O que dizem as principais autoridades religiosas de Dois Irmãos

O novo ano começou em meio à pandemia de Covid-19. O país atravessa um dos períodos mais críticos da doença, contando as horas para o início da vacinação. Se o ano que passou foi muito complicado para todos, a expectativa é que 2021 seja diferente – para melhor! As dificuldades e os efeitos da pandemia não desaparecerão da noite para o dia, mas a torcida é para que aos poucos possamos nos aproximar novamente.

O Jornal Dois Irmãos encaminhou duas questões às principais autoridades religiosas de Dois Irmãos, para saber como devemos encarar 2021. Boa leitura!

Pa. Cláudia P. S. Pacheco, da Igreja Evangélica (IECLB)

Sob o ponto de vista da fé, o que esperar de 2021?

Pastora Cláudia – O ano 2021, sozinho, nada faz! Sob o ponto de vista da fé, podemos dizer o que esperar do ser humano em 2021? Jesus disse que os que o seguem são como o sal da terra e a luz do mundo (Mt 5.13-16). Ou seja, a presença de quem verdadeiramente crê em Jesus faz a diferença neste mundo. A fé em Deus, nos mobiliza a muitas atitudes de cuidado da vida, mas também nos faz confiar e descansar, aguardando o tempo operar o trabalho do ser humano confiante: “Em paz me deito e logo pego no sono, porque só tu, Senhor, me fazes repousar seguro” (Salmo 4.8). Como disse Sandro Gallazzi, “Tudo vem de Deus, mas tem de nascer da gente”. Com certeza, o ano 2021 trará novos desafios e o ano que passou nos deixou inúmeros aprendizados, podemos trabalhar e ter esperança de passos mais assertivos.

O que será fundamental para viver o novo ano, que continua sendo de pandemia?

Pastora Cláudia – Será fundamental que as pessoas não deixem de relacionar a fé com a vida, que não a separem do cotidiano (trabalho, escola e lazer), que a vivam também para fora dos seus templos, num exercício contínuo de amor, de cuidado mútuo (atitudes de prevenção e vacinação contra a Covid-19) fraternidade, de diálogo, de tolerância e de solidariedade. Que as pessoas sejam mais conscientes e confiantes.

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Pe. Alexsandro Lemos da Silva, da Igreja Católica – Paróquia São Miguel

Sob o ponto de vista da fé, o que esperar de 2021?

Pe. Alexsandro – No último dia 08/12/2020 o papa convocou o ano de São José com a Carta apostólica “Patris Corde – Com coração de Pai”, publicada em ocasião do aniversário de 150 anos da declaração do Esposo de Maria como padroeiro da Igreja Católica. E também o papa convocou um “ano especial” dedicado à família, a partir de 19 de março de 2021, assinalando o 5º aniversário da exortação “Amoris Laetitia – alegria do amor: sobre o amor na família”. Será um ano de lançar alicerces para uma nova evangelização em dois âmbitos muito sensíveis ao ser humano: a família e a Igreja, visto que esta pandemia obrigou a muitos a se afastarem da sua vivência de fé, de Igreja. Assim, 2021 seja de um novo ardor que nos faça realmente viver a alegria da fidelidade a Jesus na Igreja e em nossas famílias.

O que será fundamental para viver o novo ano, que continua sendo de pandemia?

Pe. Alexsandro – ESPERANÇA, é a certeza de uma alegria que nada, nem ninguém pode tirar de nós, entretanto, exige PACIÊNCIA. Talvez, ainda que tenhamos a vacina à disposição, alguns hábitos e cuidados adquiridos neste tempo terão de permanecer, seja por mais algum tempo ou de modo contínuo, porém, façamos cada um de nós nossa parte. Assim, nossa ESPERANÇA revigorará em nós aqueles dias em que vivemos e que marcaram nossa vida e permanecem como lembranças de uma felicidade eterna, que não faltará oportunidade para se revivê-las.

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Pastor Oscar M. Zimmermann, da Igreja Luterana (IELB)

Sob o ponto de vista da fé, o que esperar de 2021?

Pastor Oscar – De acordo com o apóstolo, em sua carta bíblica aos Hebreus, “a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que não se veem”, ou seja, “fé é a certeza de que vamos recebe as coisas que esperamos e a prova de que existem coisas que não podemos ver” (Hb 11.1). Bem, o Novo Ano está diante de nós e, certamente, não nos é dado conhecer o futuro, até porque o futuro a Deus pertence. Mas podemos sonhar com coisas, e coisas boas para o ano de 2021. No entanto, todo o desejo do nosso coração, especialmente, em termos materiais, sucesso profissional e progresso, ou saúde e bem estar, precisa estar coadunado com a vontade suprema de Deus. E por isso, cristãos colocam sua vida e tudo o que a ela pertence nas mãos poderosas do Criador e Mantenedor do universo.

Sabe de uma coisa: a cada novo ano as pessoas tem suas esperanças de dias melhores e de coisas maravilhosas para a sua vida, para a vida da família e da sociedade. E isso é bom, mas é preciso estar ciente de que os caminhos e os pensamentos de Deus são mais altos dos que os nossos caminhos e mais altos que nossos pensamentos. Portanto, uma vai aí uma dica para esperar por coisas boas no Novo Ano: em suas preces, e nos seus pedidos das orações, não esqueça de acrescentar, ao final, o que o Senhor Jesus nos recomenda na oração que ele ensinou: ”Senhor, seja feita a tua vontade”. Em termos espirituais, a grande e misericordiosa vontade de Deus é que todas as pessoas reconheçam seus erros, os confessem e creiam em Jesus, que nos perdoa por amor.

Então, particularmente, meu objetivo, como guia espiritual de uma igreja cristã, para 2021 é o de levar a palavra do amor de Deus e da graça do perdão às pessoas, de modo que haja mais amor, mais tolerância entre as pessoas e menos, bem menos, ódio e rancores uns contra os outros.

O que será fundamental para viver o novo ano, que continua sendo de pandemia?

Pastor Oscar – Sim. A pandemia ainda ronda nossos lares, ainda traz medo e pânico para as pessoas, ainda arrepia e ainda deve ser, por um bom tempo, motivo de grande preocupação. No entanto, nem essa pandemia e nenhuma outra doença, grave ou não, nos deve levar ao desespero a ponto de não mais confiarmos na providência divina. Tudo tem seu tempo certo. E o que é mais certo do que tudo é o que as Escrituras nos ensinam diante de doenças, com ou sem pandemias. Na vida, tudo tem um propósito. O apóstolo Paulo ensina algo bem interessante a esse respeito, quando escreve em sua carta aos romanos o seguinte: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” - (Rm 8.28).  

Sob este ponto de vista, pois, precisamos descobrir quais são esses propósitos. Portanto, se a pandemia tem um propósito, precisamos aproveitar esta oportunidade para fazermos o melhor, a respeito do nosso relacionamento com Deus, e também a respeito do nosso relacionamento com pessoas com as quais convivemos e que estão ao nosso redor. Exemplifico: Não adianta chorar depois que um familiar, ou amigo chegado se foi e eu não me reconciliei com ele, caso tenha tido uma desavença qualquer. É preciso dizer que amamos as pessoas, a quem amamos, e que as perdoamos, se for o caso de se ter que perdoar alguém. E por fim, não menos importante que isso, queira Deus, que possamos viver todos os nossos relacionamentos, na esperança de que em breve essa pandemia possa ser erradicada de vez, com a chegada de uma vacina eficaz e duradoura. Que assim seja. Amém.