Sustentabilidade: uma realidade sem volta para a cadeia produtiva do calçado

10/07/2023
Fonte: Abicalçados

Fonte: Abicalçados

Realizado pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) em parceria com a Associação Brasileira das Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal) para certificar práticas alinhadas aos conceitos de ESG (Environmental, Social and Governance) na cadeia produtiva do calçado, o Origem Sustentável está em franca expansão. Única certificação para o segmento em nível internacional, o programa cresceu 75% no último ano, alcançando cerca de 100 empresas produtoras de calçados e seus fornecedores certificados ou em processo de certificação. Essas empresas, segundo levantamento da Abicalçados, respondem por 45% da produção nacional de calçados – de 848 milhões de pares no ano passado.

O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, destaca que a busca pela certificação é crescente no Brasil, pois as empresas entenderam a importância não somente de assumir as práticas ESG, mas certificá-las e comunicá-las ao mercado nacional e internacional. Segundo o executivo, o setor calçadista brasileiro é um dos mais sustentáveis do mundo. Um recente levantamento realizado pela Abicalçados junto a empresas do setor aponta que 95% das respondentes já trabalham com a destinação ambientalmente correta dos seus resíduos produtivos, recolocando-os na produção, reciclando ou até mesmo os transformando em fertilizantes ou material de construção. Já as empresas que utilizam 100% da energia elétrica proveniente de fontes renováveis estão em 62%, ao passo que 74% das indústrias já produzem inventários de emissão de gases do efeito estufa com o objetivo de diminuir a emissão.

 

Consumidores puxam o movimento

Como todo o fenômeno cultural, a sustentabilidade deve ser puxada pela sociedade. Neste contexto, consumidores do mundo inteiro estão cada vez mais preocupados com a preservação ambiental, o respeito aos direitos humanos e uma economia justa. Dados da McKinsey apontam que as estratégias de ESG podem afetar os lucros operacionais em até 60%, ao passo que mais de 80% dos consumidores mundiais se dizem mais leais a empresas que apoiam questões sociais ou ambientais. “O movimento de ESG é uma realidade internacional e está cada vez mais presente na cadeia produtiva do calçado. Empresas que não se adaptarem a esses novos tempos, certamente terão dificuldades de sobrevivência. A sustentabilidade não é um diferencial, é uma condição essencial para a competitividade”, destaca a superintendente da Assintecal, Silvana Dilly.

 

Calçados Pegada: mudança cultural

A fabricante de calçados masculinos e femininos Calçados Pegada, de Dois Irmãos, é uma das empresas engajadas no Origem Sustentável. Certificada no nível Diamante, a fabricante vem transformando não somente a cultura corporativa, mas também dos seus stakeholders. O gerente administrativo da empresa, Gabriel Ranft, conta que a certificação deu vida e nova identidade para a forma como a Pegada e os seus colaboradores compreendem o tema sustentabilidade, abrindo os horizontes culturais. “As principais ações e benefícios foram a criação do núcleo de trabalho multidisciplinar, sendo o principal benefício para a organização o uso do Framework do Origem Sustentável para a organização e formalização dos assuntos que andavam soltos pela companhia”, conta o gerente.

Entre os destaques que levaram a Pegada a conquistar a certificação estão a criação de um Núcleo de Sustentabilidade, a confecção do primeiro inventário de Efeito Estufa, que monitora as emissões de gases da atividade produtiva, as doações para os atingidos por enchentes na Bahia, para hospitais, escolas e entidades beneficentes, como Apae, Lar da Criança com Câncer, entre outros. Na área social, mais especificamente dentro das unidades, a empresa mantém 82% do seu quadro de gerência preenchido por mulheres e fomenta a economia local comprando de fornecedores de regiões onde atua, entre outras questões.

Conforme o Relatório de Sustentabilidade da empresa, hoje 22% das embalagens que saem da Pegada são compensadas em um processo de logística reversa. “Mas queremos ampliar esse número nos próximos anos”, projeta Ranft. A empresa também reduziu, e vem reduzindo, o uso de energia elétrica por meio da maior conscientização dos colaboradores e vem dando preferência ao uso de fontes renováveis (eólica, solar, biomassa etc.), adquiridas no chamado Mercado Livre. A redução do uso de combustíveis fósseis também é uma realidade na empresa, que reduziu sua a utilização em quase 35%. No que diz respeito ao produto, a calçadista reporta a reciclagem e reaproveitamento de resíduos termoplásticos pela moagem de solados, EVA e PU sobras do processo produtivo, recolocando o material de volta na produção e diminuindo o resíduo gerado.

A Calçados Pegada emprega, diretamente, mais de 4,2 mil colaboradores e produz cerca de 6 milhões de pares por ano. A exportação gira em torno de 12% a 14% ao ano, sendo os principais mercados o da América Latina e Europa, com bastante representatividade também no Oriente Médio e constante crescimento na América do Norte.


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