Estudo identificou diferenças físicas e cognitivas em idosos com câncer conforme a rede de saúde em que se tratam

17/10/2022
Fonte: Feevale

Fonte: Feevale

Um trabalho desenvolvido por dois professores do curso de Medicina da Universidade Feevale foi premiado como melhor pôster na Esmo 2022, maior congresso europeu de oncologia, que foi realizado em setembro deste ano, na França.

O trabalho Avaliação oncogeriátrica e disparidades sociais em idosos com câncer, de autoria dos oncologistas Daniela Lessa da Silva e Antônio Fabiano Ferreira, determinou que existem diferenças significativas, em relação à função física e cognitiva, entre pacientes idosos com câncer atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e pelo Sistema Privado. Para tanto, os professores desenvolveram um modelo de avaliação geriátrica de triagem para avaliar essas possíveis diferenças.

 

Sobre o estudo

Entre janeiro de 2019 e março de 2022, 905 pacientes de mais de 60 anos (691 do sistema público de saúde e 214 do sistema privado) foram avaliados por velocidade de marcha (GS) de 4 metros e testes Mini-Cog (avaliação cognitiva) antes da primeira consulta oncológica. A mediana de idade foi de 70 anos (com uma variação de 60-94), e 45% dos pacientes eram mulheres.

A média de velocidade de marcha foi de 0,89 m/seg em pacientes do SUS e 0,93 m/seg nos pacientes do sistema privado. Essa diferença estatística na velocidade da marcha está concentrada na população masculina, não havendo diferença na população feminina em relação à velocidade de marcha. Já o teste Mini-Cog de triagem positivo estava presente em 48% dos pacientes do sistema público em comparação com 38% dos pacientes do sistema privado. Essa diferença estatisticamente positiva concentra-se na população feminina.

Como conclusão, o modelo de avaliação desenvolvido pelos professores – chamado de Avaliação Geriátrica Hiperpragmática – pôde detectar vulnerabilidades específicas relacionadas ao sexo nos estratos sociais da população brasileira de câncer. “A população masculina de pacientes idosos com câncer tratada no sistema público de saúde tem velocidade de marcha menor em comparação com os pacientes do sistema privado. Em relação ao risco de déficit cognitivo, as idosas com câncer do SUS são particularmente vulneráveis e merecem atenção redobrada”, observam os autores.

Os professores afirmam que a Avaliação Geriátrica Hiperpragmática é capaz de identificar fragilidades específicas das diferentes populações e é factível em larga escala com recursos mínimos de tempo e profissionais, desde que devidamente treinados. “Devemos olhar para os pacientes oncológicos geriátricos muito além de estadiamento e performance status para melhor atendê-los e, a partir dessas observações, implementar ações terapêuticas e preventivas específicas e personalizadas”, concluem.

 

Sobre a Esmo

A European Society for Medical Oncology (Esmo) realiza seus congressos anualmente. Principal organização profissional em oncologia médica do continente europeu, é líder em educação e informação sobre o câncer e conta com mais de 25 mil membros, que representam médicos de mais de 160 países.  O trabalho apresentado pelos professores Daniela Lessa da Silva e Antônio Fabiano Ferreira foi premiado como melhor pôster da sessão Políticas e Estratégias Preventivas do congresso europeu.


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