(Foto: Arquivo JDI)
Preso em flagrante na segunda-feira (12), após ser acusado de injúria discriminatória contra uma enfermeira de 39 anos, na Unidade Básica de Saúde de Morro Reuter, o médico de 63 anos recebeu liberdade provisória na terça-feira (13). A informação foi confirmada pelo delegado Felipe Borba, titular da Delegacia de Polícia de Dois Irmãos, que investiga o caso.
Conforme o delegado Borba, a soltura ocorreu durante audiência de custódia, porém a justiça determinou o “afastamento do custodiado das funções desempenhadas na UBS de Morro Reuter”. A ocorrência foi registrada inicialmente na Delegacia de Pronto Atendimento (DPPA) de Novo Hamburgo. Lá, segundo o delegado Borba, o médico “negou a prática de qualquer fala discriminatória”. No mesmo dia, duas testemunhas também prestaram depoimento. “Elas confirmaram, em parte, o relato da vítima. Uma delas referiu que o médico já teria por costume uma postura não agradável e simpática perante os outros profissionais”, completou o delegado.
Vale lembrar que, de acordo com o tenente coronel Pedro Alexander Beron da Cunha, comandante do 32º Batalhão de Polícia Militar (32ºBPM), “o fato ocorreu devido a vítima ser de origem nordestina”. Instaurado o inquérito, a Polícia Civil segue investigando o caso e avaliando se mais pessoas devem ser ouvidas.
Prefeitura afirma que atendimento não será prejudicado
De acordo com a prefeitura de Morro Reuter, o atendimento na UBS não será prejudicado, pois outros profissionais farão o atendimento. A administração municipal informou, também, que já na terça-feira (13) foi aberta uma sindicância para apurar os fatos.
Coren-RS repudia atitude do médico
Também na terça, o Conselho Regional de Enfermagem (Coren) do Rio Grande do Sul emitiu nota repudiando o fato ocorrido em Morro Reuter.
Na nota, o Coren-RS ressalta que “se solidariza com a enfermeira que trabalha em Morro Reuter e que foi vítima de xenofobia” e “reforça que repudia toda e qualquer forma de preconceito e que não compactuará com episódios desse tipo. O trabalho em equipe e a melhor forma de prestar assistência em Saúde, em especial no SUS, e o respeito entre os profissionais deve ser preservado”, destacou o conselho, informando que o “Plenário do Coren-RS vai averiguar o caso, buscará contato com a vítima e prestará apoio à colega”.
Cremers emite nota
Contatado pelo Jornal Dois Irmãos, o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers) emitiu nota sobre o caso na tarde desta quarta-feira (14). Na nota, o Cremers informa que “diante das notícias divulgadas na imprensa sobre suposto caso de injúria discriminatória envolvendo médico em Morro Reuter, vai tomar as medidas cabíveis para esclarecer os fatos e punir eventuais infratores”.
O que diz a defesa do médico
Procurado nesta quarta, o advogado de defesa do médico, Vagner Sobierai, se manifestou através de nota. Leia na íntegra:
“Foi com muita perplexidade que se recebeu a notícia de que a Brigada Militar estava no Posto de Saúde para prender o médico, pois se trata de um profissional ilibado, contando com 36 anos de atividade médica. Os fatos não se deram como narrado pela enfermeira, muito pelo contrário, em nenhum momento o médico desrespeitou ou injuriou qualquer pessoa. O médico, quando do depoimento, estava calmo e sereno, prestando depoimento de forma espontânea perante a autoridade policial. Com a consciência tranquila e a serenidade necessária, toda a verdade será demonstrada”.