Fonte: g1 RS
Hospitais do Rio Grande do Sul estão retomando a rotina de transplantes de órgãos, mas os números ainda não alcançaram o período pré-pandemia. Mais de 2,5 mil pessoas estão à espera de um transplante de órgão no estado, segundo a Central de Transplantes.
O motorista Claudio Schmitt foi um dos pacientes que conseguiu sair da fila este ano. Ele trabalhava em uma madeireira em Canoas, quando, ao tentar consertar o carro, a ferramenta escapou da mão e atingiu o olho esquerdo, em 2019. Quase três anos depois do acidente, em julho, ele conseguiu fazer um transplante de córnea. Atualmente, 979 pessoas aguardam para fazer a mesma cirurgia no RS. Para o transplante de rim, são 1,3 mil pacientes.
Pandemia
O número de transplantes, que teve queda com a pandemia, ainda não apresenta uma retomada consistente. De acordo com a Secretaria da Saúde, em 2019, foram quase 700 transplantes. O número caiu em 2020, mas não tanto, chegando a 500. Piorou em 2021, chegando a 420 transplantes. Em 2022, até junho, foram 221.
Só em julho, o Hospital de Clínicas de Porto Alegre fez 19 transplantes de rim. No auge da pandemia, chegou a ficar dois meses sem realizar transplantes. “Estamos com uma ótima expectativa de recuperação em relação ao que vivenciamos durante a pandemia. Os anos de 2020 e 2021, fizemos menos que a metade do que o número anual de transplantes que era o nosso padrão que vinha se mantendo há muitos anos. Esse ano a gente percebe uma recuperação”, afirmou o chefe do Serviço de Transplantes do HCPA, Roberto Manfro. Embora a recuperação ainda não seja total, a expectativa de Manfro é de que neste segundo semestre sejam alcançados índices anteriores à pandemia. Em 45 anos, o Clínicas já realizou 2,5 mil transplantes de rim.
Na Santa Casa, na Capital, a expectativa também é pela recuperação do número de cirurgias. Entre janeiro e junho deste ano, foram 219 transplantes, pouco menos que os 253 do mesmo período de antes da pandemia. “Tinha primeiro a questão da Covid e isso aos poucos vai se vencendo, e a flexibilização dos protocolos também nos ajuda a melhorar isso. Outra frente é o problema da negativa familiar. Estamos fazendo uma campanha de conscientização pra que quem é doador avise a família”, afirmou o coordenador da Central de Transplantes do estado, Rogério Caruso.