Pronto Atendimento na quarta-feira (23)
O boletim da dengue desta quinta-feira (24) mostra que Dois Irmãos chegou a 550 casos positivos, tendo 721 testes em análise e duas pessoas internadas em decorrência da doença. De acordo com o biólogo Fernando Goulart Timm, coordenador da Vigilância em Saúde Ambiental do município, os bairros com mais notificações, em ordem decrescente são: São João, Primavera, Navegantes, Centro e Moinho Velho.
Com o número elevado de casos da dengue, os atendimentos no Pronto Atendimento (PA) passaram de uma média de 3,9 mil por mês para uma expectativa de quase 7 mil ao final de março. A maior demanda causou proporcionalmente um maior tempo de espera para o atendimento da população. Em entrevista ao JDI, o diretor do Hospital São José, Luis Antonio Alves Linder, analisa o momento vivido pela saúde pública do município. Vale lembrar que o hospital e o PA são administrados pelo IB Saúde.
Quais as principais causas para o aumento do tempo de espera?
Luis Antonio – Como os sintomas da dengue são muito diversos, pode ser confundida com coronavírus também. Qualquer um desses sintomas que o paciente tenha, ele vai para o Pronto Atendimento, sendo que grande parte desses atendimentos deveriam estar sendo realizados pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Além disso, não há médicos nesse momento disponíveis na região. Isso nos dificulta, por exemplo, em pediatria, pois não podemos ter um pediatra que não seja especialista em sala de parto. A ideia do hospital é não deixar ninguém esperando, mas com o nível de demanda que estamos tendo é impossível.
Qual é a média diária de atendimentos?
Luis Antonio – Nossa média diária era de 120 a 130 atendimentos; nesta semana está sendo de 293, e acredito que nós chegaremos aos 350 atendimentos médicos por dia. Com o aumento da demanda, não tem como não engarrafar. A estrutura que temos é para uma cidade com 33 mil habitantes. Posso afirmar que isso é nível de atendimento para uma cidade com quatro vezes esta população. Estamos fazendo todo um trabalho com a prefeitura para que isso não aconteça, mas nós não conseguimos resolver da noite para o dia. A demanda da dengue, que julgamos que seria temporária, está se estendendo.
Quais as medidas tomadas para resolver o impasse?
Luis Antonio – A administração pública, por meio da Secretária da Saúde, aditivou a contratação de um enfermeiro a mais por turno, para fazerem as notificações de dengue, exames e principalmente para poderem dar agilidade na triagem, pois identificamos que muitas vezes o médico está livre, mas os pacientes ainda não haviam sido triados. Fizemos também outro sistema de distribuição das fichas; temos quatro consultórios atendendo igualmente as fichas. Trabalho no mínimo 14 horas por dia, é uma situação muito complicada para os profissionais da saúde.
Como a população pode ajudar?
Luis Antonio – As pessoas podem procurar as Unidades Básicas de Saúde quando tiverem sintomas leves e irem ao Pronto Atendimento apenas em casos graves, urgentes ou por encaminhamento do próprio posto. É vital zelar para não manter águas paradas, reduzindo assim os focos de dengue. Ademais, ao buscar atendimento, levar acompanhantes em casos realmente necessários, evitando aglomerações. Cabe ressaltar que o hospital trabalha logisticamente com o protocolo de Manchester, que classifica os estágios que a pessoa está. Se for um atendimento azul, com sintomas leves, pelo protocolo, temos 240 minutos para atender esse paciente.
***
Testes rápidos a partir de segunda
Na tarde desta quinta-feira (24), o hospital promoveu uma coletiva de imprensa para esclarecer questões relacionadas ao atendimento e a dengue. Participaram o diretor Luis Antonio Alves Linder e o Dr. Thiago Serafin. O médico esclareceu as principais dúvidas em relação ao quadro clínico da dengue, já o diretor trouxe mais informações sobre a logística de atendimentos.
Um informe passado por ambos é que a partir de segunda-feira (28) o Pronto Atendimento terá testes rápidos de dengue disponíveis para a população, o que pode reduzir o tempo de espera. Ademais, o Dr. Thaigo explica que a principal diferença entre os sintomas do coronavírus e da dengue é que a Covid-19 possui sintomas que envolvem o sistema respiratório, como dor de garganta e tosse. A dengue, por ser uma doença viral, não possui tratamento, apenas medicações e indicações que aliviam os sintomas. A ingestão generosa de líquidos e manutenção da alimentação saudável, mesmo com perda de apetite, é uma parte vital para a recuperação.
Por fim, os profissionais reforçam a importância de buscar, em caso de sintomas leves, um médico no posto de saúde vinculado ao bairro de residência e frisam a necessidade da cooperação dos moradores para combater os focos do mosquito Aedes aegypti no município.
(Por Giordanna Benkenstein Vallejos)
Dr. Thiago Serafin e Luis Antonio na coletiva de imprensa