Ginásio Primavera
A pandemia do coronavírus afetou todos os setores da economia. Os ginásios das escolas municipais de Dois Irmãos estão completando três meses fechados e seguem sem previsão para reabrirem. Segundo o Departamento de Desporto, o último aditivo assinado pelos
ecônomos vai até 31 de julho, podendo ser prorrogado ou suspenso.
Jorge Bauer, ecônomo do Ginásio Primavera, abriu pela última vez no dia 19 de março. Enquanto os ginásios das escolas seguem fechados, a prefeitura não está cobrando aluguel, mesmo assim a situação é complicada. “Não pode funcionar o ginásio, onde as pessoas vão jogar bola e tomar uma e outra cerveja, mas os bares e restaurantes estão funcionando normalmente – principalmente os bares, pois em qualquer bairro que a gente circule tem gente jogando carta e bebendo”, comenta. “Outra coisa são as aglomerações no Centro e nas praças, em que o pessoal se junta para tomar cerveja ou fazer roda de chimarrão”, acrescenta.
O ginásio é a única fonte de renda de Jorge. “Em junho do ano passado, pedi as contas na empresa onde eu trabalhava para me dedicar somente ao ginásio. Agora, já estou de dois para três meses parado, e pelo jeito devo ficar mais um ou dois. Já perdi vários produtos que venceram e alguns tive que vender a preço de custo. A situação está difícil, pois só a mulher está trabalhando com jornada e salário reduzidos. Estamos tentando nos virar do jeito que dá”, diz ele. Além da incerteza sobre o retorno, também preocupa a não realização de muitas competições. “Em dias de campeonatos sempre entra um bom dinheiro, e esse ano nem campeonatos vamos ter por conta das aglomerações. É outro prejuízo”, afirma o ecônomo.
Eliseu Souto, o Chila, é ecônomo do Ginásio Arno Nienow (Navegantes) e teve que fechar no dia 18 de março. Alguns produtos como salgadinhos, chocolates, refrigerantes e sucos acabaram vencendo, tornando-se um prejuízo a mais. “Tenho outra fonte de renda, mas agora estamos com aquele plano do governo, só ganhando 30%. Pelos menos dá para comprar comida e se manter, mas é complicado”, diz ele, pedindo um pouco mais de atenção do poder público.
NOVA REALIDADE
Ecônomo do Ginásio Felippe Wendling (Bela Vista), Valdir João Schmitt, popular Ninho, entende que é preciso se adaptar à nova realidade. “Para mim não foi tão impactante porque não tenho o ginásio como principal renda, pois continuo trabalhando. Aliás, não aconselho ninguém a largar o emprego para cuidar de ginásio”, comenta. Produtos como cerveja, grande parte ele conseguiu vender a preço de custo. Itens como água, sucos e refrigerantes vão para consumo próprio, mas muita coisa também acaba vencendo. “A maior dificuldade é a falta de expectativa de retorno, pois temos que deixar o ginásio limpo. No meu caso, aproveitei a folga para pintar a quadra e as arquibancadas por conta própria, a fim de manter o ginásio bem apresentado aos frequentadores quando tudo isso passar”, afirma o ecônomo.
Recentemente, Ninho venceu a licitação para mais cinco anos. “Participei novamente da licitação porque temos a escolinha de futsal do Minuano (Milan/Minuano) e temos o clube na 2° Divisão e no Veterano. Participamos de todas as competições de ‘gurizada’ – talvez seja o único time de Dois Irmãos que tem escolinha gratuita para toda a comunidade no Ginásio Felippe Wendling há mais de cinco anos. Por isso, com o ginásio em mãos ficam mais fácil os treinamentos. Além destes motivos, me manter como ecônomo foi o pedido da diretora da escola para que continuássemos, graças ao bom relacionamento”, conclui.
SITUAÇÃO DIFÍCIL
Jairo Camargo assumiu a economia do Ginásio Albano Hansen (Travessão) pouco antes do início das restrições por conta da pandemia. “A situação está difícil, ainda não temos previsão de retorno. O último decreto que assinei é até 31 de julho, mas não sabemos como vai ser”, comenta. Nos próximos dias, o município deve iniciar a reforma do ginásio, o que por um lado é positivo. Se fosse depois do retorno, o espaço ficaria mais um tempo fechado.
Ele também é ecônomo do campo de futebol sete da Associação de Moradores do Travessão, que fica em frente ao ginásio. O espaço também está fechado para jogos, mas nos últimos tempos Jairo tem conseguido ao menos abrir o bar, de forma restrita. “A gente vai se virando”, afirma, torcendo para que a situação melhore o quanto antes para todos.
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SANTA CECÍLIA
Expectativa de um grande ano frustrada
Além dos ginásios municipais, outros espaços esportivos também vêm sofrendo com o momento. Marcos Wagner, popular Sabiá, é ecônomo da Sede Campestre Santa Cecília (Beira Rio), onde tem restaurante e campo de futebol sete com grama sintética. “Está bem complicado, já são três meses sem poder usar o campo. O pessoal me pergunta quando vai poder jogar; está todo mundo ansioso. Eu digo que acho que vou ter que fechar o restaurante de novo antes de poder reabrir o campo”, comenta. “O difícil é que ninguém nos dá uma posição. Acredito que antes de setembro não volte”, acrescenta.
A expectativa era de um grande ano, mas a pandemia trouxe prejuízos. “Estava tudo muito bem encaminhado, tínhamos os horários cheios, muitas festas marcadas, e tudo teve que ser cancelado. É lamentável”, conclui Sabiá (foto acima).
Movimento caiu bastante
Para Aloísio Hansen, o Hans, do Ginásio Santa Cecília (Centro), a alternativa é aguardar dias melhores. “Todos foram prejudicados, a economia no geral está sofrendo, e nós não fugimos à regra. O jeito é negociar despesas e esperar que a situação mude”, afirma. Sem poder usar a quadra, ele tem aberto em menos dias da semana, no final da tarde, e em fins de semana. “O movimento caiu muito, o pessoal não está saindo. É a mesma situação dos restaurantes, pois a gente também depende da venda de lanches e bebidas”, explica Hans.