Em 1959, ele foi o Presidente da Comissão Emancipadora de Dois Irmãos. Na foto, é o 4º da esquerda para a direita, com Leonel Brizola assinando a emancipação
A história de Dois Irmãos está ligada a todos os habitantes, mas a alguns mais que outros. José Victor Rausch, por exemplo.
José Victor Rausch foi o quinto filho de Nicolau Rausch e Catharina Rausch. Neto do imigrante Carlos Rausch, ele nasceu em Dois Irmãos no dia 7 de dezembro de 1922. A família não era muito grande, e Victor teve como irmãos Urbano Rausch, que viria a ser padre, mais Carlos Rausch, Hedwig Rausch e Maria Rausch, que casaria com Justino Antonio Vier, o primeiro prefeito de Dois Irmãos.
José Victor estudou no Colégio Imaculada Conceição, inicialmente. Então, seguiu para cursar o ginásio no Colégio São Jacó, em Novo Hamburgo. De onde saiu para, mais tarde, no Colégio Rosário, em Porto Alegre, formar-se como Contador, em 1944. Formado, passou a trabalhar com seu pai no Cartório. E, com a morte prematura do pai, José Victor assumiu a função de Escrivão Distrital no ano de 1945.
Solteiro que estava, José Victor foi a um baile na Sociedade Atiradores de Dois Irmãos. E ali estava, também, a jovem Genny Therezinha Both, que morava em Porto Alegre e veio a passeio até Dois Irmãos. Olharam-se. Gostaram-se. A moça se vestia muito bem, pois era filha de alfaiate. José Victor se encantou e já surgiu um namoro. Que, igualmente num já, tornou-se um casamento com Victor e Genny dizendo o “sim” e tendo, como fruto do amor, os filhos Vera, Bernadete, Victor Luiz, César e Maria Inês.
Victor gostava de futebol. Mas não era atleta. Só apreciador. Lhe faltava aptidão para os dribles. Gostava desde que estudou em Porto Alegre e torcia, então, na Capital para o Esporte Clube Renner. Mas o Renner fechou. E José Victor tornou-se o mais vigoroso torcedor do que ele chamava de “glorioso” Sport Club Internacional. Ao longo de sua vida, o “Inter” seria sua grande paixão esportiva, e ele foi Cônsul do time em Dois Irmãos por mais de 20 anos e sócio desde a década de 60 até seu último dia de vida.
Em Dois Irmãos, na área esportiva, José Victor foi um dos fundadores do Clube Vila Rosa. Nunca jogou. Mas incentivava e participava. Foi Presidente e Secretário do Vila Rosa em diversas ocasiões. Também apreciava um Bolão, e participou de grupos de bolão na Sociedade Atiradores, da qual era frequentador assíduo.
José Victor sempre esteve próximo dos fatos mais importantes na então Vila e, depois, cidade de Dois Irmãos. No final da década de 1940, por exemplo, ele foi nomeado pelo prefeito de São Leopoldo e desempenhou os cargos de Sub Prefeito e também Sub Delegado, da então Vila de Dois Irmãos.
Sempre engajado nas causas comunitárias, aos 35 anos de idade José Victor foi um dos líderes do movimento emancipacionista do então distrito de Dois Irmãos. Era uma batalha dura. Foram dois anos de grandes debates, de idas e vindas, de “sim” e de “não” entre participantes da comunidade que queriam e outros que não queriam a emancipação.
José Victor foi eleito entre seus pares como Presidente da Comissão de Emancipação de Dois Irmãos. E, junto com outros líderes, viu sucederem-se muitas reuniões, discussões, pedidos sem fim junto a autoridades estaduais até conseguir-se a realização do Plebiscito de Emancipação. Mas valeu o esforço. No dia 10 de setembro de 1959, com a chancela do então governador Leonel de Moura Brizola, o distrito se tornava cidade, emancipava-se de São Leopoldo e surgiu, finalmente, o município de Dois Irmãos.
Este feito foi a maior honra da vida desse dois-irmonense ilustre que, hoje, 7 de dezembro de 2022, se vivo estivesse completaria 100 anos de vida.
Feita a Emancipação, vieram as eleições. José Victor participou dessas também, como candidato a vereador, e foi o vereador mais votado daquele pleito. Porém, não chegou a assumir o cargo, pois ser vereador era incompatível com a função de Escrivão Distrital que ele já exercia. Com o passar do tempo, aliás, passou a ser Tabelião, e seguiu na profissão até completar 70 anos, quando, por lei, teve de sujeitar-se a aposentadoria compulsória, em 1992.
Na vida se entra e se sai. É fatal. Chegou, sabe que vai sair um dia. E José Victor costumava dizer, brincando, que se chegar aos 70 anos já seria o bastante para viver. Era uma brincadeira. Mas pareceu profecia, pois acabou se confirmando.
José Victor completou 70 anos em 7 de dezembro de 1992, e faleceu em 31 de janeiro de 1993. Foi vítima de uma doença pulmonar causada, segundo dizem, pelo cigarro, vício que ele cultivou desde a sua adolescência.
(Por Alan Caldas – Editor)