Saída da Mahindra de Dois Irmãos provoca debate na Câmara de Vereadores

20/02/2024
Sessão foi nesta segunda-feira (19)

Sessão foi nesta segunda-feira (19)

A notícia de que a Mahindra construirá sua nova fábrica de tratores em Araricá repercutiu fortemente na sessão desta segunda-feira (19), na Câmara de Vereadores de Dois Irmãos. A vereadora Sheila da Silva (PT) foi a primeira a se manifestar sobre o assunto na tribuna, lamentando a grande perda para o município.

– Imagino que todos aqui devem lembrar que em 2010 a Mahindra optou por instalar uma unidade de produção de tratores em Dois Irmãos. Isso aconteceu por conta do nosso ex-prefeito Miguel (Schwengber), que na época não mediu esforços para que os diretores da empresa recebessem o apoio necessário, que sentissem confiança na parceria e apoio da prefeitura. Na época, o ex-prefeito Miguel inclusive chegou a tirar dinheiro do seu bolso para ajudar a viabilizar condições do prédio para a empresa poder se instalar. Lembro também que na época a instalação de uma unidade da Mahindra em Dois Irmãos chegou a ser motivo de deboche aqui na tribuna, e alguns diziam que no máximo a empresa iria produzir cortadores de grama. Mas a empresa se instalou e começou a produzir tratores, a gerar empregos de qualidade, inclusive demandou produção de parte das peças usadas nos tratores para empresa da área de metalurgia no nosso próprio município – afirmou a parlamentar.

Sheila lembrou que hoje a Mahindra já está entre as cinco empresas com maior retorno de ICMS para Dois Irmãos. Ela disse ainda que o investimento inicial na sua nova unidade será de R$ 100 milhões, podendo chegar a R$ 400 milhões até 2026, com estimativa de gerar entre 300 e 400 novos postos de trabalho já no ano que vem.

– A nova empresa terá uma área de 9 hectares de terra, ou seja, menos da metade da área adquirida no Travessão e que está lá parada, com um projeto de faz de conta, que não tem perspectiva e é sempre para o futuro, futuro e futuro. Vão erguer uma fábrica de 14 mil m², com possibilidade de expandir até 30 mil m². Será uma empresa enorme, com emprego de qualidade, possivelmente uma remuneração média superior a que atualmente paga a maioria das empresas do nosso município. Pensem no que isso significaria para Dois Irmãos.

 

“Prefeito e vice viraram as costas para a Mahindra”

A vereadora criticou a postura da administração municipal no caso.

– Não dá para acreditar, mas nesse momento quem está comemorando essa notícia como se tivesse ganhado na Mega-Sena é o prefeito de Araricá, município com pouco mais de 6 mil habitantes. Nós perdemos a Mahindra para as articulações do prefeito Flávio (Foss) de Araricá, que ficou muito entusiasmado e confidenciou que, desde que a Mahindra começou a se movimentar em busca de uma nova área, ele disse para sua equipe: foco total no auxílio da empresa, foco total no atendimento das demandas e no empenho de todos para viabilizar a escolha da cidade. Com a Mahindra, ele comemora a possibilidade de dobrar e até triplicar o ingresso de recursos no município. Pelo que vi no jornal, o nosso prefeito disse não ter conseguido saber sobre as decisões da Mahindra. É de chorar rios de lágrimas. Se fizeram alguma coisa, de novo deve ter sido um faz de conta. A verdade precisa ser dita: prefeito e vice-prefeito viraram as costas para a Mahindra, nunca tiveram um olhar atento para o significado da Mahindra para a nossa cidade, cheios de preconceito: ‘essa empresa não é daqui’, ‘vem de fora’, ‘foi o Miguel que trouxe...’ Ela nunca foi levada a sério. É incrível a falta de visão e de perspectiva que a gente tem hoje. Enquanto Araricá comemora, Dois Irmãos está de luto – disparou Sheila.

Darlei Kaufmann (PSB) também lamentou a futura saída da empresa.

– Acompanhei o desenrolar da história na gestão da ex-prefeita Tânia (da Silva), com muitos boatos e narrativas, e a batata veio quente, fervendo nas mãos do atual prefeito. Os benefícios fiscais e incentivos do Estado, acredito que neste momento foram determinantes. Mas, tenho por filosofia de vida, que a gente não pode somente culpar os outros, e falo isso porque venho acompanhando relatos e trajetórias de alguns empresários, empresas e empreendedores daqui. Nós, da situação, sabemos que temos problemas em algumas secretarias – comentou.

 

“A prefeitura trabalhou de forma séria”

Ederson Bueno (MDB) destacou que foram 18 meses de negociação.

– A prefeitura trabalhou de forma séria e comprometida para que pudesse manter a empresa no município. Todos os benefícios da Lei Municipal de incentivos foram oferecidos, inclusive foi alterada a Lei de incentivos fiscais para que a gente pudesse atender a mais pedidos da Mahindra, mostrando que o município estava fazendo alguns esforços. Vale lembrar que é da política da empresa não aceitar áreas públicas. Dois Irmãos foi atrás de áreas privadas, e uma foi oferecida, mas a empresa achou o custo muito alto. Tem também a questão do Fundopem, um programa de incentivo do Estado que promove maior abatimento de imposto para empresas que se instalarem em cidades menos desenvolvidas; lá em Araricá eles conseguem abater uma quantidade maior de imposto do que conseguiriam aqui em Dois Irmãos. Esse também foi um ponto determinante, sem contar que lá eles têm um terreno na beira da RS-239, amplo e muito plano. Lamentamos a situação, mas esses fatores foram determinantes – declarou ele.

 

“Lamentamos a saída, mas não depende de nós”

Ramon Arnold (PP), líder de governo, lembrou que havia um alinhamento para a locação de outro prédio, mas que a empresa por fim optou pela construção da planta própria.

– A administração do professor Miguel tinha em mãos uma valiosa e moderna legislação, a Lei 2.448/2007, que rege incentivos de implantação, implementação e fomento de empresas, as quais foram ofertadas e implementadas através da concessão de locação. Esta Lei foi criada em 2007, durante a gestão do então prefeito Renato Dexheimer, a qual eu era secretário. Sem ela, talvez não tivéssemos o amparo legal para a vinda da empresa. A instalação no atual prédio não é compatível com a produção de metalmecânica, que tem o pé direito e o piso de parquet e são entraves para uma produção eficiente. É uma inverdade que empresários da cidade não querem outra empresa no município. Eles não escolheram outra cidade, eles escolheram uma área compatível que, infelizmente, não havia disponível no nosso município. Foi feito todo o esforço possível. Lamentamos a saída, mas não depende de nós.

 

“A iniciativa privada não faz caridade”

Nilton Tavares (PP) criticou a postura da vereadora Sheila:

– Eu fui testemunha ocular da negociação, que o nosso prefeito passou várias vezes sem dormir. Agora a vereadora Sheila faz todo um discurso de desconstrução, parece que a administração mandou por querer a Mahindra embora. Não é verdade! A iniciativa privada não faz caridade. Uma empresa internacional se pauta pelo lucro, pelas benesses do acesso. Eles têm ali uma área muito plana, não vão ter as curvas da BR-116; eles olham tudo isso.


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