Fonte: Feevale / Foto: Divulgação
O Teatro Feevale recebe, no dia 22 de abril, a Companhia de Dança Deborah Colker para apresentação única do seu novo espetáculo, que comemora seu trigésimo aniversário. Sagração, realizado a partir da obra clássica de Igor Stravinsky, encontra ritmos brasileiros, em espetáculo inspirado por visões ancestrais sobre a origem do mundo. Os ingressos já estão à venda em www.blueticket.com.br e na bilheteria do teatro (segunda a sexta, das 13h às 17h). Os preços variam de R$ 60 (meia-entrada, plateia alta) a R$ 140 (inteira, plateia baixa).
O processo criativo de Sagração durou dois anos e meio. O espetáculo é uma livre adaptação de A Sagração da Primavera, obra composta pelo russo Igor Stravinsky, que ganhou projeção mundial pela montagem estreada em Paris, França, em 1913, com coreografia de Vaslav Nijinsky e produção de Sergei Diaghilev para os Ballets Russes. A composição musical é considerada revolucionária por introduzir estruturas rítmicas e harmônicas nunca utilizadas em partituras. “Quando decidi recontar esse clássico, pensei que teria de ser a partir da cosmovisão de povos originários do Brasil”, lembra Deborah, que também é pianista. “Stravinsky foi responsável por pontos de ruptura e provocação entre o erudito e o primitivo. A Sagração da Primavera representa esses pontos de evolução da humanidade”, explica.
Foi em uma viagem para o Xingu, durante o Kuarup, e no encontro com as aldeias indígenas Kalapalo e Kuikuro, que Deborah conheceu Takumã Kuikuro. O cineasta contou a ela como o povo do chão recebeu o fogo do Urubu Rei. Essa história é dançada e acompanhada por narração do próprio Takumã e faz parte da coleção de cosmogonias que a diretora reuniu para montar a dramaturgia do espetáculo.
Deborah, na companhia de Nilton Bonder, revisitou, ainda, a mitologia judaico-cristã. Do livro Gênesis, as passagens sobre Eva e a serpente e sobre Abraão ganham cenas que destacam momentos de ruptura. “São dois mitos que elaboram sobre a consciência humana: pela autonomia de uma mulher que desperta para caminhos interditados e transgride; e de um homem que sai da sua casa e cultura em direção a si mesmo”, destaca o dramaturgo.
Além das alegorias bíblicas, a coreógrafa também buscou referências na literatura científica, com a presença das personagens que representam bactérias, herbívoros e quadrúpedes no espetáculo. “Nossa dramaturgia é feita da poesia presente em mitos e teorias que pensam a existência da vida em nosso planeta”, relata Deborah.
A coreógrafa, em parceria com o diretor musical Alexandre Elias, introduziu à partitura instrumental de Stravinsky a sonoridade pujante das florestas e ritmos brasileiros, como boi bumbá, coco, afoxé e samba. Aos acordes de instrumentos de orquestra, o diretor musical adicionou flauta de madeira, maracá, caxixi e tambores. Os paus de chuva também entram em cena no arranjo executado ao vivo pelos bailarinos. Para Alexandre Elias, “foi um privilégio trabalhar profundamente na estrutura da obra”.
Sobre a Companhia de Dança Deborah Colker
Ao longo de 30 anos, a companhia já realizou mais de duas mil apresentações, em mais de 100 cidades de 35 países, totalizando um público de cerca de quatro milhões de pessoas. “Ao longo desses anos, assistimos e participamos de muitas transformações na cultura, na política e na economia. Chegamos até aqui porque temos esse espírito de evolução, que é um tema muito precioso para o novo espetáculo”, avalia o diretor executivo João Elias, que em 1994 fundou a companhia de dança com Deborah Colker.