(Fotos: Divulgação)
Um estudo para monumento em homenagem ao Bicentenário de Imigração Alemã estará em exposição no Espaço Cultural da Antiga Matriz (ECAM), em Dois Irmãos. A inauguração acontece nesta quinta-feira (25), às 19h. Após, às 19h30, será apresentado o espetáculo teatral “Memórias em Retalhos”, da Companhia de Teatro Curto Arte.
O estudo para monumento é criação do renomado pintor, escultor e artista plástico hamburguense Marciano Schmitz. A peça ficará exposta no ECAM até 28 de agosto. A seguir, o próprio fala dos atributos da obra e de sua relação pessoal com a história da imigração:
Do que se trata este estudo?
Marciano – O estudo trata-se de uma maquete que aborda a epopeia da chegada dos primeiros colonos alemães ao Brasil, uma alegoria histórica composta por símbolos e figuras humanas que estabelecem um discurso a ser lido pelo espectador que, ao circular pelo espaço, poderá sentir e refletir sobre a característica das imagens bem como a forma total da composição. As imagens teriam em torno de 4 metros de altura por 1 metro de largura.
Quais são os atributos simbólicos que te inspiraram?
Marciano – Primeiramente, as velas de navio, a viagem. Segundo: a ideia de um grupo de pessoas que se aventuram e chegam a um lugar desconhecido com o firme propósito de construir um novo mundo. Terceiro: a possibilidade de o indivíduo possuir pela primeira vez o título da terra e poder edificar seu sonho de trabalho e liberdade. Quarto: trazer consigo sua bagagem cultural e suas lembranças mais caras, bem como a vontade inquebrantável de realização. O conjunto de peças forma, à distância, uma proa de navio, formada pelo grupo com o velame ao fundo.
Como autor, qual a tua relação pessoal com a história?
Marciano – Sou nascido em Novo Hamburgo. Minha rua, a 5 de abril, ficava bem em frente à antiga estação de trem. Acompanhei o crescimento da cidade desde os anos 50. Tenho lembranças do tempo em que todos falavam português e alemão conjuntamente. Na minha infância passava bom tempo dentro do clube de atiradores, acompanhava as atividades, como bailes e festas de Kerb e Tiro do Rei, sempre acompanhados de bandinhas de sopro com direito a “Marimbau”. Naquela época, um clube era um centro cultural, tanto na lida diária das mulheres que mantinham tudo funcionando, desde a criação de galinhas e porcos para os almoços, na lavagem das toalhas de linho branco, nas decorações de salão com folhas de jerivá, bem como o preparo da pista de dança com parafina. Os encontros para o jogo de cartas, bolão e tiro eram diários. Esse vínculo, aos poucos, foi me dando consciência, bem como os hábitos de minha mãe, avó e tias se reunirem para o preparo de biscoitos natalinos, preparo de “spritzbier” e doces em compotas, de minha procedência e, naturalmente, das minhas origens.