Delegado Felipe Borba
Dado divulgado pela Delegacia de Polícia de Dois Irmãos revela que, em 2023, golpes causaram prejuízo de mais de R$ 2 milhões e 200 mil a vítimas em Dois Irmãos e Morro Reuter.
De acordo com o delegado Felipe Borba, no ano passado foram registradas 428 ocorrências de estelionato na delegacia local. Este número reúne casos em que houve prejuízo financeiro e também as tentativas de golpe. “O número de ocorrências deste tipo é invencível por qualquer órgão policial”, lamenta o delegado, ressaltando que a polícia atua na repressão a estes crimes, no entanto afirma que a prevenção também se faz extremamente necessária nestes casos.
No ano passado, por exemplo, agentes da delegacia distribuíram 3 mil cartilhas sobre golpes/estelionatos, com o intuito de orientar principalmente os idosos. A cartilha contém informações sobre 14 golpes e reforça cuidados que devem ser tomados pelas pessoas, como desconfiar de propostas muito vantajosas e evitar passar dados pessoais ou bancários por telefone. No Rio Grande do Sul, conforme dados da Secretaria de Segurança Pública, foram registrados 87.037 casos de estelionato entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2023.
Casos mais comuns
Golpes antigos seguem fazendo vítimas nos dois municípios. Um dos mais comuns é o do falso parente ou amigo precisando de ajuda. Neste caso, o golpista manda mensagem explicando que está com dificuldade de pagar uma conta e solicita que a vítima faça uma transferência ou pague um boleto, prometendo restituir posteriormente. Sem tentar conversar com o parente ou amigo, a vítima faz a transação e só depois descobre que foi vítima de estelionato. “Muita gente ainda cai neste golpe”, lamenta o delegado.
O golpe dos nudes também é registrado com frequência. Nestes casos, geralmente homens trocam fotos e informações com uma suposta mulher, que mais tarde alega ser menor de idade. Então aparece alguém se fazendo passar por policial ou o suposto pai da jovem para extorquir a vítima a pagar algum valor para evitar a prisão ou a revelação da relação à família.
Também chama a atenção o número de pessoas que cai no golpe do falso intermediário, no qual o golpista entra em contato com a vítima após ela ter feito algum anúncio em um site de vendas. Depois, ele cria um novo anúncio (falso) com os dados do produto, mas com valor mais baixo. Consegue vender, mas não entrega o bem, deixando o primeiro vendedor e o comprador em litígio para ver quem arcará com o prejuízo. “Nestes casos, os prejuízos costumam ser mais altos”, relata o delegado Borba, reforçando que o golpe envolve na maioria das vezes negociação de veículo.
Delegado chama atenção para novo golpe
Recentemente, dois registros chamaram a atenção para um novo golpe, ocorrido após agendamento de encontros com supostas acompanhantes. O homem acredita estar conversando com uma garota de programa e agenda um encontro, no entanto, em determinado momento, a vítima recebe uma ligação de suposto membro de facção, dizendo que a mulher pertence ao grupo criminoso e passa a extorqui-lo, ameaçando contar para a família caso o homem não pague a quantia exigida. “Em um dos casos, o homem foi ao local do encontro, mas a suposta acompanhante não estava. Depois, passou a receber ameaças”, comenta o delegado.
Polícia orienta a não efetuar pagamentos
Independentemente do tipo de golpe, a Polícia Civil orienta que jamais seja efetuado qualquer pagamento. “Por mais que seja motivo de vergonha ou constrangimento, a orientação é, sempre, procurar uma delegacia e relatar a situação”, destaca o delegado Borba.
A polícia também reforça cuidados que devem ser tomados em negociações online, por exemplo. “Se está vendendo algum bem, não se desfaça dele antes de se certificar de que o dinheiro está na sua conta. Não se contente com comprovantes, que podem ser falsos, ou, ainda, de pagamentos agendados, que podem ser cancelados”, reforça.