Davi com a mãe Luara no Instituto do Câncer Infantil, em Porto Alegre, e com os bonecos que ganhou do Projeto Carequinhas
Era novembro de 2020. O pequeno Davi de Moura Conceição, na época com 4 anos da idade, era diagnosticado com o Tumor de Wilms, um tumor renal e um dos mais comuns em crianças, principalmente com idades entre 2 e 5 anos. Menino corajoso, ele enfrentou a doença como um super-herói e fez a última sessão de quimioterapia na segunda-feira, dia 16 de agosto. Naquele mesmo dia, exibia, com o sorriso puro e radiante de criança, um balão azul para comemorar a vida. O menino vencia a batalha contra o câncer.
Com o coração mais leve e o tratamento já avançado, a mãe do Davi, Luara de Moura, de 28 anos, decidiu criar em maio deste ano uma página no Instagram - @oncomae_luara, para compartilhar sua experiência diante da doença do filho e, principalmente, alertar para a importância do diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil. Para Luara, é preciso desconstruir mitos sobre a doença. Ela mesma assume que passou por esse processo. “O maior desafio foi esclarecer para mim mesma os mitos que eu tinha sobre o câncer no meu inconsciente”, destaca.
Na página, Luara conta sobre o diagnóstico do Davi, sobre etapas do tratamento, sobre a cirurgia e sobre a rotina do hospital. Além disso, traz, com base no Instituto Nacional do Câncer (INCA), informações sobre outros tipos de câncer infantojuvenil como retinoblastoma, osteossarcoma, leucemia e linfoma de Hodgkin, além de mitos e verdades sobre o câncer. Também fala sobre fé, esperança, medo, autoestima, empatia e autocuidado, além da importância do acompanhamento psicológico ao paciente e seus familiares.
Recentemente, Luara também compartilha relatos de outras mães com filhos em tratamento contra o câncer. O objetivo, segundo ela, é trazer o maior número de informações possíveis sobre os mais diferentes tipos de câncer que podem acometer as crianças.
Além de trazer informações importantes e que podem ajudar outras famílias, Luara compartilha iniciativas como o Projeto Carequinhas, de Joinville (SC). “É um grupo de voluntários que leva esperança e amor nos hospitais de oncologia pediátrica da região deles. Eles confeccionam bonecos de feltro de super-heróis carequinhas e levam para os pequenos”, explica Luara, contando que ela encontrou, através deste projeto, uma maneira de tornar mais leve o momento em que o filho começou a perder o cabelo em razão da quimioterapia, em dezembro de 2020. Além dos bonecos, o Davi recebeu um vídeo cheio de super-poderes, gravado pelo Capitão América.
Outras iniciativas compartilhadas pela mãe são o projeto AMO Criança de Novo Hamburgo e o Instituto do Câncer Infantil, que apoiam crianças com câncer e suas famílias.
A história do Davi
No dia 4 de novembro de 2020, o Davi acordou com dor abdominal. Ele se queixava de um desconforto do lado direito. Já naquela manhã, Luara levou o filho para o Pronto Atendimento 24h de Dois Irmãos. Segundo ela, após avaliação, a médica diagnosticou como infecção intestinal e receitou antibiótico.
Não convencida de que fosse isso, Luara e o marido Alexsander Azeredo da Conceição decidiram levar Davi para uma consulta com o pediatra dele, o Dr. Marco Adriano Moller. Ele logo desconfiou de algo mais grave e solicitou exames com urgência, exames estes realizados já na manhã do dia 7 de novembro. Antes do meio-dia, a família já tinha o diagnóstico: Tumor de Wilms. O menino precisava de tratamento oncológico.
No mesmo dia, às 14h30, Davi dava entrada na emergência do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, com todos os exames. Já no domingo, dia 8 de novembro, era transferido para o setor de oncologia da casa de saúde.
Pouco mais de um mês depois, no dia 18 de dezembro, Davi passou por cirurgia para a remoção do tumor e do rim. Antes, ele precisou realizar cinco sessões de quimioterapia, processo que diminuiu o tamanho do tumor. Já no dia 2 de janeiro, recuperado da cirurgia, Davi recomeçou as quimioterapias.
As noites em claro e o choro nos dias após o diagnóstico agora dão lugar à felicidade e gratidão. “Se eu já tinha fé, hoje tenho muito mais”, destaca Luara, acreditando que Deus esteve ao lado deles em cada fase do tratamento. Com a rotina retomando aos poucos, ainda em meio a muitas consultas e acompanhamentos, ela reforça a importância de darmos valor à vida e às pessoas. “Percebemos o quanto é importante aproveitar ao máximo a nossa família; o quanto é importante termos empatia e ajudarmos as pessoas”, diz ela, que foi também o ombro amigo de muitos pacientes e mães durante o período de internação do Davi.
Filho mais novo da Luara e do Alexsander, Davi também contou com as energias positivas do irmão mais velho, Francisco de Moura Conceição, de 7 anos, para vencer a doença. A família, que veio de Tramandaí, mora há 7 anos em Dois Irmãos e atualmente reside no bairro Travessão, onde Davi é aluno da escola Albano Hansen.
ATENÇÃO:
Luara chama a atenção para questões simples, mas que podem fazer a diferença em situações como a vivenciada pela família dela. Ela reforça, principalmente, a necessidade de ter uma segunda opinião médica, a importância dos pais observarem seus filhos com atenção e a necessidade de manter as consultas em dia.
Entre os movimentos que chamam a atenção para o câncer infantojuvenil está o Setembro Dourado. O objetivo é justamente alertar pais, profissionais da saúde, educadores e sociedade em geral sobre a importância de se atentar aos sinais e sintomas sugestivos do câncer em crianças e adolescentes.
Davi completou 5 anos no dia 5 de março e comemorou com festa no hospital