Carolina Louise Cardoso, Adriana Trierweiler, Mariana Rosa da Silva, Nadia Helena Schneider e Dulce Garcia
O Projeto Desenvolver Bem começou com uma observação da fonoaudióloga Carolina Louise Cardoso, ao reparar que a pandemia gerou questões no desenvolvimento das crianças do município de Dois Irmãos. A ideia foi desenvolvida no Núcleo de Apoio às Escolas (NAE) em 2021 e segue este ano. “Pensamos em trabalhar a primeira infância, que fica na faixa etária de 0 a 6 anos, pois é uma parte crucial para o desenvolvimento”, diz Carolina.
O projeto é realizado através de conversas diretamente com os pais, de modo a sanar dúvidas e explicar sobre o que é esperado no desenvolvimento em cada fase da vida da criança. Além disso, serão realizadas oficinas sobre temas específicos, como as emoções ou sobre o bico e a mamadeira. A coordenadora do NAE, Adriana Trierweiler, explica que a intenção é trabalhar preventivamente, para que no futuro não exista uma demanda maior na área da saúde e que no presente os alunos possam ter acesso a um atendimento especializado, caso seja necessário.
A primeira escola a participar foi a Carlos Rausch (Vale Direito), na metade do ano passado. Este ano participaram as escolas Matheus Grimm (Portal da Serra), Felippe Wendling (Bela Vista), 29 de Setembro (Moinho Velho), Clarice Arandt (São João) e Jardim da Alegria Beira Rio). O projeto Desenvolver Bem estará presente em todas as escolas municipais de Dois Irmãos, sendo uma ponte interessante entre os conhecimentos do NAE e as dúvidas dos pais e responsáveis.
Entenda como a pandemia afetou o desenvolvimento infantil na visão das especialistas:
Carolina Louise Cardoso, fonoaudióloga
– Percebi um atraso no desenvolvimento da linguagem, que vai desde a compreensão até as questões de expressão. Às vezes a criança consegue falar, mas ela não constrói as frases de uma forma tão clara ou como seria esperado para a faixa etária. Outras falam poucas palavras para a faixa etária e as trocas de palavras ficaram mais acentuadas depois da pandemia.
Mariana Rosa da Silva, psicóloga
– Nas habilidades sócio emocionais, percebemos que eles estão usando recursos de crianças menores, como por exemplo uma criança de 4 anos mordendo ainda e outras diversas situações. Isso porque durante esse tempo eles estiveram somente com a família, não estiveram com os pares. Ademais, a escola tem um olhar protetivo em muitos sentidos, como casos de violência e abuso, que ficaram por muito tempo reclusos nas famílias e agora estão surgindo.
Adriana Trierweiler, pedagoga
– As crianças pequenas são estimuladas não somente pelo pai e pela mãe, mas pelos pares, com os outros colegas. Como elas não ficaram em sala de aula, algumas não tiveram essa estimulação. Os pais permitiram muito mais tempo o bico e a mamadeira, por exemplo. Acredito que alguns tiveram ganhos; os que moram com seus avós tiveram experiências afetivas interessantes, mas a grande maioria não teve essa possibilidade.
Dulce Garcia, coordenadora pedagógica da Secretaria de Educação
– O contexto escolar acaba desenvolvendo muitas habilidades nos estudantes e eles foram privados disso. Além da questão realmente da sala de aula, do desenvolvimento cognitivo, da aprendizagem. Realmente eles voltaram com uma defasagem de aprendizagem muito grande, mas para isso temos o laboratório de aprendizagem e o Projeto Desenvolver Bem.