Dois Irmãos registra número expressivo de casos
A vereadora Sheila da Silva (PT) voltou a falar, na sessão do último dia 13, sobre a necessidade de ações no combate à violência doméstica contra a mulher em Dois Irmãos. Ela cobrou maior apoio dos colegas.
– É muito triste e frustrante ter que quase toda semana trazer relatos aqui sobre esse sofrimento e não conseguir sensibilizar a maioria dos colegas nesta casa ou o prefeito, de que uma parcela importante das mulheres da nossa comunidade vem sofrendo demais e pedindo socorro. A gente não pode se fazer de surdos e insensíveis ou de indiferentes. Eu apresentei um anteprojeto para enfrentar esta cultura da violência, e pelo visto esse anteprojeto foi simplesmente engavetado. Foi criado o Departamento das Mulheres, mas eu lamento pela coordenadora que trabalha lá, porque no orçamento não é previsto nada de recursos para que se possa fazer um programa ou projeto de enfrentamento a essa realidade – comentou.
Sheila defende um projeto educacional na cidade.
– Vou insistir na ideia de um programa permanente de formação sobre o tema, a ser instituído tanto nos espaços públicos quanto nas empresas do nosso município, que é do que trata o anteprojeto que foi encaminhado. Não adianta chegar o Dia Internacional da Mulher, todo mundo vir aqui fazer discurso bonito, mas de fato, na prática, a gente não pensar em soluções – concluiu a vereadora.
Ramon Arnold (PP) também entende que são necessárias ações práticas.
– O Partido Progressista está junto nesta questão. O Consepro também está iniciando uma série de atividades; a violência doméstica contra a mulher é praticamente uma epidemia na nossa cidade. O Dr. Miguel Carpi Nejar (juiz da Comarca) esteve aqui no ano passado, e nós nos comprometemos em trabalhar de forma unida, com ações práticas. Não podemos deixar esse assunto morrer e só ficar no discurso; temos que ter ações de educação – afirmou.
Números que assustam
O juiz Miguel Carpi Nejar esteve na Câmara em dezembro, dentro da programação dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres. Ele relatou que a Comarca de Dois Irmãos tem a cada dois dias um registro de pedido de adoção de medidas protetivas no âmbito da violência doméstica e familiar.
– Infelizmente, os casos que vêm à tona são apenas a ponta do iceberg, pois sabemos que muitos não se mostram, permanecem escondidos ou dissimulados no recôndito do lar, seja pelo receio da ameaça, seja pela própria dependência psicológica e econômica da mulher perante o seu agressor ou seja pelo preconceito que a ofendida sofre ao denunciar, muitas vezes da própria família, que não quer ver-se exposta à sensibilidade do assunto, transferindo a responsabilidade do verdadeiro culpado para quem é tão somente vítima – declarou o magistrado na ocasião.
Vale lembrar que, no ano passado, a Delegacia de Polícia Civil de Dois Irmãos recebeu 195 denúncias de violência doméstica contra a mulher, um aumento de 49 casos em relação a 2021, quando foram registradas 146 ocorrências do tipo. No primeiro mês de 2023, foram 20 casos, com 18 mulheres solicitando medida protetiva de urgência.