Fonte: Feevale
Este mês também é conhecido como Janeiro Branco. A campanha nacional, iniciada em 2014, visa promover e efetivar, em todo o país, ações de promoção aos cuidados relacionados à saúde metal. A pandemia de Covid-19 e o isolamento provocado por ela afetaram a população, que está cada vez mais sensível a problemas mentais.
Uma pesquisa realizada pelas professoras Sabrina Cúnico e Carmem Giongo, do mestrado em Psicologia da Universidade Feevale, mostrou um resultado preocupante. O estudo, que contou com a participação de 428 pessoas, sendo 321 mulheres e 107 homens, com idades entre 18 e 70 anos, identificou altos índices de insônia (36,2%), dor de cabeça (34,8%), inquietação (32,2%) e vontade de chorar (26,1%). Além disso, os participantes mencionaram ter sentido angústia (63,5%), irritação (36,9%), tristeza (25,2%) e nervosismo (33,8%), entre outros sintomas.
A pesquisa também apontou o que os participantes têm sentido mais falta durante esses meses de isolamento. Passeios (71%), encontro com amigos (68,9%), encontro com familiares (61,2%), rotina (58,8%) e exercícios físicos (36,4%) foram as atividades mais citadas. O estudo diz que as pessoas estão buscando valorizar mais a vida (30,8%), desejam que os cidadãos tenham condições de alimentação, saúde, educação, moradia e renda (27,5%), tenham mais consciência sobre o consumismo e poluição (15,8%), se importem mais em estarem presentes em momentos importantes (14,9%) e possam retomar a rotina sem prejuízos (14,2%).
O mesmo público opinou que a pandemia proporcionou momentos de reflexão e mudança (34,3%), de valorização da vida e das pequenas coisas (18,9%), da importância de estar em casa e possuir tempo para a família (17,2%) e das relações/interações com o outro (13,8). Pelo ponto de vista negativo, destacam-se a crise econômica e o desemprego (27,1%), a situação da saúde e do aumento de casos e mortes (24%), o distanciamento social (13,7), o medo e a ansiedade (10%) e a desigualdade social (10%).
Tempo de isolamento
A professora Sabrina, que lidera o estudo, destaca que a pandemia potencializou o adoecimento mental da população. “As pessoas estão realmente cansadas de estar em isolamento, pelo tempo em que a pandemia está imposta, bem como pela incerteza da vacina e da cura da doença”, destaca. Segundo ela, pelo fato de os seres humanos serem indivíduos relacionais, que precisam da presença e da troca externa, a falta disso aumenta esse impacto. “A pandemia mostrou que o contato via redes sociais, que aproxima mas é superficial, não é suficiente”, pondera.
Ainda conforme a docente, são necessárias novas companhas de conscientização para que as pessoas busquem ajuda profissional, por meio de terapias, teleterapias ou outras formas para evitar o seu adoecimento mental. “É importante que a pessoa estabeleça uma rotina entre trabalho e lazer, faça coisas que goste e procure novos hábitos saudáveis. Também é importante que compartilhe seus momentos de angústias com outras pessoas, para desabafar e amenizar o sofrimento”, complementa.