Disputa ocorreu no dia 11
Com muita emoção e energia, o esporte movimentou o Projeto Global na manhã e na tarde da última quarta-feira (11), com os torneios de Huka Huka e suas respectivas premiações. Em um tatame colorido, vestidos com quimonos azuis, alunos de 10 a 12 anos disputaram o torneio com empenho. A Huka Huka é uma luta indígena, praticada pelos índios brasileiros da cultura Xingu. A competição foi mista e as categorias eram de acordo com o peso dos estudantes. Enquanto lutavam em pares, as demais turmas faziam torcida com uma empolgação digna de final de Copa do Mundo.
Foram seis categorias no turno da manhã e seis no período da tarde, totalizando 36 alunos que subiram ao pódio. Apesar do clima de competição, o intuito dessa ação foi promover a troca de aprendizados entre as turmas. Para a diretora Lea Eudes Reis Henrichsen, a aula de Huka Huka é muito relevante. “É a nossa história, a nossa cultura. O Rio Grande do Sul tem uma grande miscigenação, temos várias etnias na nossa ascendência e, para saber para onde vamos, precisamos saber de onde viemos”, disse ela.
O aluno Rayan Feiten, de 9 anos, gostou de participar do torneio e destacou o aprendizado que os alunos têm durante a oficina. “Aprendemos a lutar, a nos defender, e aprendemos a como dar um golpe se estivermos encurralados”, contou. A menina Lia Evelyn de La Cruz, de 9 anos, também acha a oficina de Huka Huka uma atividade interessante. “É muito legal porque aprendemos coisas novas. Quando precisarmos nos defender, já sabemos. É uma atividade bem legal, nos divertimos muito”, acrescentou.
O instrutor da oficina de jiu-jitsu, na qual são ministradas as aulas de Huka Huka, é Anderson Machado Pereira. Ele é graduado em educação física, praticante de jiu-jitsu há 16 anos e faixa preta desde 2016. Em entrevista ao JDI, o profissional explica um pouco mais sobre a luta indígena e a sua relação com a oficina de jiu-jitsu do Projeto Global.
Qual a relação entre jiu-jitsu e a Huka Huka?
Anderson – Como a Huka Huka é uma luta agarrada, é possível perceber algumas semelhanças nas suas técnicas. Durante minhas pesquisas sobre a luta, encontrei na internet um vídeo no qual o ex-lutador Anderson Silva vai fazer uma troca de experiência em uma aldeia Xingu, onde ele aprende um pouco de Huka Huka e ensina jiu-jitsu aos índios. O fato mais curioso que encontrei sobre a Huka Huka é que ela acontece no final do festival do Kuarup, que é um festival de homenagem aos mortos da aldeia.
Por que decidiu ensinar essa luta indígena na oficina?
Anderson – A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) prevê nos conteúdos da educação física o estudo sobre lutas indígenas e de afrodescendência. Apesar de a oficina ser de jiu-jitsu, conhecer outros estilos de lutas e outras culturas faz parte do meu plano de ação. Minhas aulas não são só práticas, têm muitos momentos teóricos, e um desses momentos foi o estudo sobre o Kuarup e a Huka Huka. Partindo de um olhar como professor de artes marciais, acredito que o aluno precisa saber que do lado de fora da sala existe um mundo com inúmeras possibilidades e culturas.
Qual a importância do campeonato?
Anderson – Na verdade, o torneio nada mais é do que oportunizar novas experiências para os alunos; sempre digo para eles: “não tem nada a ver com teu adversário, e sim tu contigo mesmo”. O torneio tem como finalidade os alunos testarem seus limites, sejam eles físicos ou psicológicos, tem a ver com superar seus medos e tentar pôr em prática aquilo que aprenderam.
Quais são as regras para vencer uma luta de Huka Huka?
Anderson – Para vencer a luta, é preciso conseguir fazer uma dessas ações: derrubar o oponente com as costas no chão, segurar atrás da coxa do oponente, abraçar o adversário pelas costas ou conseguir tirar o oponente do chão.
(Por Giordanna Benkenstein Vallejos)