(Foto: Arquivo JDI)
Representantes do Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares de Dois Irmãos e Morro Reuter participam na próxima quarta-feira (16) do Grito de Alerta em Ijuí, no noroeste do Estado. A ação estava marcada para 3 de março, mas acabou antecipada em razão da gravidade da estiagem que atinge o Rio Grande do Sul. Mais de 400 municípios já decretaram situação de emergência e, de acordo com o boletim da Emater/RS-Ascar, cerca de 257 mil propriedades são atingidas pelos efeitos da falta de chuva.
Além de medidas urgentes por conta da estiagem, o Grito de Alerta também serve para reivindicar ações concretas por parte governos em relação a programas e custos de produção. “Temos que ser solidários aos municípios que estão sofrendo com a estiagem, mas a mobilização abrange várias questões de ajuda ao campo”, comenta Pedro Joãozinho Becker, presidente do sindicato dois-irmonense. “Se o governo não nos ajudar desta vez, vai ficar difícil. É preciso baixar os custos, senão vamos ter que parar e daqui a alguns anos não vamos mais ter agricultor”, acrescenta ele.
De acordo com o presidente do sindicato, antes o produtor gastava de R$ 3 mil a R$ 3,5 mil por hectare na lavoura de milho e vendia a saca por 90 a 100 reais. “Hoje, ele gasta de R$ 8 mil a R$ 9 mil e recebe os mesmos 100 reais. Quer dizer, estamos pagando para trabalhar; assim fica difícil manter o ânimo do agricultor”, lamenta Pedro.
Chuva desproporcional na região
Por enquanto, Dois Irmãos e Morro Reuter não estão sendo afetados pela estiagem como outros municípios gaúchos. A questão, segundo o presidente do sindicato, é que tem chovido de forma desproporcional em algumas áreas. “Em janeiro, por exemplo, tivemos mais de 130mm em Fazenda Padre Eterno, enquanto que em Picada São Paulo choveu de 20 a 30mm. As perdas pela estiagem estão sendo mais pessoais do que gerais; sabemos que alguns terão redução de 30% a 40% na produção”, explica.
Pedro destaca que a maioria dos agricultores da região está colhendo de 100 a 120 sacas de milho por hectare, o que fica dentro da média. “Eles estão conseguindo fazer silagem e replantar. É claro que o nível de chuva não é normal, mas está dentro do aceitável. O que deixa o agricultor realmente assustado é o custo para fazer uma lavoura”, reforça o presidente.