Camile com os pais Cristina e Jorge e a irmã Nicole
Destaque no voleibol, a ponteira dois-irmonense Camile Becker Strassburger, de 14 anos, foi campeã dos Jogos Sul-Americanos Escolares, maior competição esportiva da América do Sul, disputada entre os dias 4 e 9 de dezembro, em Santiago, no Chile.
Atleta do SR Mampituba, de Criciúma (SC), Camile disputou a competição pelo Colégio Santa Rosa, de Lages (SC), que representou o Brasil no Chile. A convocação ocorreu em novembro, resultado de um ano brilhante da atleta nas quadras. “Minha maior conquista foi ser convocada. Eles poderiam ter chamado qualquer outra menina do país, e escolheram a mim”, orgulha-se, contando que a convocação foi anunciada durante um treino do Mampituba. “Comecei a chorar, não esperava por isso”, confessa.
A grande final foi disputada no dia 8 de dezembro. O time brasileiro garantiu o título ao vencer o Peru por 3 sets a 0. “Jogar uma final, cantar o hino do teu país, é emocionante. Comemorar os últimos pontos em quadra, representando o Brasil, e conquistar o título, é incrível”, lembra a atleta, contando que o título deu vaga no Mundial de 2024, que será disputado na Sérvia.
De volta ao Brasil, Camile chegou a Dois Irmãos na madrugada de segunda-feira (11), para comemorar a conquista ao lado dos pais Cristina Becker e Jorge Strassburger, da irmã Nicole Becker Strassburger e da avó paterna Dora Schuck. “Estamos muito orgulhosos. Entrar em uma quadra, vestir a camisa verde e amarela, cantar o hino do teu país, é um momento glorioso”, comenta Cristina, cheia de orgulho da filha.
Jogos reuniram 11 países
Os Jogos Sul-Americanos Escolares reuniram mais de 20 mil jovens de 12 a 14 anos de idade, de 11 países (Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Equador, Peru, Paraguai, Venezuela, Uruguai, Bonaire e Suriname). Além de voleibol, também ocorreram disputas de atletismo, natação, judô, xadrez, tênis de mesa, basquetebol, handebol e futsal.
Camile começou na Set Point
Talvez o gosto pelo voleibol tenha sido despertado pela mãe de Camile, que é professora de Educação Física e também amante da modalidade. “Ela torcia para alguém faltar, para poder jogar”, lembra Cristina, aos risos, contando que a filha não se intimidava em jogar com os adultos.
Aos 8 anos de idade, Camile entrou para o Projeto Set Point Voleibol, de Dois Irmãos, coordenado pela professora Roberta Stoffel Callai. Treinou até o ano de 2021, quando conquistou vaga no time da Sociedade Ginástica, de Novo Hamburgo. “A mãe viu um anúncio de seletiva no Facebook e me mandou, na brincadeira, e eu levei a sério, dizendo que faria”, conta Camile, que passou na seletiva e na semana seguinte já começou a treinar com a equipe. “Estávamos na praia e tivemos que voltar para ela participar da seletiva”, lembra Cristina.
Camile jogou pela Ginástica até 2022. Treinava e jogava em duas categorias: Mirim e Juvenil. “Todos me acolheram muito bem, se tornaram a minha segunda família”, lembra, com carinho, das amigas e comissão técnica. Pela Ginástica, disputou competições em todo o RS, e também na Argentina. Foi campeã estadual invicta no Sub-16 e destaque em vários jogos. “Perdemos apenas um set em toda a competição”, conta a atleta, orgulhosa.
Destaque nos campeonatos ao longo de 2022, Camile chamou a atenção da Sociedade Recreativa Mampituba, de Criciúma (SC), um dos dez maiores clubes do país. A proposta para jogar no clube surgiu em setembro de 2022. Acompanhada pelos pais, ela viajou para Santa Catarina, para conhecer a estrutura do Mampituba e instituições de ensino, afinal, ela precisaria trocar, mais uma vez, de escola. Ainda naquele ano, foi convidada e disputou a Taça Paraná pelo time.
E, em fevereiro de 2023, Camile se mudou para Criciúma e passou a defender, oficialmente, a equipe catarinense. “Foi o meu melhor ano até aqui. Conquistamos muitos títulos, muitos ouros, muita experiência”, diz ela, contando que sua maior inspiração no vôlei é a atleta Gabi Guimarães. “Me espelho muito nela”, conta.
Vestindo a camisa do Vôlei Mampituba, liderado pelo técnico Luciano Iribarrem Carvalho, a jovem percorreu muitas cidades catarinenses, conquistou títulos e muitas premiações individuais. Também disputou campeonatos nacionais, entre eles o Brasileiro Interclubes Sub-19, onde ela saiu do banco de reservas e foi eleita destaque do jogo; e o Brasileiro de Seleções Sub-16, disputado no Rio de Janeiro, onde, jogando pela seleção gaúcha, foi eleita a melhor ponteira da competição. Fechando o ano com chave de ouro, foi eleita Atleta Destaque do Mampituba.
Aluna do 9º ano do Ensino Fundamental do Colégio Unesc, Camile estuda de manhã e treina à tarde, de segunda a sábado, inclusive nos feriados. Mora com outras sete atletas que jogam com ela e confessa que, neste ano longe de casa, o maior desafio foi lidar com a saudade. “Era acostumada a ter minha família por perto, roupa lavada e cheirosa, comida pronta”, diz Camile, contando, no entanto, que a mudança trouxe muitas coisas boas, além das conquistas e experiências dentro de quadra. “Me senti uma mãezona quando fui ao mercado comprar itens de limpeza”, conta ela, aos risos. “Sinto que amadureci e evoluí muito como pessoa”, completa.
Para a família, a saudade também foi a maior dificuldade. “Aos poucos, aprendemos a conviver com a ausência dela em casa. Toda vez que vamos ao quarto dela, falta algo, mas o que nos conforta é saber que ela está feliz, em um lugar bom e fazendo o que mais gosta, é saber que ela está buscando o sonho dela”, comenta Cristina, destacando o orgulho ao ouvir elogios sobre a filha, como atleta e pessoa. “Isso nos emociona. Todos gostam muito dela”, completa.
