Demolição do prédio da antiga Secretaria da Saúde gera polêmica

22/10/2019
Prefeitura alega questões técnicas para a derrubada

Prefeitura alega questões técnicas para a derrubada

A demolição do prédio onde funcionava a Secretaria da Saúde, junto à construção do novo Pronto Atendimento / Emergência 24h, no Centro, provocou debate na Câmara de Vereadores. Na semana passada, Joracir Filipin (PT) publicou um vídeo nas redes sociais lamentando a decisão da prefeitura de Dois Irmãos, que já havia publicado uma matéria sobre o assunto, apresentando questões técnicas como justificativa. 
Na sessão desta segunda-feira (21), o vereador Elony Nyland (MDB) levou para a tribuna as explicações da equipe da Secretaria de Planejamento e Habitação. “Essa decisão é totalmente técnica, dos engenheiros e arquitetos da prefeitura. Os secretários de Planejamento e de Saúde, tanto a prefeita como o vice, foram convencidos da necessidade da demolição desta obra. O que gerou essa necessidade? O pé direito do prédio velho é um metro mais baixo que a nova emergência, pois era um apartamento de moradia para as Irmãs. Devido à falta de ventilação, o prédio se tornou insalubre para o uso”, comentou, citando ainda a legislação em vigor para construções na área da saúde. “Se fosse mantido, necessitaria remover todas as lajes e paredes internas, pois o prédio é de aproximadamente 40 anos. Se não fosse demolido, permaneceria fechado, sem condições de uso”, acrescentou Elony.
O emedebista disse que a demolição não interfere na inauguração da nova emergência e facilita uma próxima construção. “É uma nova etapa para o futuro, independente de governo. Temos exemplos, que estão nos jornais televisivos, em que mexeram em apenas uma estrutura e o prédio veio abaixo. Hoje, mexer numa estrutura de laje e parede, principalmente em prédios antigos, é complicado. Além disso, o valor da compra, alguns anos atrás, foi em torno de R$ 1,2 milhão, e era com todos aqueles terrenos junto. Hoje, só os terrenos já valem muito mais que R$ 1 milhão, R$ 1,5 milhão”, concluiu.
Eliane Becker (PP) disse que não olhou o vídeo feito por Filipin para não dar Ibope. “O Filipin não é engenheiro. É nosso direito questionar, mas a gente tem que cuidar quando faz vídeos. Tem que ter conhecimento para não enganar a população. A única coisa que eu questiono é: por que a prefeitura não nos falou logo? Aí não causa essa confusão, não precisa do vídeo do Filipin para colocar sempre as pessoas num ‘Gre-Nal’”, afirmou. 
Sérgio Fink (MDB) disse que não entraria na polêmica quanto a critérios técnicos. “Só lamento que, dos vereadores da base, nenhum sabia o que estava acontecendo. A informação que tínhamos é que o prédio seria reformado. Faltou essa comunicação do Executivo, partindo da Secretaria de Planejamento”, declarou o presidente.


“É rasgar dinheiro público”, afirma Joracir Filipin
Joracir Filipin (PT) afirmou que está cumprindo seu papel de vereador. “De fato, vereadora Eliane, não sou engenheiro, mas tenho o maior carinho e respeito pelos engenheiros e arquitetos. Não é pela profissão que a gente vai deixar de fiscalizar; esse é o nosso papel de vereador. Ninguém de nós tinha conhecimento que este prédio ia ser derrubado”, declarou. “Quando veio o projeto para aprovar o financiamento (117/2017), não se previa a derrubada deste prédio. Eu fiz, inclusive, um pedido de informação (56/2018) sobre o financiamento, e constava aqui ‘reforma do hospital e Secretaria de Saúde, valor R$ 400 mil’. Quer dizer, no projeto já constava que ia ser reformado e não derrubado. Houve erro, não dos engenheiros e arquitetos, mas um erro de estratégia e planejamento. Como não viram isso antes?”.
Para o vereador do PT, a demolição significa rasgar dinheiro público. “Aquele prédio poderia ter outras funções se tivessem adequado o projeto, mas a medida mais rápida e fácil é derrubar. Fala-se em ventilação, mas colocaram o novo posto encostado no prédio. Quer dizer, se trancaram as janelas de um lado e de outro, é claro que vai faltar ventilação”, comentou. “Não deveriam derrubar um prédio que custou dinheiro público. Foi uma derrubada mal planejada. Houve um erro estratégico grosseiro por parte da Secretaria de Planejamento. Não é o primeiro erro, tem outros acontecendo no município por falta de planejamento. Está na hora do secretário Nei (Fernando Ferraz) pedir demissão”, completou Filipin.
 



Requerimentos e pedido de informação

Dois requerimentos e um pedido de informação de Joracir Filipin foram aprovados por unanimidade na sessão de ontem. No requerimento 086/2019, o vereador solicita ao Poder Executivo o laudo técnico que conclui pela demolição do prédio, assim como o projeto arquitetônico da obra da nova emergência inicialmente aprovado. No 087/2019, ele pede a convocação do secretário de Planejamento e Habitação, Nei Fernando Ferraz, para dar explicações sobre o caso. A participação do secretário foi marcada para dia 18 de novembro, às 19h. 
No pedido de informação 019/2019, Filipin faz a seguinte solicitação: 1) Qual o número da matrícula do imóvel onde funcionava a Secretaria de Saúde? 2) Qual o valor pago pelo município para a aquisição do prédio? Qual o valor da avaliação imobiliária do prédio na época da compra? 3) Foi elaborado laudo de avaliação do prédio à época da compra dando conta das condições de conservação do mesmo? 4) Por qual motivo não foi solicitada autorização legislativa para proceder a demolição do prédio? 


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