Fonte: Abicalçados / Foto: Divulgação – Wirth
A história da indústria calçadista brasileira é tão antiga quanto cheia de desafios. Com as primeiras fábricas nascidas no Rio Grande do Sul, como forma de abastecer o Exército Brasileiro com coturnos de couro para a Guerra do Paraguai - 1864 a 1870 -, o setor logo cravou suas raízes por todo o País. Na época, a produção de calçados era basicamente artesanal e se dava muito mais por uma demanda local do que nacional, sem apelos de moda. Com a primeira fábrica formalizada em 1888 em Novo Hamburgo/RS, foi a partir de meados do século passado que a atividade passou a se desenvolver de fato, especialmente a partir das primeiras exportações. A primeira que se tem registro data de 1968, quando a Strassburguer, de Novo Hamburgo/RS, embarcou o equivalente a US$ 4 milhões para os Estados Unidos.
Hoje sendo o quinto setor industrial que mais emprega na Indústria da Transformação brasileira, a atividade gera mais de 250 mil postos de trabalho diretos em 600 municípios do País, sendo que em 20% destes representa mais de 50% do emprego industrial gerado. O calçado brasileiro, aprimorado pelos anos e pelo desenvolvimento tecnológico, também está nos pés de consumidores de mais de 160 países em todo o planeta, sendo desejado e reconhecido internacionalmente.
Quinta maior produtora do mundo, a maior fora da Ásia, a indústria calçadista brasileira, apesar dos percalços, segue como um importante vetor econômico e social do País. Essa história de sucesso, no entanto, não seria possível sem empresas sólidas espalhadas nos quatro cantos do Brasil. Destacamos cases de alguns dos principais polos calçadistas brasileiros e que contam um pouco da história desse segmento que calça não somente o Brasil, mas boa parte do planeta. Leia abaixo a parte referente à empresa dois-irmonense:
Calçados Wirth: de Dois Irmãos para o mundo
O compromisso de oferecer qualidade e elegância para os pés femininos é seguido à risca pela Calçados Wirth desde 1948. A calçadista gaúcha foi fundada por três sócios em Dois Irmãos/RS e os primeiros sapatos foram fabricados por uma equipe de 15 funcionários. A produção diária que, no início, era de 40 pares/dia, cresceu. Atualmente com 1,1 mil colaboradores, a calçadista produz aproximadamente 7 mil pares/dia.
Diretor da Wirth, Ricardo José Wirth, conta que os principais desafios encontrados no início estavam relacionados à abertura da empresa. “Construir uma indústria a partir de poucos recursos, conseguir crédito para investimentos e capital de giro, além de conquistar mercados e treinar a mão de obra estavam entre as dificuldades enfrentadas”, fala Wirth, ao dizer que nos tempos atuais, os desafios permanecem e se renovam permanentemente.
Entretanto, o contexto é outro. “A empresa alcançou estabilidade e solidez econômica, adquiriu know how de tecnologia e produção, boa imagem no mercado, fatores importantes para manter sua atividade.” Ao longo dos 73 anos da empresa, a Wirth expandiu para o interior do município, onde hoje são os municípios emancipados de Santa Maria do Herval e Morro Reuter. “Sempre tivemos grande identificação com estas comunidades, onde a mão de obra é de muito boa qualidade.” Presente em mais de 50 países, a exportação representa atualmente cerca de 80% da produção da empresa.
A redução no consumo de calçados no ano de 2020 em função da pandemia de Covid-19 resultou em uma queda de 20% na produção ante 2019. A expectativa é de que já no próximo ano a empresa esteja operando nos níveis pré-pandemia.