Fonte: Valor Investe
A relação financeira entre familiares e amigos nem sempre é das melhores e pode provocar alguns conflitos. Entre cônjuges, então, pode ser bem pior. Conversar sobre finanças ainda causa desconforto e resistência para muitos casais, sendo os conflitos financeiros uma das causa mais comuns de divórcio. “A grande maioria dos casais não falam sobre dinheiro no início do relacionamento, deixando para debater o tema quando já há algum problema financeiro em jogo”, afirma Thiago Godoy, chefe de educação financeira na Rico, plataforma de investimentos da XP.
Godoy ressalta que a construção de um relacionamento tem como base valores, histórias e sonhos de ambos os lados e que é importante construir uma vida a dois sem deixar de lado a realização individual de cada cônjuge. “Ainda que o casal estabeleça um compromisso financeiro com a vida conjugal, é importante respeitar a individualidade de cada um”, pontua. “Além da contribuição e responsabilidade no todo, é saudável que o casal tenha uma vida financeira individual e coletiva, para que ambos se sintam contemplados e respeitados na relação.” Nesse sentido, Godoy elenca alguns conselhos para lidar melhor com as finanças na vida a dois.
Tenha um combinado
Como o diálogo é a base de qualquer relação, é preciso dedicar um tempo para conversar sobre dinheiro, pelo menos, uma vez ao mês. É importante estabelecer esse rito de conversa e definir uma visão de futuro que contemple os sonhos, objetivos e prioridades do casal e de cada um, individualmente.
Também é fundamental que essa conversa seja pautada em um planejamento concreto, ou seja, que tenha uma prosperidade envolvida com metas financeiras, investimentos e prazos estabelecidos para cada conquista, além dos valores que cada um vai se comprometer a conquistar. Criar esse hábito traz clareza, transparência e respeito para o relacionamento, bem como para a vida financeira da família.
Divida as rendas de forma justa
Em muitos relacionamentos, a discrepância da renda pode ser um problema, visto que os salários e fases da vida profissional podem ser diferentes em dado momento. Neste caso, não existe uma fórmula exata, mas o ideal é analisar a renda e entender qual será o percentual de contribuição de cada um. Ou seja, se os dois ganham um salário parecido, faz sentido que o rateio seja dividido meio a meio.
Já para os casais que possuem uma diferença significativa de salários, o ideal é que a responsabilidade financeira seja proporcional a quanto cada um ganha. Dessa forma, as duas partes contribuem proporcionalmente para os gastos da casa e, ainda sim, conseguem ter um dinheiro para si.
Dívidas e crise financeira
Mesmo com planejamento, é muito comum passar por momentos de instabilidade financeira, visto que a economia, os empregos e o mercado de trabalho oscilam frequentemente. Nesse cenário, quando o casal já detém uma reserva financeira, facilita passar pelo período de turbulência. Caso contrário, será necessário elaborar um orçamento “de guerra” para o período de escassez e exercer a autorresponsabilidade de cada um dentro do todo, encarando e estudando juntos um plano de saída para o problema.
Para as dívidas, é preciso elaborar, em conjunto, um plano de quitação, levantando valores, juros e prioridades, mesmo que uma das partes tenha uma parcela maior ou completa no débito.
Poupe no presente e invista no futuro
Educação financeira é essencial em todas as fases da vida, sendo importante que o casal tenha um preparo para investir e poupar todos os meses, com o objetivo de assegurar a vida financeira. Ao obter renda, o primeiro passo é construir uma reserva de emergência, para assegurar momentos de instabilidade e construir uma reserva para investimentos futuros. O dinheiro serve para conquistar coisas e objetivos que sonhamos, não apenas para pagar as contas e viver o dia a dia.