início da obra, que no seu entender não teria condições para um trabalho desta envergadura. “Era uma MEI (Microempreendedor Individual). Será que uma empresa assim tem como fazer uma obra dessas?”, indagou Filipin.