Servidores estiveram novamente na Câmara nesta segunda (Foto: Divulgação / Câmara)
Representantes dos servidores públicos municipais de Dois Irmãos voltaram a usar a tribuna da Câmara de Vereadores nesta segunda-feira (14). Como já noticiado, a categoria pleiteia reajuste de 26,22% e o vale-alimentação passando de R$ 16,16 para R$ 25,25. Segundo Bruno Rodriguez, secretário do Sindicato dos Servidores, a proposta apresentada pela prefeitura foi de 14,49% e vale de R$ 22,22.
– Vamos deliberar sobre a proposta hoje à noite (terça-feira) na sede do sindicato. Caso a gente não aceite, vamos chamar uma nova reunião com prefeito para continuar a negociação – disse Bruno, que também preside a frente regional em defesa do serviço público.
Na sessão desta segunda, a primeira a se manifestar foi a monitora educacional Giulianna Scarpati Faustini.
– Estamos numa época muito peculiar, atípica. Viemos de dois anos de uma pandemia mundial, que modificou nossa sociedade de muitos modos. Nos últimos dois anos, a educação teve que se reinventar, alterar sua forma de ensinar completamente, e os professores mostraram grande capacidade de adaptação às mudanças. Os servidores sofreram muitas perdas salariais. Nossas vantagens dos anuênios foram congeladas, aumentou-se a cota de contribuição da previdência em 3% e, além disso, temos a lamentável inflação – observou.
Ela também reiterou a necessidade de melhorias para as merendeiras e serventes de escola.
– Não podemos deixar de falar da situação das nossas serventes e merendeiras, dessas pessoas que cuidam dos ambientes, preparam a comida para os nossos alunos e que facilitam a vida de todos. O volume de trabalho físico, braçal é imenso, e todas elas se queixam de estarem cansadas para muito além do que é o limite saudável para o ser humano. Ao mesmo tempo, o salário delas em relação à quantidade de esforço físico exigido acaba levando a uma grande quantidade de exonerações, atestados médicos, cirurgias ou aposentadorias precoces. Portanto, algo precisa ser feito em favor delas. Pedimos a reclassificação para um padrão superior, que faça valer a pena financeiramente todo esse esforço. Mesmo que isso não for contemplado, uma outra opção seria reduzir a carga horária, com quatro horas a menos, equiparando o serviço delas ao de serviços gerais, que é de 40 horas semanais – completou.
Na sequência, falou o médico veterinário Osvaldo Vieira Abrantes.
– Estamos buscando uma justa reposição nas perdas salariais que vimos sofrendo ao longo dos últimos dois anos, quando nos foi imputado o congelamento salarial. Fica evidente que estamos acumulando perdas incontáveis. A gasolina, em março de 2020, era R$ 4,30 o litro. Agora, está em R$ 6,89 na bomba, uma diferença de 60% a mais em dois anos apenas – exemplificou.
Por fim, ele destacou o trabalho realizado pelos servidores.
– Mais do que vir aqui pedir justiça social, gostaria de falar da qualidade dos serviços prestados pelos servidores públicos de Dois Irmãos, que muito contribuem para esta cidade se encontre tão bem colocada entre as de melhor qualidade de vida do país e do RS. Porém, para que possamos continuar mantendo a qualidade do serviços no município, nós, servidores, necessitamos ter uma qualidade mínima de vida, que não comprometa a nossa saúde e a de nossas famílias – declarou Osvaldo.
O que disseram os vereadores
Sheila da Silva (PT) lembrou que é preciso levar em consideração a atual realidade econômica.
– Sabemos, através dos números, que a situação do município é boa, inclusive uma parte do que está disponível em caixa hoje se deve a uma economia feita às custas do congelamento do salário dos servidores. Também não podemos esquecer que os aumentos absurdos no preço do combustível e do gás, concedidos na última semana pelo governo federal, ainda devem elevar muito o custo de vida, especialmente o preço dos alimentos. Mesmo que o prefeito atenda integralmente a reivindicação dos servidores, a tendência é de que logo ali na frente a inflação já venha a comprometer novamente uma parte importante do salário – observou.
A base governista mostrou-se favorável à proposta do Poder Executivo.
– Desde o começo venho me posicionando pela reposição da inflação. Já havia passado para os integrantes do nosso partido que somente votaria a favor se o índice viesse acima de um certo percentual. Conversamos com a administração durante a semana; talvez o índice proposto pelo Executivo não seja o ideal, mas nos trouxeram os impactos financeiros de todos os índices. Gostaria que fosse maior, mas já passei meu posicionamento a favor do reajuste proposto pelo Executivo. Cobrei a questão das merendeiras, e de acordo com a administração isso vai ser melhor estudado ao longo do ano – disse Darlei Kaufmann (PSB).
Ederson Bueno (MDB) seguiu na mesma linha.
– Achei bem razoável. Sei que não é o número que vocês esperam, mas acredito que isso possa ser negociado e que a gente possa chegar em um consenso. Espero que isso seja feito de uma forma pacífica, que possa atender as exigências de vocês, mas que também preze pela saúde financeira do nosso município. Vimos alguns índices sendo apresentados por municípios vizinhos, todos na casa dos 10%; Nova Petrópolis foi um pouco mais, 12%, e Ivoti, 14%, porque lá não havia reajuste há 3 anos. Então esse primeiro movimento que o Executivo fez foi bom – comentou.
Nilton Tavares (PP) considerou ‘interessante’ o percentual proposto.
– Com relação à região, vocês estão tendo um olhar diferenciado do prefeito – afirmou, dirigindo-se aos servidores.
No espaço de lideranças, Sheila voltou à tribuna:
– O percentual apresentado não faz justiça, pois esse índice sacramenta uma perda salarial que arrocha o salário dos servidores por mais quantos anos? A menos que nos próximos anos seja reposta a inflação. Mas, se hoje não está sendo garantida a reposição da inflação, creio que os servidores perderão a esperança de uma reposição justa no futuro. Na prática, mesmo, o salário do servidor tende a ser reduzido. Com o percentual apresentado no momento, o prefeito decide pagar um salário menor do que ele pagava em 2020 – argumentou a parlamentar.