Jeferson Oliveira da Silva, do bairro Portal Serra (Fotos: Divulgação / Câmara)
Moradores de áreas atingidas pelas enchentes dos dias 15 e 16 de junho ocuparam a tribuna popular da Câmara de Vereadores de Dois Irmãos na última segunda-feira (3). Eles mostraram preocupação com o futuro de famílias que vivem em áreas de risco.
Jeferson Oliveira da Silva, do bairro Portal Serra, destacou a importância do aluguel social, aprovado pelo Poder Legislativo na semana passada, mas reiterou a necessidade de se buscar uma solução permanente.
– Mesmo que seja em local de risco, que seja uma situação precária, isso é tudo o que as pessoas têm. Minha família mora naquele local há 45 anos, e até o presente momento nenhum dos prefeitos se interessou em fazer alguma coisa. Algumas pessoas já se inscreveram em projetos sociais para serem retiradas de lá; sabem que é uma APP (área de preservação permanente), mas não têm para onde ir. Todos sabem que aqui na cidade os terrenos custam R$ 200 mil, R$ 300 mil, e se olhar pelo padrão de vida que essas pessoas levam, dá pra ver que não têm esse valor para desembolsar em um terreno – observou.
Ele cobrou uma posição da prefeitura e dos vereadores sobre o assunto, e lembrou que o município tem terrenos disponíveis para habitação popular.
– Minha casa foi arrastada 6 metros de onde ela ficava, e eu não tenho para onde voltar. O aluguel social foi de valor razoável – cerca de R$ 1,1 mil, mas aqui em Dois Irmãos a gente não acha uma casa por menos de R$ 1,3 mil, R$ 1,4 mil. Muita gente falou ‘vocês querem que a prefeitura pague tudo?’ Sim, porque essas famílias foram pegas desprevenidas, e o aluguel social vai ajudar por seis meses, mas e os próximos meses? Como essas famílias vão se colocar, tendo uma vida planejada na sua rotina, e depois de seis meses ter que desembolsar esse valor integral, tendo a prefeitura terrenos disponíveis para realocar essas famílias?
Problema antigo
Morador do bairro Navegantes há 18 anos, Adão Derci Oliveira lembrou que o problema das enxurradas não é de hoje.
– Nós já sofremos uma inundação em 2011, mas não como desta vez. Agora, a água chegou até a barriga e perdemos tudo dentro de casa. Na frente da minha residência, foram seis moradias; na Rua São Paulo também teve algumas casas que inundaram, sem contar outros pontos do bairro. Além do rio ser estreito ali, ele é muito baixo, e a ponte que fica na frente de casa afunila, jogando a água para fora. Faz muito tempo que não vejo uma limpeza no rio. Depois desta inundação, há muitas árvores e galhos caídos, e ninguém apareceu para dar uma olhada. Pelo que vi nos sites, está previsto um outro ciclone extratropical, e aí, como vamos ficar? Vamos passar de novo por essa inundação? – questionou.
Christian Fernando Riczliski também chamou atenção para a situação no Navegantes.
– Nos fundos dessas casas onde o Adão e meus avós moram, fica a Rua São Paulo, que na Páscoa de 2011 veio a ceder e os moradores tiveram que usar de recursos próprios para fazer uma contenção. O que nos preocupa é que essa propriedade que fica atrás de duas casas voltou a ter deslizamento de terra; foi feito um protocolo na prefeitura para que geólogos e engenheiros viessem até o local, porém isso não aconteceu ainda – comentou.