Além da alimentação, ovo é matéria-prima para a produção de vacinas

19/06/2021
Fonte: G1

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Mexido, frito ou cozido, o ovo é um alimento popular na mesa do brasileiro, usado em receitas caseiras e por indústrias para fabricar pães, massas, maioneses e bolos. É também matéria-prima na fabricação de antígenos e vacinas para animais e humanos, como nos imunizantes contra a gripe e a febre amarela.

Apesar deste uso não ser novidade, ele ganhou destaque com a produção de vacinas contra o coronavírus, como a ButanVac, do Instituto Butantan, que ainda está sendo testada e que, se aprovada, será o primeiro imunizante contra a Covid-19 produzido no Brasil que não requer insumo importado.

No mundo, o Brasil ocupa o 5º lugar entre os maiores produtores de ovos, atrás da China, Estados Unidos, Índia e Indonésia. O foco é o mercado interno e, por isso, somente 0,3% é exportado, com destaque para o Senegal, Paraguai, Peru e Emirados Árabes, mostram dados do Ministério da Agricultura. No total, são 174 milhões de galinhas poedeiras que produzem 53,5 bilhões de ovos, segundo dados de 2020 da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Um terço vem do estado de São Paulo, maior fornecedor do alimento no país, seguido do Espírito Santo, Minas Gerais e Paraná. Por ano, as granjas do país faturam, em média, R$ 16 bilhões no mercado interno e US$ 48 milhões na exportação.

No ano passado, o consumo anual de ovos no Brasil bateu recorde histórico de 251 unidades por pessoa, impulsionado, em parte, pelo encarecimento da carne bovina, que fez o consumidor buscar por proteínas mais baratas. Apesar disso, o preço do ovo já subiu 8% este ano, puxado pelo alta dos custos de produção do setor.

 

Ovos para produção de vacina

Os ovos usados na fabricação de vacinas são diferentes dos voltados para a alimentação. Os que comemos não são fertilizados, enquanto os que são usados na produção dos imunizantes contêm um embrião, pois é por meio das células dele que o vírus consegue se replicar. Ainda não há dados consolidados sobre quantos ovos embrionados o Brasil produz, segundo o Ministério da Agricultura e a ABPA.

A coordenadora técnica da associação Tabatha Silvia Rosini Lacerda diz que essa divulgação nunca foi feita “por não ser relevante”. “Mas agora que as pessoas estão preocupadas com esta questão, estamos avaliando se iremos levantar os dados junto aos associados”, afirma ela, que também é diretora do Instituto Ovos Brasil. Os ovos embrionados também são usados em pesquisas científicas e para diagnóstico de microrganismos em laboratórios.

 

Granjas especializadas

Os ovos embrionados também são chamados de controlados e, atualmente, o Brasil possui 14 granjas neste setor em São Paulo (12), Minas Gerais (1) e Santa Catarina (1). Há ainda, em MG, uma granja produtora de ovos SPF (Livres de Patógenos Específicos), que também servem para fabricar imunizantes. O ovo controlado vem de aves que podem tomar vacinas, enquanto o SPF provém de animais que não podem ingerir nenhum medicamento e têm um controle mais rígido.

Uma das granjas brasileiras especializadas é a Globobiotech, um braço da Globoaves, que é voltada somente para a produção de ovos controlados e importação de SPF. Por ano, a empresa fabrica 140 milhões de ovos fertilizados e parte da sua produção segue para o Instituto Butantan desde 2007 para a produção da vacina contra a gripe (Influenza), diz o diretor e fundador da Globoaves, Roberto Kaefer. Desde o final de abril, a companhia também fornece material para a produção da ButanVac. Por dia, são cerca de 500 mil ovos enviados para o instituto, que saem das unidades de São Carlos e Itirapina, interior de São Paulo.

 

Como o ovo entra na produção de vacina

A técnica para produzir a vacina contra a gripe e o coronavírus é praticamente a mesma, explica Douglas Macedo, gerente de produção da fábrica da Butanvac/Influenza. “Só muda um pouco a temperatura e o tempo de incubação, mas o processo é o mesmo”, diz. “Os ovos embrionados servem como um meio replicador do vírus. Nós injetamos uma quantidade pequena do vírus de interesse em cada ovo. E, então, com temperatura e tempo controlados, você tem uma replicação viral. Depois, nós colhemos esse líquido, que vai passar por algumas etapas de produção, como a filtração para eu ter um lote do IFA: o insumo farmacêutico ativo”, acrescenta. A partir daí, o lote é misturado com outros componentes, é envasado e distribuído para o sistema público de saúde.

Macedo explica que cada ovo gera, em média, duas doses da ButanVac e que o instituto já produziu, aproximadamente, 15 milhões de doses. Ele ressalta que a produção da vacina da gripe e da ButanVac não podem acontecer simultaneamente. “Não posso trabalhar com dois vírus ao mesmo tempo na fábrica. E, antes de começar uma produção nova, é preciso um processo de descontaminação da fábrica”, explica. A vacina contra a Influenza é fabricada entre setembro e abril.


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