Fonte: g1 RS
A Netflix Brasil anunciou, nesta terça-feira (23), a produção de uma minissérie sobre o incêndio da Boate Kiss, que deixou 242 pessoas mortes e mais de 600 pessoas feridas em 2013 na cidade de Santa Maria, Região Central do Rio Grande do Sul. A série “Todo Dia a Mesma Noite” é baseada em livro de mesmo nome, da escritora Daniela Arbex. A obra foi lançada pela jornalista em 2018 e traz relatos de pessoas que tiveram ligação com a tragédia.
Nas redes sociais, Daniela Arbex comentou que as gravações começam em janeiro de 2022, mês em que o incêndio completa nove anos. A produção ficará a cargo da Morena Filmes, sendo dirigida pela cineasta Júlia Rezende e com roteiro de Gustavo Lipsztein. “Emocionada em ver a história do Brasil sendo contada para milhões de pessoas! Jamais vamos esquecer o que houve em 27 de janeiro de 2013. Nem o Brasil, nem o mundo”, escreveu Daniela, que também é consultora da série. A minissérie de cinco capítulos está em uma lista de lançamentos previstos para 2022 e 2023.
O livro
O livro de Daniela Arbex traz mais de 100 entrevistas com pais, sobreviventes e envolvidos no incêndio. A repórter mineira, vencedora do prêmio literário Jabuti, é autora dos livros-reportagem “Holocausto Brasileiro” e “Cova 312”. “Comecei pelos familiares, daí quis ouvir os profissionais de saúde. Descobri que eles nunca tinham falado sobre isso, nem entre eles. E isso me impressionou”, contou ao g1 em 2018.
Um dos depoimentos do livro é de Lívia Oliveira, mãe de Heitor, uma das vítimas do incêndio. O jovem não estava na festa e entrou na boate para ajudar no resgate dos frequentadores do evento. Ao g1, ela contou que Daniela ficou surpresa ao entrar na casa da família e não encontrar muitas fotos do rapaz. Lívia disse que não precisa muito, pois sente que ele está guiando ela. “Não me importaria de perder tudo na vida e recomeçar, menos perder o Heitor fisicamente, porque sei que espiritualmente ele continua vivo”, recorda a mãe do jovem.
A autora fez cinco viagens a Santa Maria para escrever a obra. Em uma delas, ingressou no prédio da Boate Kiss. “Foi difícil entrar e ver o lugar, a presença lá é muito forte. Ainda tem os nomes das pessoas que tinham feito reserva nas mesas”, recordou. Pais, amigos, sobreviventes, bombeiros, médicos e até o ex-prefeito da cidade Cezar Schirmer falaram com Daniela para o livro. Porém, os quatro réus do processo se recusaram.