Homem manteve filha de 2 anos em cárcere privado por quase 3 horas

04/10/2021
Soldado Fabiano, da BM de Morro Reuter, esteve à frente da negociação na madrugada de sábado

Soldado Fabiano, da BM de Morro Reuter, esteve à frente da negociação na madrugada de sábado

Um homem de 37 anos foi preso na madrugada de sábado (2), em Dois Irmãos, após manter a filha de 2 anos em cárcere privado por quase 3 horas, depois de uma briga com a companheira. O fato ocorreu no bairro Floresta e foi denunciado à Brigada Militar por volta das 2h20. O indivíduo só se rendeu por volta das 5h, após negociações com a BM.

A BM foi acionada pela própria vítima, de 45 anos. De acordo com relato dela à polícia, o casal se desentendeu após voltar de uma confraternização familiar, onde estava também o ex-marido dela. Segundo ela, o atual companheiro a acusava de traição, o que teria motivado a discussão e posterior agressão física. Ela relatou que tentou fugir para os fundos de casa com a filha, porém o companheiro a alcançou e tirou a criança dela. Instantes após, o marido teria se trancado no carro com a filha, armado com uma faca. Foi então que a família acionou a BM.

 

A negociação

Uma guarnição da BM, formada por Dois Irmãos e Morro Reuter, chegou à residência e localizou o homem dentro do carro, com a criança no colo e uma faca de cozinha na mão. Era 2h22 da manhã quando a polícia iniciava a negociação para que ele libertasse a filha e se entregasse.

À frente da negociação, esteve o soldado Maurício Fabiano de Oliveira, de 33 anos. No local, estava também o tenente da BM no município, tenente Elton Dhein, e o major Pedro Alexander Beron da Cunha, além de demais autoridades policiais da região. O Bope também foi acionado e chegou a iniciar o deslocamento para Dois Irmãos, mas acabou não atuando na ocorrência. Foram quase três horas de negociação. “Não tínhamos acesso às laterais, porque a garagem era muito pequena. Nosso primeiro contato foi quando conseguimos abrir o porta-malas”, relata o soldado Fabiano, comentando que o local também era muito escuro, o que exigiu o uso de lanternas.

Para a polícia, o homem repetia constantemente que a situação era motivada por vingança. “Ele dizia que para se vingar de uma suposta traição da esposa, ele mataria a menina e depois cometeria suicídio”, conta o militar, reforçando que o primeiro objetivo da polícia era salvar a criança, e depois garantir a integridade física de todos os envolvidos na ocorrência. O homem chegou a solicitar a presença dos irmãos, para se despedir, mas o pedido não foi atendido.

As quase três horas de negociação exigiram muita calma e profissionalismo. “Sem falar alto, sem julgamento, com empatia. Uma palavra errada, uma atitude precipitada poderia culminar em uma tragédia”, destaca Fabiano, que enfrentou situação semelhante há cerca de 3 anos, quando atuava em Taquara.

Já por volta das 4h30 da manhã, o homem acabou dormindo. Segundo a polícia, ele só acordou cerca de meia hora depois, com o choro da filha, que também tinha acabado de acordar. Foi a partir dali que a negociação se encaminhou para o fim. “Não tentamos nenhuma intervenção porque ele poderia acordar no susto e ferir a criança”, comenta o soldado, contando que o primeiro contato visual entre o indivíduo e o policial ocorreu só por volta das 5h. Treze minutos depois, aparentando estar mais calmo e após nova conversa com o soldado, o homem decidiu entregar a filha. “Primeiro ele entregou a faca, depois a criança”, conta o soldado Fabiano, recordando o momento em que foi até a porta do carro e resgatou a menina. “Foi uma sensação de alívio, de tirar um peso das costas”, conta ele. Assim que a menina estava em segurança, a polícia efetuou a prisão do homem, que não esboçou nenhuma reação.

Preso pela BM, o homem foi apresentado na Delegacia de Pronto Atendimento (DPPA) de Novo Hamburgo, onde foi registrado o flagrante por lesão corporal, sequestro e cárcere privado. Segundo a polícia, o homem já tinha ocorrências por lesão corporal, ameaça e injúria.


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